Governo Temer

19/9/2016
José Renato M. de Almeida

"Há três meses o governo Temer faz de tudo para mostrar que veio para recuperar o equilíbrio das contas públicas, o desenvolvimento do país, a credibilidade nas instituições democráticas e a autoestima dos brasileiros. Os resultados obtidos até agora estão bem de acordo com os movimentos feitos, erráticos como os das formigas do açúcar. Mesmo sob uma 'nova' direção, tudo continua na mesma, porque é isso que a organização criminosa instalada nos partidos e no Congresso Nacional querem, e defendem com todas as armas. É dessa forma que realizam seus melhores 'negócios', sem receio de punições. Para a galera cada vez mais confusa, os gangsteres jogo-de-cena com muitos movimentos de idas e vindas, discursos veementes, declarações patrióticas, etc., etc. com o único objetivo de continuar saqueando os recursos da Nação, impunemente. E a 'marca' do novo governo estaria contida na proposta de emenda constitucional (PEC) 241, que pretende acabar com os déficits públicos e com a 'camisa de força' das despesas constitucionais. Sem dúvida, a principal causa do desequilíbrio nas contas dos governos é o aumento dos gastos públicos muito além das receitas. Propostas concretas, apresentadas à equipe econômica de Henrique Meirelles visando o equilíbrio orçamentário, foram dispensadas, pois não é essa a prioridade nem o objetivo dos atuais governantes. E a pantomima toma conta do cenário com a conivência da imprensa domesticada com as verbas bilionárias de propaganda estatal. E antes que sejamos envolvidos em complexas e extensas discussões, capaz de confundir qualquer cidadão bem intencionado, vamos olhar a proposta considerada fundamental pelo governo Temer. A PEC-241 determina que os orçamentos públicos só possam ser acrescidos - no máximo - da correção monetária do período anterior. Em 2016 o Congresso Nacional aprovou orçamento com o maior déficit da história econômica do país. E em 2017, esse valor recorde poderá se repetir, quando corrigido pelo índice da inflação de 2016. Mesmo com as medidas de redução de despesas com pessoal, corte de gastos, reformas das Previdências (Militar, Servidores Públicos e da Social-INSS), ressarcimento aos cofres públicos do roubos investigados pela Lava Jato e similares, redução significativa desses roubos institucionalizados nos governos anteriores, concessões públicas de portos e aeroportos e vendas de ativos públicos, mesmo com tudo isso a favor, o governo Temer está propondo para 2017, orçamento com o segundo maior déficit da história: 'apenas' R$ 139 bilhões. Como exclamou meu amigo distraído: 'Puxa, ainda bem! Legal, mano!' E o pior: esse procedimento e os déficits poderão ser repetidos nos próximos quatro anos, legalmente, caso aprovada a PEC-241. E aqui chamo atenção ao que parece estar invisível: quando as contas ou o a ser realizado estiverem fora dos limites da lei, muda-se a lei. Isso, quando não é cinicamente ignorada, descartada, atropelada por seus autores e até por aqueles que deveriam ser seus mais fiéis, honrados e ferrenhos defensores. De fato, já possuímos bastantes leis de controle orçamentário. O que falta é vergonha, caráter e competência aos canalhas que se revezam nos poderes da República. A legislação para sanar isso já está sendo usada com bons resultados pelas forças-tarefa (MPF, PF e Justiça) da operação Lava Jato e de outras, em andamento. Toda essa movimentação dos criminosos autodenominados de vossas excelências, visa acabar de vez com a Lava Jato (Petrolão), Zelote (CARF), Acrônimo (Mensalão Mineiro), Greenfield (Fundos de Pensão). Isso só não acontecerá, se os brasileiros abrirem os olhos e reagirem com lucidez aos deboches ora em andamento com presença nas ruas e nas mídias."

Envie sua Migalha