Juíza afastada

13/10/2016
Teócrito Abritta

"Leia abaixo uma parte do texto que publiquei na época, no jornal Montbläat, com o título "'Tortura e Torturadoras': O fato mais bárbaro e violento que presenciamos nestes dias, mostrando que a nossa sociedade ainda está em níveis primitivos na questão de direitos humanos, foi a prisão de uma jovem de quinze anos em uma cela masculina, no município paraense de Abaetetuba (Migalhas 3.967 - 13/10/16 - "Juíza afastada" - clique aqui). A jovem foi mandada para o seu martírio por uma mulher, a delegada Flávia Verônica e foi mantida em seu estado de sofrimento pela juíza Clarice Maria de Andrade que teve conhecimento do caso e não tomou nenhuma providência. Isto tudo em um Estado governado por uma mulher, Ana Julia Carepa, do PT, e que tem também como secretário de Segurança Pública outra mulher, Vera Lúcia Tavares. Em nota oficial estas autoridades confessam indiretamente que tinham conhecimento deste caso bem como de outros que afloraram, já que declararam que no início deste governo petista o Pará contava com 132 municípios com delegacias, das quais apenas seis com celas especiais para mulheres e que no atual governo construíram e reformaram somente onze delegacias com celas femininas. Para agravar a desídia destas autoridades, enquanto a menina L.A.B., de quinze anos, com um metro e meio de altura e pesando trinta e cinco quilos, era mantida presa, estuprada, torturada e queimada com pontas de cigarros em uma fétida prisão paraense, a governadora petista do Pará, Ana Julia Carepa, divertia-se em Brasília em uma festa amazonense patrocinada com recursos públicos, balançando o seu traseiro – cultivado com muita mordomia –, dançando o carimbó com o representante da Igreja Universal no governo Lula, o vice-presidente José Alencar – em uma espécie de reedição da dança da pizza da deputada Ângela Guadagnin ao comemorar a impunidade de um colega petista por ocasião do episódio do 'valerioduto' no ano passado. Para completar este quadro de total descaso pelo sofrimento humano a ministra Nilcéia Freire, da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, apenas queixou-se da 'triste coincidência' do caso da menina torturada com a festa promovida pela sua administração, no Canecão, na cidade do Rio de Janeiro, com a realização do show 'Por uma vida sem violência', com a participação de vários cantores famosos, tudo pago com o dinheiro público. Para agravar mais ainda este quadro criminoso, o ministro da Justiça Tarso Genro, do alto de seu pedestal jurídico, declarou: Todos nós nos sentimos violentados e agredidos, mas lamentavelmente este tipo de violação de direitos humanos no Brasil não é incomum, o que em bom português significa dizer, isto não é comigo. Este caso leva-nos a duas reflexões: a primeira é que uma maior participação feminina no poder melhoraria a sociedade brasileira. Este mito foi desfeito, já que o presente caso revela um time de mulheres totalmente complacentes e insensíveis com a tortura. Outro ponto importante é que a impunidade de Lula, com essa história de afirmar que nunca sabe de nada, é uma chaga que deve ser combatida em nossa sociedade, já que um presidente da República não pode desconhecer crimes em sua administração, assim como a governadora, a secretária de Segurança, a juíza e a delegada do Estado do Pará e os ministros que não conseguem resolver problemas com responsabilidade, devem ser punidos e afastados. Portanto, devemos exigir uma punição severa para estas autoridades que parecem zombar dos preceitos mínimos de civilização. Afinal as nossas leis são apenas decorativas ou para valer? Rio de Janeiro, 27 de novembro de 2007."

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