Reforma da Previdência

23/1/2017
José Renato Almeida

A Reforma da Previdência tem como objetivo equilibrar o plano previdenciário de modo a torná-lo autossustentável, eliminando os déficits que vêm sendo cobertos com recurso públicos. Até agora, o governo submete ao Congresso Nacional plano com medidas de ajustes atuariais apenas para a Previdência Social do Setor Privado (INSS). Deixa de lado as Reformas das Previdência dos Servidores Públicos (RPPS), Regimes Muito Especiais e a dos Militares. O números mostram que os maiores déficits ocorreram exatamente nessas duas últimas Previdências citadas: a dos Servidores Públicos e a dos Militares. A Previdência Social do Setor Privado (INSS) só apresenta déficit quando são incluídos os beneficiários das áreas rurais. Inclusão feita em governos anteriores, sem que houvesse aporte de recursos para cobrir o tempo de contribuições não recolhidas por esses beneficiados. Desse modo, na previdência rural as contribuições mensais somam cerca de R$ 600 milhões, enquanto os benefícios somam em média R$ 8,4 bilhões, gerando um déficit anual em torno de R$ 40 bilhões. Sem incluir os valores dos benefícios pagos aos aposentados rurais, a Previdência Social (INSS) teve um superavit de R$ 8 bilhões nos primeiros cinco meses de 2015. Em igual período, no ano de 2016 apresentou um déficit de quase R$ 11 bilhões, devido ao cenário de recessão, com redução das contribuições devido ao desemprego, aumento de solicitações do seguro desemprego e à redução da atividade econômica em praticamente todos os setores. Os trabalhadores rurais deveriam estar em uma conta separada dos trabalhadores urbanos (INSS). Seriam pagos com dinheiro público até que o governo aporte recursos que cubra os valores das contribuições não recolhidas pelos mesmos, obtendo-se assim o equilíbrio atuarial necessário para evitar déficits, pelo menos por mais algum tempo. Não é esse o objetivo da Reforma na Previdência? Ou não? O que não tem justificativa é a Reforma focar apenas na Previdência Social do Setor Privado (INSS), onde cada um dos 33,3 milhões de beneficiários recebeu em média dos cofres públicos apenas R$ 2.576,00 no ano de 2015, totalizando o déficit de R$ 85,8 bilhões nas contas do governo. Enquanto isso, cada um dos 980 mil aposentados e pensionistas da Previdência dos Servidores Públicos (RPPS) recebeu em média dos cofres públicos, nesse mesmo ano, R$ 73.979,00: vinte e oito vezes o que recebeu o beneficiário do INSS! Resultado: déficit de R$ 72,5 bilhões coberto pelo erário. Quanto a Previdência dos Militares o governo já declarou que vai deixar fora dessa reforma! Já as Previdências dos Regimes Muito Especiais, como a do Judiciário e a do Legislativo - onde deputados e senadores, se "aposentam" com apenas oito anos de mandato - nada é falado e poucos ainda ousam perguntar, sem obterem resposta. Isso tudo é o resultado de anos de corrupção, incompetência e populismo por parte dos gerentes públicos. Não é mais aceitável que isso continue a ocorrer daqui para frente. Pois para realizar uma Reforma da Previdência legítima, justa e efetiva, que consiga eliminar os déficits públicos, o governo precisa fazer-la em todas as Previdências e não só na Previdência dos mais frágeis, que menos recebem e que, individualmente, menos oneram os cofres públicos. (Fonte: Instituto de Estudos Previdenciários - Ieprev).

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