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Gestão de Escritórios

Adriana Lazaroni

Autora trata da profissionalização e do aprimoramento constantes das bancas.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Atualizado em 1 de fevereiro de 2013 14:57

Há um preconceito contra a palavra "gestão". Como se fosse um grave pecado falar em gestão, uma linguagem pouco inserida nos meandros do Judiciário e dos atores que nele labutam, para identificar desafios dos operadores jurídicos. Ocorre que, e isso procede, a expressão equivale a algo mais do que administrar. Traduz uma série de conceitos subjacentes que denotam todo um olhar corporativo, aparentemente empresarial, mas que, em realidade, é apenas o olhar da eficiência e dos resultados. Inovação, tecnologias, estratégias, tudo isso envolve gestão. E não se trata de abandonar a dimensão pessoal das atividades de juízes, membros do Ministério Público ou da advocacia, mas de enfrentar os dias atuais, que trazem massificação de informações e de processos, escasso tempo para comunicações , necessidade de foco, de qualidade e de transparência. Por isso mesmo, gerir significa compreender conteúdos da atividade, mas também suas formas, sua inserção no mercado e na sociedade, as interações relevantes, os limites jurídicos e éticos da comunicação.

Os novos parâmetros de gestão, em todos os níveis, desde o público até o privado, alcançam, induvidosamente, os escritórios de advocacia. Fundamental, nesses novos tempos, que os escritórios, mesmo as chamadas "butiques jurídicas", aqueles de menor porte e com foco no trabalho artesanal, adotem cautelas no sentido da sua profissionalização em face da complexidade dos desafios que se impõem. A busca da qualidade nas atividades, redução de custos sem prejuízo à eficiência, inovações, e atendimento às expectativas criadas, tudo está a compor um quadro que exige mais profissionalismo e capacidade dos escritórios.

A comunicação com os clientes, a partir de estruturas absolutamente transparentes e velozes, é um tópico essencial para que os destinatários imediatos da atuação advocatícia possam acompanhar a tutela de seus interesses. Transparência nas comunicações com os clientes é decorrência da lealdade que permeia essas relações quase "sagradas" que se travam nos escritórios. Pode-se dizer que a missão do advogado é um sacerdócio, ele é depositário dos segredos dos clientes e possui deveres altamente relevantes no sentido de salvaguardar os interesses que lhe sao confiados. É óbvio que, em tal contexto, deve prestar contas de seus atos.

Controles internos, com meritocracia implantada no escritório, é outra decorrência lógica do mercado e da natureza das atividades desempenhadas. Medição do tempo gasto por cada colaborador nos processos, para avaliar suas qualidades e lacunas, é missão imperiosa dos novos gestores.

Comunicação com a sociedade e os demais escritórios, além dos potenciais clientes, é tarefa que pode ser exercida dentro dos limites éticos da advocacia. A advocacia não é uma atividade mercantil, mas obviamente se insere num espaço de competição e parcerias. Assemelha-se, e muito, à medicina, mas os destinatários ostentam direitos de informação, que devem ser respeitados e até incentivados. Observar os limites dessas comunicações, mas não descurar dessa vertente que envolve outra faceta da transparencia das atividades, é uma medida importante. Daí também a pertinência de um uso adequado das redes sociais, para manter o escritório conectado com a sociedade e ligado no feedback das pessoas.

Há novas consultorias especializadas em gestão legal de escritórios de advocacia e seguramente possuem um espaço nobre nesses novos cenários. Há numerosos tópicos que podem ser abordados, estudados e debatidos. De qualquer sorte, resulta absolutamente relevante sublinhar que somente a profissionalização, a capacitação e o aprimoramento constantes dos escritórios, com autocrítica adequada, fortalecerá os vínculos da advocacia com a sociedade. Nesse sentido, os parâmetros de racionalização, de estruturação de estratégias e de otimização dos custos com incremento da qualidade, são desafios que transformam positivamente a sociedade, revigorando a participação dos escritórios de advocacia na distribuição de JUSTIÇA.

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* Adriana Lazaroni é sócia do escritório Medina Osório Advogados.

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