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Pinheiro Neto

Ano 1960. Era eu um jovem aluno de 2º ano das Arcadas, que queria aprender a ser advogado em moldes mais modernos, e não como aquele tipo clássico de advogado, que abria um escritório perto da Praça João Mendes e ficava esperando aparecer clientes.

terça-feira, 27 de setembro de 2005

Atualizado em 26 de setembro de 2005 14:36


Pinheiro Neto


Cássio Portugal Gomes Filho*

Ano 1960. Era eu um jovem aluno de 2º ano das Arcadas, que queria aprender a ser advogado em moldes mais modernos, e não como aquele tipo clássico de advogado, que abria um escritório perto da Praça João Mendes e ficava esperando aparecer clientes. Fiquei sabendo da existência do escritório Pinheiro Neto pelo José Luiz Cabello Campos, que estava fazendo curso na New York University e pretendia estagiar em uma grande firma de advocacia nos Estados Unidos, como realmente trabalhou dois anos em Shearman & Sterling. O José Luiz havia dito que quando voltasse iria me levar para o escritório, mas eu não quis esperar e resolvi tentar por conta própria. Achei o endereço na lista telefônica e lá fui sem marcar hora; bati na porta e perguntei se havia vaga para estudante.

Depois de alguma espera, fui atendido pelo Irion Jakobowsky, que informou que um dos dois estudantes estava saindo (naquele tempo não se falava estagiário) e iria abrir uma vaga, mas de qualquer forma seria preciso aguardar o retorno do Dr. Pinheiro de Londres, previsto para a semana seguinte. Fui chamado e entrevistado pelo Dr. Pinheiro, tendo sido admitido para começar imediatamente.

Naquela época, o escritório era na rua Maria Paula 122, e tinha apenas sete advogados e dois estudantes; Dr. Pinheiro, Décio Frugoli, Irion Jakobowsky, Luiz Carlos Penteado de Moraes, e José Luiz Cabello Campos, Fernão Bracher, Aleksas Juocys, entre Irion Jakobowsky e Luiz Carlos Penteado que estavam fazendo cursos no exterior, respectivamente nos Estados Unidos e na Alemanha. A partir daí e nos  quinze anos aproximadamente  que trabalhei em Pinheiro Neto,acompanhei o enorme e rápido crescimento, e aprendi disciplina, organização, trabalho sério e honesto, além da ética e responsabilidade profissional, bem como a obrigação de tratar bem os clientes, mantendo-os permanentemente informados por escrito sobre o andamento dos casos. O Dr. Pinheiro dedicou a sua vida ao escritório, e soube atingir com merecidos méritos o ideal e a ambição a que se propôs, de montar o melhor e o maior escritório de advocacia empresarial e internacional da América Latina. Austero, exigente, enérgico, sabia delegar mas exigia ser informado de tudo. Os famosos memorandos, que todos os advogados eram obrigados a fazer diariamente, relatando e registrando tudo o que acontecia no dia a dia profissional de cada um.Apesar de ser tido como exigente ao extremo com todos os que trabalhavam no escritório, era também leal com todos e sempre pronto a ouvir e ajudar sempre que possível. Um autêntico líder. Investia no escritório não apenas em equipamentos e instalações, mas principalmente em gente, incentivando e custeando cursos e estágios no país e no exterior. A sua visão no crescimento e na melhoria da qualidade dos serviços do escritório era tal, que em meados dos anos sessenta contratou um advogado inglês e um norte americano, mediante anúncios que mandou publicar no Financial Times e no Wall Street Journal e foi lá entrevistá-los . Os dois primeiros, Tony Clare e Bob Weiner, mantém até hoje relacionamentos com o escritório. Depois desses dois pioneiros, muitos outros foram contratados ao longo do tempo. Enfim, há ainda muito a contar, mas o espaço é curto. Encerro estas linhas, afirmando que J. M. Pinheiro Neto foi um privilegiado, que soube empregar o seu enorme talento e inúmeras qualidades, na criação e desenvolvimento da firma Pinheiro Neto Advogados, conhecida, respeitada e conceituada em todo o mundo.

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*Advogado do escritório Novaes e Roselli Advogados









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