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Novos corredores de ônibus de SP contrariam a mobilidade urbana

Guilherme Amaral Moreira Moraes

"Está em plena vigência uma política nacional de mobilidade urbana, que por meio da lei 12.587/12 institui diretrizes para a melhoria da acessibilidade e mobilidade das pessoas. Mas a administração municipal da principal cidade do país preferiu fazer as coisas de afogadilho."

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Atualizado em 14 de agosto de 2013 12:02

Parece que a prefeitura de SP foi contagiada pelo espírito olímpico que começa a tomar conta do povo brasileiro quase três anos antes dos Jogos Olímpicos do RJ, em 2016. No último dia 5/8, a municipalidade paulistana criou uma nova modalidade olímpica: os 10 mil metros com barreiras em plena avenida 23 de Maio. Nesta nova "prova", os atletas, munidos de muita paciência, buscam uma marca menor que duas horas para o simples deslocamento em linha reta entre a região central de SP e o aeroporto de Congonhas, tendo como barreiras uma cratera na avenida Indianópolis; a interdição da avenida Vereador José Diniz, em razão das obras do metrô; a diminuição das pistas pela obra do monotrilho; além da interdição parcial da avenida Roberto Marinho, o que travou a cidade de SP.

Na mesma data, outros tantos corredores foram criados na cidade, todos de forma precária e improvisada, fato que gerou grande dissabor aos motoristas e passageiros da cidade de SP. Mais grave, a prefeitura projetou a construção de corredores decentes, mas gastou apenas "meia dúzia" de latas de tinta para a pintura de um verdadeiro caça-níqueis: o motorista que "beliscar" a faixa, leva multa!

Contudo, o objeto principal da nossa crítica não é apenas a construção atabalhoada de corredores de ônibus "para inglês ver". O que salta aos olhos é a falta de planejamento da administração pública para tratar de um tema fundamental para as metrópoles, como a mobilidade urbana, considerando-se que poucos assuntos foram mais debatidos nos últimos meses, inclusive em razão das manifestações contra o aumento das tarifas do transporte coletivo.

Ora, está em plena vigência uma política nacional de mobilidade urbana, que por meio da lei 12.587/12 institui diretrizes para a melhoria da acessibilidade e mobilidade das pessoas. Mas a administração municipal da principal cidade do país preferiu fazer as coisas de afogadilho, agravando ainda mais o caótico trânsito paulistano para fazer marquetagem com a questão da mobilidade.

Não basta a pintura de um simples corredor desestruturado. A administração deveria investir para aumentar as linhas, modernizar a frota, rever planilhas de custo. Afinal, a sofrida população paulistana paga milhões em impostos e, embora exista uma política nacional de mobilidade urbana, ela não saiu do papel. Pelo menos em SP. E, embora eu planeje me "aposentar" da cidade de SP, sinto que é preciso dar um alerta para as futuras gerações, que hoje saem às ruas para exigir um país melhor. Já é tempo de parar de gastar tempo e dinheiro para continuar "andando parado" na maior metrópole da América Latina. Nosso esporte hoje é outro!

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* Guilherme Amaral Moreira Moraes é advogado do escritório Peixoto E Cury Advogados.



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