Lava Jato

15/5/2017
José Renato Almeida

"Frente ao juiz Sérgio Moro, mesmo sem ter fechado qualquer acordo de delação, Lula fez sua delação mais extensa desde o mensalão, quando condenou vários petistas por terem traído sua confiança. Delatou Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS, por insistir em vender à sua esposa, Dona Marisa, um tríplex com 500 defeitos, reformas, elevador e cozinha igual à do sítio de Atibaia. Ou seria o contrário? Delatou seu fiel tesoureiro João Vaccari Neto e seu indicado na Petrobras, nem tão fiel assim, Renato Duque, de o terem enganado de que não tinham desviado para contas no exterior, propinas das empreiteiras contratadas pela empresa. Mesmo armando uma operação de guerra para estar frente à frente e poder falar olho no olho, Lula aceitou a palavra de Duque de que ele não tinha contas com propinas no exterior. Ponto. E fim da conversa. Delatou Duque por ter traído sua confiança. Delatou a si mesmo, ao expor seu especial interesse em obter essa informação de Duque, mesmo quando ambos já estavam fora do cenário principal. Argumentou que precisava defender a indicação do PT, no qual diz não ter mais influência, e para atender a um pedido de Dilma sobre suspeitas publicadas na imprensa de que diretores da Petrobras estavam recebendo propinas das empreiteiras em contas na Suíça. Delatou sua esposa, Dona Marisa, de ter mantido contatos com Léo Pinheiro para fazer algumas reformas no tríplex, talvez para fazer investimento, visto que ela não gostava de praia. E, segundo Lula, ela fez tudo isso sem o ter comunicado dessa intenção. Lula parece acreditar que pode jogar as investigações do tríplex no colo da morta que, como ele disse a Moro, não está aqui para se defender. Com a delação de Mônica Moura e João Santana, sai da gaveta o intempestivo power-point de Danton Dallagnol, onde o chefe Lula centraliza o comando do maior esquema de corrupção já implantado em um governo democrata. Os marqueteiros queixavam-se à Dilma pela falta de pagamento e ela lhes pedia paciência. Foi até Lula e teve seu pagamento feito através do amigo Eike Batista. Mônica Moura declarou: 'minha segurança era Lula'. E ainda vem a delação de Antônio Palocci!"

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