Código Comercial

23/11/2016
Erasmo Valladão Azevedo e Novaes França

"Há cerca de umas duas ou três semanas, transmitiram-me uma notícia publicada em outro veículo informativo que me deixou absolutamente perplexo. Esse estado de assombramento, de espanto, se explica. Na aludida notícia, um autor que desconheço, mas que apresenta vários títulos acadêmicos, comparava o projetista do código comercial (com minúsculas mesmo) a 'Tércio Sampaio Ferraz Jr.', 'Pontes de Miranda', 'Clóvis Beviláqua, Santiago Dantas' e 'Miguel Reale'! Devido a momentâneos problemas de saúde por que passei, achei que estava tendo uma perturbação mental, o que a literatura médica  chama delirium. Cheguei a pensar que a referência ao grande Pontes era, na verdade, uma alusão à 'ponte de miranda' – que os advogados mais velhos hão de se lembrar – e que ligava os fundos do Tribunal de Justiça ao Fórum João Mendes Jr., ou vice-versa. Mas não, a informação era verdadeira, tinha sido mesmo veiculada, eu não estava louco, nem delirante. Recordei-me imediatamente então, de um caso que o dr. Ulysses Guimarães me contou a respeito de meu avô paterno – grande advogado e sobretudo advogado de júri – com quem o dr. Ulysses teve seus princípios de carreira na região de Lins. Tratava-se de uma causa que envolvia um crime hediondo e na qual o réu foi unanimemente absolvido graças à habilidade e à retórica do dr. Edgard de Novaes França. Terminado o julgamento, o réu virou-se para ele e disse: 'Puxa vida, dr. Edgard, nem eu mesmo sabia que eu era tão bom assim como o senhor falou'. A dúvida que remanesce agora, caro senhor redator, é a seguinte: não se tratando de defender a liberdade de ninguém, em que todos os excessos, a princípio, se justificam, a que vem essa badalação toda? Será a necessidade de alguma indicação para um cargo ou algo semelhante? Aguardemos."

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