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Ausências sentidas no julgamento de Eduardo Cunha

quinta-feira, 3 de março de 2016

Atualizado às 09:09

Cunhada a denúncia

Com maioria já formada, o STF recebeu ontem parcialmente denúncia contra Eduardo Cunha, acusado de receber valores provenientes de desvio de recursos da Petrobras. O ministro Teori, relator do processo, e extremamente criterioso, foi acompanhado pelos ministros Marco Aurélio, Cármen Lúcia, Fachin, Barroso e Rosa Weber. A sessão foi interrompida e o julgamento será retomado hoje.

"A que ponto chegamos !"

Durante seu voto, o ministro Teori afirmou que não pode pedir à Câmara dados dos computadores do gabinete porque Cunha é o presidente da Casa. Os dados tiveram que ser pedidos ao diretor de informática. O ministro Marco Aurélio, então, lamentou : "A que ponto chegamos !".

Vermelho na caderneta

O julgamento de ontem era de uma importância institucional homérica. Afinal de contas, não é todo dia que se decide processar criminalmente o presidente da Câmara dos Deputados, terceiro homem na linha sucessória da nau pátria. Por isso mesmo, queremos crer que o feito foi à pauta com todos os trâmites cumpridos. Os ministros, sabendo de tudo o quanto dito, e cônscios da relevância do feito, certamente estavam aptos a julgar. Por isso mesmo, chama atenção o fato do ministro Fux estar em viagem (encontraremos S. Exa. em qual boulevard parisiense ?), e inexplicavelmente os ministros Gilmar e Toffoli não terem dado as caras no plenário. Aliás, foram os próprios colegas que estranharam o inusitado desarranjo que os impediu de ali estar. Nos bastidores, diziam até que era Zika. Por via das dúvidas, e não querendo privar os colegas de participar da histórica assentada, o ministro Lewandowski decidiu não encerrar ontem o julgamento. Hoje, se estiverem se sentindo melhor e puderem emprestar suas luzes, deixarão suas digitais supremas, seja no empurro ao cadafalso, seja no abraço da hidrocução.

Destampatório

A colunista Mônica Bergamo informa na Folha de S.Paulo que Eduardo Cunha, pouco antes de ter seu destino selado pelo Supremo, mandou avisar por aí que vai incluir o projeto de registro civil único na pauta da Casa na próxima semana. É coisa, dizem, de R$ 2 bi. A jornalista lembra que a proposta é defendida com entusiasmo pelo ministro Toffoli. Aliás, para ver o projeto andar o ministro chegou até a superar o travo da amargura e ir falar com Dilma com o fito de obter o apoio do Executivo. E quando foi à Câmara para advogar a criação do registro único, demonstrou que a paixão pela iniciativa é, de fato, férvida, pois S. Exa, sempre lhano e cordato, exasperou-se quando um servidor público questionou algo. As imagens falam por si sós.