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Corrida

Advogado redige crônica relacionando Fórmula 1, Lava Jato e Direito Penal

"Tem gente que sonha andar de foguete, viajar pra lua, comer, beber e gente que sonha com o dia em que o Sérgio Moro vai ser um garantista. Eu sonhava em ser piloto de F1."

Da Redação

terça-feira, 8 de setembro de 2015

Atualizado às 11:05

Neste domingo, 4, aconteceu o GP da Itália, no circuito de Monza, palco da 12ª das 19 etapas da temporada 2015 da Fórmula 1.

Tendo como mote a disputa, o advogado Ticiano Figueiredo elaborou uma crônica relacionando a competição, a operação Lava Jato e o Direito Penal.

Veja na íntegra.

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Domingo passado realizei um sonho que tinha desde criança. Tem gente que sonha andar de foguete, viajar pra lua, comer, beber e gente que sonha com o dia em que o Sérgio Moro vai ser um garantista. Eu sonhava em ser piloto de F1. Infelizmente quando a McLaren me descobriu eu já estava no curso de direito e apaixonado pela advocacia criminal. Só me restou a alternativa de um dia pilotar um carro de F1 nesses eventos promocionais - que espero estar realizando em breve.

Mas, como torcedor fanático desse esporte, me apaixonei pela Ferrari - apesar de ter que ter convivido com o fato do Schumacher ter corrido por lá, uma espécie de Joaquim Barbosa da F1 - isso foi quando descobri que o sonho do Senna - espécie de Kakay do esporte - era ter encerrado sua carreira na equipe. E como um tifosi, não poderia sonhar com outra coisa que não invadir a pista ao final de uma corrida em Monza, com aquela multidão de torcedores abrindo a bandeira e eufóricos pelo resultado do time.

Ano passado, quando vim ao GP pela primeira vez, a torcida não tinha muita esperança. A equipe enfrentava um período desiludido, uma espécie de Lava Jato. Não tinha, portanto, como sentir a emoção. Esse ano foi diferente. Apesar do domínio avassalador da Mercedes, que dá ao campeonato a sensação de causa perdida, Vettel está na Ferrari.

O alemão, que é um baita cara carismático e simpático - além de ser considerado um fenômeno, uma espécie de jovem advogado que já atua em causas grandes e se destaca pela competência - ao contrário de seu antecessor, pilotou como um monstro e levou a Ferrari ao pódio no segundo lugar, ou, melhor dizendo, vencedor do resto. O autódromo foi à loucura, parecia que tinha ganhado o campeonato.

Fui o primeiro a entrar na pista, quando liberaram os portões. Pulava, vibrava e quicava, como se tivesse ganhado um HC e trancado a Acronimo! Fiquei no muro, ao lado dos mecânicos da Ferrari, embaixo do pódio. A emoção foi ainda maior, porque preparei uma surpresa para Laísa, minha esposa, e entreguei seu presente de dois anos de casados, ajoelhado no meio da pista, renovando nossos votos e tudo isso filmado por um inglês que não estava entendendo nada do que acontecia, apenas segurava a câmera. Parecia um Ministério Público no processo penal, que não sabe o porquê, só sabe que tem que acusar.

Quando os pilotos entraram, a champanhe estourou na torcida e todos gritaram o nome de Vettel e da Ferrari a plenos pulmões, permiti-me sonhar em voltar ano que vem e ver um piloto da Ferrari ganhar a prova, para o sonho ser completo.

Muitos podem me perguntar: "você não sonha em ver um piloto brasileiro ser campeão novamente?" Sim!!! Mas esse é um sonho distante... E se for pra sonhar distante, prefiro sonhar que um dia as pessoas entenderão que o que se está fazendo com o ordenamento jurídico, em Curitiba, é muito mais grave do que qualquer crime que se pensa estar julgando lá. É um assassinato do Estado Democrático de Direito, onde um juiz pensa e faz o que quer, do jeito que quiser.

E como sonhar não custa nada, quando esse dia chegar, os Tribunais Superiores concederão a ordem - não de ofício, mas conhecendo o Habeas Corpus - e reconhecerão todas as nulidades praticadas por aquele magistrado, no famigerado processo. Ai sim o sonho está completo!!! É um sonho distante, mas não impossível. Impossível seria sonhar ser eu o piloto a vencer a corrida da Itália, ano que vem, pilotando a Ferrari em Monza...