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História dos LP de Luiz Gonzaga - A Triste Partida - de 1964

Um dos mais importantes discos da carreira de Luiz Gonzaga. Com o surgimento da Bossa Nova e depois da Jovem Guarda, as emissoras de rádio das capitais e das grandes cidades deixaram de tocar suas músicas. Até nas grandes cidades nordestinas como Caruaru, Campina Grande e Feira de Santana, Luiz só era tocado em programas regionais que buscavam a audiência do homem do campo.

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Atualizado em 15 de outubro de 2007 09:03


História do LP de Luiz Gonzaga - A Triste Partida - de 1964

Abílio Neto*

Um dos mais importantes discos da carreira de Luiz Gonzaga. Com o surgimento da Bossa Nova e depois da Jovem Guarda, as emissoras de rádio das capitais e das grandes cidades deixaram de tocar suas músicas. Até nas grandes cidades nordestinas como Caruaru, Campina Grande e Feira de Santana, Luiz só era tocado em programas regionais que buscavam a audiência do homem do campo.

Luiz andava muito triste e achava que tinha chegado o momento de encerrar a carreira. A capa desse disco é emblemática, pois só traz a sua sanfona branca e um chapéu de couro. Luiz que sempre aparecia nas alegres capas de seus discos, desta vez ficou ausente. Mais ou menos um ano antes, passeando pela feira de Campina Grande, viu um violeiro cantando uma toada, que é o lamento sertanejo em forma de gênero musical. Aproximou-se e perguntou: "Essa música é sua?". Ouviu o seguinte: "Não, senhor, é do poeta Patativa do Assaré, lá do Ceará".

Gonzaga sabia onde encontrar Patativa e assim, depois de duas semanas, lá na feira do Crato, travou o seguinte diálogo: "Patativa, escutei uma música sua da qual gostei muito, cantada por um violeiro lá em Campina Grande. Tenho interesse em gravar. Você me dá a parceria?". Escutou o que não queria: "Se eu não gostasse tanto de você, ia lhe mandar praquele canto, mas assim mesmo vou lhe mandar plantar feijão".

Luiz sabia a força daquela música e resolveu incluí-la no seu próximo LP, o qual pensava ser de despedida, dando somente os devidos créditos ao seu desaforado autor, poeta de primeiríssima qualidade. E foram se juntando outras jóias do cancioneiro nordestino àquela música de Patativa. Luiz que como ninguém sabia construir um repertório de disco, fez uma mistura de músicas alegres e tristes naquele precioso LP. Incluiu pela primeira vez uma música de um compositor até então desconhecido, chamado Luiz Gonzaga Júnior, que a tinha composto quando tinha 14 anos de idade. É a valsa "Lembrança de Primavera". Esse rapaz depois passou a ser conhecido simplesmente como Gonzaguinha.

Pra esse disco também reuniu a poesia de Zé Marcolino, outro poeta paraibano famoso, autor da notável "Fazenda Cacimba Nova", uma evocação. E em parceria com Luiz Gonzaga (este fez a melodia, aquele a letra), o disco registra também "Sala de Reboco", pra mim o melhor xote de todos os tempos.

Outro registro impressionante do disco é a interpretação de Gonzaga para "Ave Maria Sertaneja" que saiu emocionando até os ateus, quanto mais os veneradores dos santos altares das igrejas católicas.

Por fim, outro destaque do disco é "Cantiga de Vem-Vem", um passarinho do sertão, a qual se tornou uma das músicas mais queridas do extenso repertório de Luiz Gonzaga. É um disco que vale a pena ouvir. Sempre. Nota: o disco foi remasterizado e lançado na "Coleção Luiz Gonzaga", da BMG.

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*Migalheiro





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