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Luiz Gama, o abolicionista baiano, morreu antes de a abolição ser concretizada

Luiz Gonzaga Pinto da Gama, poeta, advogado, jornalista, abolicionista baiano, nasceu no dia 21 de julho de 1830, em Salvador/BA. Faleceu no dia 24 de agosto de 1882, em São Paulo/SP.

Da Redação

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Atualizado em 21 de agosto de 2009 07:05


Filho de Luiza

Luiz Gama, o abolicionista baiano, morreu antes de a abolição ser concretizada

Luiz Gonzaga Pinto da Gama, poeta, advogado, jornalista, abolicionista baiano, nasceu no dia 21 de julho de 1830, em Salvador/BA. Faleceu no dia 24 de agosto de 1882, em São Paulo/SP.

Filho da africana livre Luiza Mahin, uma das principais figuras da Revolta dos Malês, também conhecida como Revolta dos escravos de Alá, com um fidalgo branco de origem portuguesa, de uma rica família baiana. Entretanto, seu real nome ninguém nunca soube. Luiza Mahin também participou da Sabinada, em 1837, quando então foi para o Rio de Janeiro, onde desapareceu.

O pai herdara uma grande fortuna mas, amante da caça, da boa vida e dos jogos de azar, acabou reduzido à pobreza. Depois que sua mãe foi exilada por motivos políticos, Luiz, com apenas 10 anos, foi vendido como escravo pelo pai. Mesmo tendo nascido livre, tornara-se escravo e foi embarcado num navio com diversos outros escravos contrabandeados para o RJ e SP.

Foi comprado pelo alferes Antonio Pereira Cardoso, proprietário de uma fazenda no município de Lorena/SP. Em 1847, o alferes recebeu a visita do estudante Antonio Rodrigues do Prado Júnior que, afeiçoando-se a Luís, ensinou-o a ler e a escrever.

Sabendo que a sua situação era ilegal, por ser filho de mãe livre, em 1848 Luiz Gama fugiu. Depois seis anos de uma carreira no exército, deu baixa no serviço militar em 1854. Dois anos depois voltou à Força Pública.

Em 1859 surge o livro "Primeiras Trovas Burlescas do Getulino", que é uma coletânea de poesias satíricas que ridicularizavam a aristocracia e os homens de poder da época. A primeira edição acabou em três anos.

Gama inaugurou a imprensa humorística paulistana ao fundar, em 1864, o jornal "Diabo Coxo". Poeta satírico, ocultou-se, por vezes, sob o pseudônimo de Afro, Getulino e Barrabás. Sua principal obra foi "Primeiras trovas burlescas de Getulino", de 1859, onde se encontra a sátira "Quem sou eu?", também conhecida como Bodarrada.

Inquieto e autodidata, Luiz Gama frequentou curso de Direito como ouvinte, mas não chegou a completá-lo. E assim iniciou suas atividades contra a escravidão, conseguindo libertar mais de 500 escravos. A propósito, é dele a frase : "Perante o Direito, é justificável o crime do escravo perpetrado na pessoa do Senhor".

Conhecido como o "amigo de todos", tinha em casa uma caixa com moedas que dava aos negros em dificuldades que vinham procurá-lo. Influenciou grandes figuras como Raul Pompéia, Alberto Torres e Américo de Campos, mas morreu em 24 de agosto de 1882 sem ver concretizada a Abolição. O que aconteceu 6 anos mais tarde, no dia 13 de maio de 1888, proclamada pela lei Áurea, assinada pela princesa Isabel.

Suas palavras

Sua mãe Luisa, pelas suas palavras : "Sou filho natural de negra africana, livre, da nação nagô, de nome Luísa Mahin, pagã, que sempre recusou o batismo e a doutrina cristã. Minha mãe era baixa, magra, bonita, a cor de um preto retinto sem lustro, os dentes eram alvíssimos, como a neve. Altiva, generosa, sofrida e vingativa. Era quitandeira e laboriosa".

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