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Evento de inauguração do retrato do advogado José Diogo Bastos Neto na Galeria de ex-Presidentes da AASP

Da Redação

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Atualizado às 10:08


Homenagem

Na segunda-feira, 12/11, a AASP - Associação dos Advogados de São Paulo inaugurou o retrato do advogado José Diogo Bastos Neto na Galeria de ex-Presidentes da Entidade. Estavam presentes no evento diretores, conselheiros, ex-presidentes da AASP e inúmeros outros amigos.

O ex-Presidente Aloísio Lacerda Medeiros foi o responsável pela homenagem ao dr. José Diogo. Confira logo abaixo os discursos proferidos por eles durante a cerimônia.

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Discurso - Aloísio Lacerda Medeiros

Presidente Sergio Pinheiro Marçal,
Senhoras Conselheiras, Senhores Conselheiros,
Minhas Senhoras, Meus Senhores,
Meu querido amigo e sempre Presidente José Diogo Bastos Neto:

Todos os senhores sabem que esta Casa, ao longo de 64 anos de profícuas e históricas lutas em favor dos advogados, forjou como suas marcas indeléveis a discrição e a impessoalidade.

Não há e nunca houve entre nós o culto da personalidade, a entidade gravitando em torno de uma determinada pessoa. Aqui o que sempre prevaleceu foi o "coletivo".

Talvez aí resida o sucesso de nossa entidade, o que permitiu às sucessivas diretorias, ao longo de tantos anos, alternarem-se no seu comando sempre mantendo inabalável a confiança e a credibilidade que os advogados lhe devotam.

Essa cultura vem há décadas passando de geração a geração de advogados que têm o privilégio de integrar o Conselho Diretor dessa entidade.

Há, porém, um único momento em que essa escrupulosa regra de conduta é quebrada: é exatamente quando se descerra o retrato de um ex-Presidente!

E nesse raro momento é preciso que se diga que, longe de apenas cumprir uma praxe da Casa essa solenidade é, antes de tudo, um preito de gratidão pelo muito que o Dr. José Diogo Bastos Neto realizou em prol da nossa entidade, não apenas ocupando a sua presidência, mas como integrante de inúmeras outras diretorias e notadamente na condição de Conselheiro ao longo de três mandatos que totalizaram nove anos.

Possuidor de temperamento dócil, afável, extremamente cortez com os seus interlocutores, desde que não provocado, Zé Diogo apresenta como traço marcante da sua personalidade um alto espírito conciliador, característica às vezes mal compreendida por alguns, mas que, em situações de crise, sempre se revelou providencial.

Apaixonado e entusiasta da política de classe, nas duas últimas décadas o nosso homenageado participou intensamente de todas as disputas havidas tanto na OAB quanto aqui na AASP, o que o faz profundo conhecedor das artimanhas da política de classe e visionário do que está por vir.

E ao procurarmos identificar o traço mais cintilante de sua gloriosa passagem pela Associação dos Advogados de São Paulo veremos que todas as suas ações sempre estiveram voltadas à modernização da entidade.

Fosse como presidente, como diretor ou mesmo como conselheiro, Zé Diogo sempre externou a convicção de que a AASP, enquanto empresa, deveria contar nos postos chaves de sua administração com os melhores profissionais do mercado.

Não foi por menos que em 2003, quando ocupava a primeira secretaria da diretoria por mim presidida, teve participação decisiva no processo de profissionalização da entidade então iniciado, conduzindo pessoalmente a árdua missão de seleção, entrevistas e contratação dos principais executivos da entidade.

Hoje, quando confrontamos o passado com o presente pleno de evoluções e resultados satisfatórios na área administrativa, temos a satisfação de constatar o quão foram importantes aquelas arrojadas alterações promovidas sob a segura e atenta supervisão do nosso homenageado.

Foi também naquela gestão que Zé Diogo foi incumbido pela diretoria de proceder a uma completa remodelação do visual gráfico de todos os impressos e publicações editados pela entidade, tarefa à qual se lançou, como sempre, com vivo entusiasmo e competência, sendo digno de registro que foi a partir de então que o nosso tradicional "Boletim AASP" passou a ser impresso nas cores da bandeira paulista: preta, branca e vermelha, coincidentemente ou não, as mesmas que ornamentam os símbolos do nosso amado e glorioso São Paulo Futebol Clube, uma das paixões do nosso homenageado.

E ao assumir a presidência em 2005, já calejado e experiente na faina cotidiana dos assuntos da classe e ainda coadjuvado por uma plêiade formada por Renato Torres de Carvalho Neto, Antonio Ruiz Filho, Marcio Kayatt, Sergio Pinheiro Marçal, Fabio Ferreira de Oliveira, Clovís de Gouvêa Franco e Ari Possidônio Beltran, Zé Diogo levou a bom termo uma gestão pontilhada de realizações e conquistas para os advogados, e que eu me permito, pela sua relevância e por tudo o que significaram para o futuro da entidade, destacar dois momentos:

O primeiro deles consubstanciado na realização do 1º curso à distância, o que foi feito à época mercê de um esforço incomum, com utilização de equipamentos e estúdio alugados, o que alimentou a descrença de alguns céticos.

Mas foi o primeiro passo. Dado, é certo, em terreno pantanoso, mas serviu de laboratório para que atingíssemos os dias que correm, onde aquela intrépida experiência na qual Zé Diogo apostou transformou-se numa atividade corriqueira, agora realizada com equipamentos e estúdios próprios, de última geração, que permitem ao nosso Departamento Cultural espraiar, em tempo real, cursos de excelência extraordinária para os mais distantes rincões do nosso Estado.

É a modernidade que você tanto incentiva a serviço do aprimoramento cultural dos nossos associados!

A segunda realização ocorrida sob a sua batuta do nosso homenageado e, talvez, tão ou mais importante que a que acabamos de relatar, foi a criação da Previdência dos Advogados, levada a cabo em parceria com o Banco HSBC, após longo processo de seleção e escolha da instituição mais adequada às necessidades dos advogados.

As condições excepcionais que cercam a estruturação do plano junto ao HSBC, com taxas mínimas de carregamento, as menores do mercado, colocam à disposição dos associados forma segura e confiável de garantir o seu futuro e o de suas famílias, tão incerto para a grande maioria dos profissionais.

A implementação desse plano de previdência, fantástica conquista da sua diretoria, está a merecer, no entanto, uma melhor atenção da parte do Conselho Diretor, pelo menos do que concerne a uma maior divulgação entre os nossos associados.

No momento em que se avizinha a bancarrota da Carteira de Previdência do IPESP, com morte já anunciada, urge que a AASP envide os seus maiores e melhores esforços no sentido de fazer "deslanchar" o plano de previdência encetado com o HSBC.

É por tudo isso, meu querido Presidente Zé Diogo, que hoje todos os holofotes e microfones estão voltados - com muita Justiça - à sua pessoa!

Aqui estão para homenageá-lo com a sua presença e com o coração em festa os seus companheiros de Conselho, de hoje e de sempre, verdadeiros "irmãos de armas", que aprenderam a respeitá-lo e admirá-lo pela forma irrepreensível com que você sempre se houve, não apenas ocupando o posto maior da entidade, mas também na condição de conselheiro ao longo de três mandatos sucessivos aqui cumpridos.

Aqui estão funcionários do nosso imenso quadro que têm motivos fortes para aplaudi-lo, porquanto como líder máximo da entidade você sempre soube ouvi-los e os tratou sempre com educação e urbanidade, e, por isso mesmo, é merecedor do seu respeito.

Aqui também estão, Zé Diogo, seus mais chegados amigos, advogados ou não, magistrados ou promotores, companheiros de escritório, da praia de Barra do Una, das cavalgadas de Capoava, das noitadas mundo afora, não importa de onde, pessoas que lhe devotam afeto e carinho por essa maneira gostosa e simples de ser.

Aqui está seu tio Marcio Thomaz Bastos, a quem sabemos você devota um amor filial, personagem importantíssima na sua vida, na formação do seu caráter e no ser humano ímpar que você é.

Aqui está Zé Diogo, sua mãe Tuê, incontida nessa experiência mágica de ver o seu rebento colhendo os louros de sua atuação destacada entre os seus pares.

Aqui está, meu queridíssimo Zé, esta figura central da sua vida, sua filha Julia (e que aqui representa a irmã Olivia, impedida pelo seu técnico de futebol de aqui estar presente), ambas razão da sua existência e fonte do inesgotável entusiasmo com que você encara a vida.

E por último Zé, aqui mereceria estar presente o seu pai Maurício Thomaz Bastos, precocemente falecido e que, como advogado que era, saberia bem aquilatar a dimensão e a importância da homenagem hoje prestada ao filho ilustre. De qualquer modo, a representá-lo nesta noite, aqui está para abraçá-lo o seu padrinho querido Leopoldo Pereira, de cuja amizade também privo na mesma e maravilhosa intensidade que você!

Enfim, meu querido Zé Diogo, ao tempo em que o abraço por esta data, peço a Deus que o mantenha sempre ao nosso lado do jeito que você é.

Muito obrigado!

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Discurso - José Diogo Bastos Neto

Advogados e advogadas, autoridades presentes, senhores e senhoras,

Esta é uma ocasião para lembranças e agradecimentos.

Estando numa casa de advogados, não posso deixar de recordar meu início de carreira, tendo como memória viva a primeira vez que tive acesso a um processo.

Vi, então, que ali se contava uma história real, pessoas de carne e osso expondo suas razões, estabelecendo uma disputa cujo resultado certamente afetaria suas vidas.

Entendi a razão que faz alguns afirmarem que processo tem voz, cheiro e alma.

Percebi não só a dimensão da responsabilidade do advogado perante seu cliente, como o alcance social de sua militância, pois sem ela os conflitos não se dissolveriam, obstaculizando a paz social desejada por todos os cidadãos.

Tive certeza, então, que da advocacia não largaria mais, decisão cada vez mais presente em minha vida, pois a profissão me deu maturidade e auto-respeito. Nela aprendi a ganhar e perder como exercício cotidiano, cheguei mais perto dos sentimentos humanos.

Nessa toada, tive o privilégio de um dia ingressar na associação dos advogados de São Paulo, vindo pelas mãos dos eminentes ex-presidentes Aloisio Lacerda Medeiros, José Rogério Tucci e Renato Mange, amigos-irmãos a quem sou eternamente grato.

Passados dez anos na AASP, posso afirmar sem hesitação alguma que aqui é a casa do advogado militante, aquele herói que enfrenta diariamente as agruras das filas nos cartórios, serventuários nem sempre atenciosos e juízes e promotores que não os recebem.

Seu prestígio decorre não só do auxílio ao advogado no dia-a-dia, com a gama de serviços que facilitam a rotina do militante, como de sua função institucional na defesa das prerrogativas violadas e contribuição ao aperfeiçoamento administrativo da maquina judiciária.

É compreensível, portanto, que vez por outra a AASP entre em rota de colisão com o judiciário, pois nem sempre há convergência de pontos de vista nessa relação de tensão dialética.

Os advogados criticam, com razão, a demora desarrazoada do processo, negativa de acesso aos juizes, informatização precária, etc., sempre no intuito de aprimoramento desse serviço público essencial.

Os juízes, por seu turno, justificam as mazelas por questões orçamentárias ou mesmo por excesso de recursos judiciais disponíveis, abstraindo garantia constitucional à ampla defesa.

O debate é saudável, mas podem estar certos todos os nossos associados que enquanto houver demora de cinco anos na distribuição de recursos, juízes que adotam como regra não receber advogados, exigência de novas procurações somente na ocasião de levantamento de quantias ou mesmo portarias baixadas individualmente por juízes com intuito de dificultar o livre acesso judicial, estaremos presentes com toda a nossa força e vigor na defesa do digno exercício da profissão.

Estejam certos, também, que cerraremos fileiras com a magistratura paulista na busca de melhores condições de trabalho, verbas mais compatíveis com o crescimento da demanda, implementação de medidas de modernização na esfera administrativa, pois desta forma a sociedade sai fortalecida, permitindo melhora desse serviço público fundamental ao cidadão comum.

Queria registrar, por fim, que testemunhei, nestes dez anos de conselho, a atuação de conselheiros de diversas origens, estilos e posturas, mas estou seguro de que todos eles tinham um ponto comum: o compromisso com a luta do advogado militante, pois certamente esta é uma entidade que não estimula a valorização do individual sobre o coletivo.

Aprendi, aqui, que o debate de idéias com desprendimento de vaidades pessoais é fonte de riqueza inestimável, sendo rotina nas reuniões de conselho discussões se iniciar sob determinado viés e, após intervenções, diversas, tomarem rumo surpreendente, em verdadeiras cenas de democracia explícita.

Não posso deixar de homenagear os funcionários desta casa, maior patrimônio da entidade, e o faço nas pessoas de Rosa Nakano e Ana Luiza Távora, que aqui trabalham há muitos anos e parece que são recém-ingressas, diante do inescondível entusiasmo que nutrem pela nossa querida AASP.

Por tudo isso, a inserção de meu retrato na galeria de ex-presidentes da AASP é motivo de grande orgulho pessoal, pois aqui aprendi, para nunca mais esquecer, que a luta pela causa do advogado vale sempre a pena.

Agradeço a presença e paciência de todos, encerrando minha fala reproduzindo palavras que gostaria de ter escrito sobre a advocacia.

Trata-se de trecho do discurso de posse de Prado Kelly na Presidência do Conselho Federal da OAB, em 1960 :

"...somos para os juízes o que, na tragédia grega, era o coro, símbolo do povo em face do soberano, encarnação do poder. Seremos, às vezes, intérpretes de interesses, mas nossa missão é a de instrumentos da verdade. Por isso, desde as épocas mais remotas, os advogados aprendem a falar aos potentados como nunca os fracos e oprimidos ousariam falar-lhes."

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