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Lauda legal - Especial de 11 de agosto

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Atualizado em 11 de agosto de 2015 07:41




Autora:
Anna Erelle; trad. Dorothée Bruchard e Eduardo Brandão.
Editora: Paralela




Há pelo menos dois anos o mundo assiste atônito aos combates na fronteira entre a Síria e o Iraque levados a cabo pelo grupo extremista Isis, também conhecido pelo acrônimo árabe Daesh, ou simplesmente EI - Estado Islâmico. Reivindicando a implantação de um Estado religioso na região conhecida historicamente como Levante, a milícia engrossa suas fileiras com jovens vindos de diferentes países da Europa, a quem recebe sob a promessa de uma vida plena para lançá-los ao inferno. Em nome da religião interpretada à sua maneira o grupo de combatentes assedia, sequestra, oprime, tortura e mata aqueles a quem considera infiéis e impõe as suas leis, a charia, a populações inteiras.

No impressionante relato "Na pele de uma jihadista", de autoria de uma jovem jornalista francesa, o leitor tem a oportunidade de entrar em contato muito próximo com um líder graduado da facção, o francês de origem argelina Abu Bilel, e conhecer elementos não só de sua personalidade - dificuldade para lidar com frustrações, autoritarismo, visão impiedosa de todos os seres humanos -, como também de muitos dos voluntários que deixam terra natal, família e amigos para se juntarem aos milicianos.

A trama contém muitos dos ingredientes da contemporaneidade: jovens que se conhecem pelo Facebook, que descobrem "causas" para abraçar por meio de vídeos no Youtube; que mantêm relacionamentos amorosos pelo Skype, que definem a vida pela internet.

A leitura é fácil, prazerosa, principalmente para os amantes das histórias de suspense. Em pouco mais de três semanas, a jornalista viveu vida dupla, desdobrando-se entre a personagem Mélodie, ingênua jovem francesa recém-convertida ao islã, interessada em partir para a Síria e conhecer a fundo as motivações dos jihadistas que aterrorizam o mundo e a jornalista ousada, que arriscou a própria sanidade em nome de uma investigação.

A história é real, trata-se de matéria realizada para um jornal francês, depois de cuja publicação a vida da autora nunca mais foi a mesma. Em duzentas páginas, o relato vertiginoso confere profundidade às lições sobre Direitos Humanos, e compõe um atordoante relato de nosso tempo.

Para aprofundar a leitura :



Organizadores:
Rosa Maria Zaia Borges; Augusto Jobim do Amaral; Gustavo de Lima Pereira
Editora: EdiPUCRS



A ideia da obra é definir terrorismo a partir da metonímia "11 de setembro", desdobrando-a em seus múltiplos aspectos. Nesse percurso, chama a atenção para o perigo de uma teoria acrítica, em que a simples menção à ideia de Direitos Humanos universais seria panaceia para os males da contemporaneidade.

Em dez textos de autorias diferentes, passa pela denúncia do interesse norte-americano em "expor a sua própria vulnerabilidade", visando, dentre outras, à comoção internacional; polemiza o conceito de Direitos Humanos na medida em que é usado para legitimar respostas autoritárias, armamentistas, e que desrespeitam os direitos universais dos presos, como as detenções sem julgamento, a impossibilidade de escolher o próprio advogado, e até mesmo a tortura como método de interrogatório; aponta a ineficácia da disseminação do Direito Penal do Inimigo para o combate ao terrorismo transnacional.

Por fim, desenha a ideia de Direitos Humanos não como produto acabado, mas como algo a ser construído em debates e negociações políticas entre as nações, entre os diferentes.




Autor: Guilherme Assis de Almeida
Editora: Atlas



"É justamente para garantir
que o dado da existência seja reconhecido
e não resulte apenas do imponderável
da amizade, da simpatia ou do amor no estado de natureza, que os direitos são necessários
."

(Celso Lafer)


Com a epígrafe acima a obra é inaugurada em grande estilo, condensando em pouquíssimas palavras não só a importância de uma base universal de Direitos Humanos a serem respeitados a qualquer tempo, em qualquer lugar, e imposta contra todos, mas também a sua imperiosa exigência para a convivência da humanidade.

Abordando a não violência e o direito internacional dos refugiados, seus fundamentos filosóficos e as organizações internacionais que lhe conferem prática, a obra acaba deitando luzes sobre a preocupante atração que os combatentes do grupo extremista EI - Estado Islâmico vêm exercendo sobre jovens de diferentes países da Europa, tirando-os de suas casas para lutarem nas fronteiras conflagradas da Síria e do Iraque.

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Ganhadores :

João Carlos Galarani, de São João de Meriti/RJ - "Na Pele de uma Jihadista" (Paralela - 205p.), de Anna Erelle ;

Flávio Corrêa Tibúrcio, advogado em Goiânia/GO - "Direitos Humanos e Não Violência" (Atlas - 2ª edição - 168p.), de Guilherme Assis de Almeida ; e

Carmem Auxiliadora Cota Assunção, da Unimed Inconfidentes, de Mariana/MG - "Direitos Humanos e Terrorismo" (PUC/RS - 156p.), organizada por Rosa Maria Zaia Borges, Augusto Jobim do Amaral e Gustavo Oliveira de Lima Pereira.