Donald Trump

17/1/2017
José Renato M. de Almeida

O bilionário Donald Trump, apresentador do programa Aprendiz, onde dizia com veemência aos participantes perdedores, "Está despedido!", lançou-se nessa política com muito afinco, contando com o apoio, ainda não esclarecido, do governo russo e dos conterrâneos atraídos pelo patriótico chamado de um Estados Unidos forte. Já vimos isso antes, lembram? A sua performance nas prévias e na vitória eleitoral revelou uma personalidade que jornalistas e comunicadores de todo o mundo ainda tentam descrever. Os vocábulos que mais aparecem nas notícias sobre Trump, são: exibicionista, grosseiro, leviano, misógino, desprezível, escandaloso, truculento, bizarro, fanfarrão, racista, desrespeitoso, xenófobo, estúpido, imbecil, boquirroto... Porém, há uma palavra que o resume melhor: boçal. Trump, tem as características de um boçal. Parece-se muito com dois governantes da Itália, Benito Mussolini e Silvio Berlusconi, que não acumularam boas referências em suas governanças. Benito foi um dos criadores e propagadores do nazifascismo, e o bilionário Silvio leva a taça de maior corrupto da Itália, de todos os tempos. As atitudes de Trump revelam que gosta de estar em evidência, ser considerado um bom negociador, destemido e sem limites para alcançar seus objetivos. Movimenta-se no sistema institucional norte-americano como um búfalo em loja de cristais. Desafiou o Partido Republicano, pelo qual foi eleito, venceu as resistências internas e os ícones conservadores do partido. E tem obtido bons resultados com essa estratégia. Suas promessas de campanha, suas declarações após a vitória e as escolhas dos secretários de governo, causam polêmica e muita apreensão antes mesmo dele assumir a presidência. As declarações sobre os acordos climáticos e emissão de gases poluentes, em andamento, batem de frente com os países que os negociaram e assinaram. Seus comentários sobre China, Rússia, México, Mercado Comum Europeu, Irã e Israel - só para ficar com os mais citados - parecem blefes de jogador de pôquer, com a intensão de se impor ante os governantes do mundo. Vai logo perceber que não está mais tratando com aprendizes e que após desligar as câmaras, os microfones e as luzes, o programa não acaba. A realidade continuará com as consequências de suas atitudes: quer elas sejam boas ou sejam más. Esse é um jogo perigoso que pode resultar numa escalada de declarações hostis, pressões, ameaças e revides, que irão gerar intranquilidade e conflitos reais no mundo. Tenho a impressão que vamos lembrar com saudades dos governos de Barack Obama, de sua esposa, Michelle, suas meninas, e da tranquilidade, firmeza, credibilidade, generosidade e postura ética, que seu governo cultivou e revelou a todos nós. E que o sistema de governo dos Estados Unidos seja suficientemente ágil e forte para levar a presidência de Trump a bom termo. E que Deus nos proteja!

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