Artigo - A incruenta batalha entre advogados e juízes na Itália

23/11/2016
Wanderley Vicentini Junior

"A quem interessa a destruição do Judiciário (Migalhas 3.991 - 21/11/16 - "Justiça" - clique aqui)? Estou cansado de críticas vazias e despropositadas ao Judiciário e seus servidores. Eu, sinceramente, gostaria que alguém me apontasse, ainda que exemplificativamente, as 'regalias' dos servidores do Judiciário. É frustrante, para dizer o mínimo, ser servidor neste país. Dedicamos anos de estudos e privações para um preparo sobre-humano buscando uma aprovação num certame extremamente difícil. Após, aguardamos ansiosamente a nomeação para um cargo público para trabalhar numa estrutura falha que tem por consequência uma desumana carga laboral, em desproporções inimagináveis, sem o mínimo de reconhecimento, inclusive do público a quem servimos. E, como se não bastasse, ainda temos que enfrentar questionamentos desproporcionais e injustos às únicas coisas que ainda compensam no serviço público Judiciário (a remuneração razoável e a relativa estabilidade). O problema do Judiciário é muito mais de gestão do que de 'regalias'. Questionamentos sutis, ou outros mais invasivos e menos discretos e polidos, objetivam, na realidade, a destruição da instituição, através de ataques ao seu flanco mais fraco. Críticas sem soluções propositivas só causam a ruína. A solução passa por uma reestruturação, onde a eficiência, o mérito, a bagagem intelectual e a competência devem prevalecer, ou seja, como já mencionado, o problema é de gestão e não de 'regalias'. Com efeito, ainda que com certo desalento, tenho confiança no fortalecimento da instituição, e tenho convicção de que o servidor público do Judiciário, pelo menos aquele que tem noção da grandeza e do papel fundamental da instituição a qual pertence, está disposto a fazer parte da solução e não do problema. Por fim, cabe ressaltar que as críticas são sempre bem-vindas, até para que se combata as injustiças e se corrija os erros, mas nunca aceitarei questionamentos relativos ao valor do trabalho, posto que a cobrança necessária e salutar deve ser focada na eficiência e no resultado respectivo, para que seja buscada a excelência do serviço e não o sucateamento e a desvalorização da mão de obra, sempre preservando e valorizando a instituição."

Envie sua Migalha