Caixa 2

19/4/2017
José Renato M. de Almeida

"Uma proposta 'esperta' vem sendo colada na mídia por inúmeros políticos citados nas delações da Odebrecht e seus amigos, visando obter a impunidade contumaz. É a ideia de que existe caixa 2 do bem e caixa 2 do mau! Há caixa 2 para uso na campanha política e caixa 2 usada para o enriquecimento dos solicitantes e sua turma. Enfim, o objetivo principal dessa campanha é livrar a grande maioria dos políticos e governantes da punição por uso de recursos não declarados aos Tribunais Eleitorais, por falsidade ideológica, crime eleitoral, sonegação fiscal, etc. A campanha pela impunidade é feita com cândidas declarações e comentários dos citados nas delações, por defensores bem situados nos Três Poderes da República e por 'avulsos' nas redes sociais e na grande imprensa. Vi da população que os milhões de reais em 'ajuda' a políticos, governantes e partidos têm gradações de responsabilidade e variações nas penas a serem definidas. O procurador Sérgio Bruno Cabral Fernandes (MPF-DF), alocado à força-tarefa da Lava Jato, já esclareceu de forma cabal a Emílio Odebrecht e a todos, que o caixa 2 é desculpa para obter recursos milionários: seja para custear os gastos nos períodos de campanha eleitoral, seja nos períodos em que não há eleições. Essa última vem com a desculpa de pagar 'dívidas' de campanha. Desse modo, a propina paga com caixa 2 permanece atuando durante todo tempo e também serve de desculpa aos 'doadores' para obtenção de vantagens ilícitas. Como exercício, faço a seguir uma proposta de gradação em cinco tons escuros do caixa dois:  1. Recebeu através do partido e não sabia quem tinha dado – culpado por cumplicidade implícita; 2. Recebeu mas não sabia da origem ilícita – culpado por sonegação fiscal, falsidade ideológica, abuso econômico, atentado à democracia e às normas legais; 3. Recebeu e sabia da origem ilícita – idem, idem acima e corrupção passiva; 4. Recebeu porque pediu 'ajuda' – idem, idem acima e  corrupção ativa; 5. Recebeu porque pediu 'ajuda' em troca de 'apoio' nas votações no Congresso, nas medidas de governo ou em outra contrapartida qualquer – todas as anteriores e mais o crime de lesa-pátria. Conclusão: será que há político inocente quanto ao uso de caixa 2?"

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