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Nova ordem

quarta-feira, 22 de julho de 2015

Atualizado às 12:39

O juiz Federal Sérgio Moro, subvertendo a lógica processual, determinou aos advogados de Marcelo Odebrecht que esclareçam, em dois dias, o conteúdo de mensagens interceptadas pela PF no aparelho celular do executivo. Como bem sabe o leitor, o relatório da autoridade policial deveria ter seguido para o parquet, o qual decide ou não pelo oferecimento da denúncia. Diz S. Exa. que quer ouvir os causídicos antes de extrair as "consequências jurídicas" da interpretação dos escritos. No nosso tempo isso acontecia na defesa prévia.

Velha Ordem

No despacho de Moro, como poderá ver na íntegra o migalheiro, há trechos capciosos. O magistrado já se antecipa a eventual questionamento dizendo que "nada indica que essas anotações eram dirigidas aos defensores de Marcelo Odebrecht, não havendo, em princípio, que se falar em violação de sigilo legal". E, ainda valorando, afirma que "não é crível ademais que ele orientasse seus advogados ou recebesse orientação de seus advogados nesse sentido". É neste último ponto que o leitor deve se ater. Parece-nos que há mais coisas entre acusação e defesa do que sonha nossa vã criptografia.

Justiça x justiçamento

Alguns dos fãs (e quantos são, ultimamente) do juiz Sérgio Moro, não afeitos aos termos migalheiros, irão dizer que estamos a atacar o trabalho sério do magistrado. Não é isso, amigo leitor. Estamos, ao contrário, querendo ajudar no deslinde desse escabroso caso. Mas ao mirar as baterias para o trabalho dos advogados, anda mal o magistrado. É preciso olhar para os investigados e para os que já são réus. Deixando que os advogados trabalhem. Só assim poder-se-á dizer que a Justiça, maiúscula mesmo, foi efetivamente feita.

Sem querer, querendo

Ainda acerca do relatório assinado por agente da PF e datado do último sábado, com mensagens do celular de Marcelo Odebrecht, aparentemente a PF tomou um cuidado de pôr uma tarja preta sobre os nomes dos citados que têm foro privilegiado. No entanto, houve um descuido mirim. Usou-se uma ferramenta que por meio de um "copia e cola" revela-se o que se tentou ocultar. O ministro José Eduardo Cardozo e o senador José Serra estão entre os mencionados.

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As referidas mensagens de Marcelo Odebrecht, corroboradas com outras investigações, são suficientes para acabar com a carreira de alguns dos principais políticos do país nos últimos vinte anos. Imprensa e Judiciário também podem estar incluídos nas siglas. Quem viver, verá.

Judiciário na berlinda

A propósito, Elio Gaspari coloca hoje o dedo na ferida da operação Lava Jato. Relembrando o infausto fim da operação Castelo de Areia, Gaspari observa que, se há uma crise institucional, ela está nas pressões que vêm sendo feitas sobre o Judiciário.