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O advogado precisa ver além do direito

No oportuno livro Cartas a um jovem advogado, Francisco Müssnich, professor de Direito Societário na PUC do Rio de Janeiro e na Fundação Getúlio Vargas, transmite experiências que adquiriu com 31 anos de militância. O objetivo da publicação é ajudar o leitor a ser bem sucedido na profissão. Ele esclarece que seu primeiro impulso foi "começar pelo começo". Daí ter idealizado um capítulo sobre as origens do Direito e o conceito de Justiça.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Atualizado em 25 de fevereiro de 2008 14:56


O advogado precisa ver além do direito

Os múltiplos aspectos que envolvem a causa e o cliente

René Ariel Dotti*

No oportuno livro Cartas a um jovem advogado, Francisco Müssnich, professor de Direito Societário na PUC do Rio de Janeiro e na Fundação Getúlio Vargas, transmite experiências que adquiriu com 31 anos de militância. O objetivo da publicação é ajudar o leitor a ser bem sucedido na profissão. Ele esclarece que seu primeiro impulso foi "começar pelo começo". Daí ter idealizado um capítulo sobre as origens do Direito e o conceito de Justiça. São suas essas palavras: "Parei. Cheguei à conclusão que o livro cumpriria melhor a missão a que se propõe a partir da utilização de uma linguagem mais coloquial. Minha intenção foi oferecer um pouco de minha experiência pessoal, desde os primeiros tempos de estudante até os dias de hoje".

O Doutor Francisco não se dedicava apenas às atividades específicas do mercado forense, como a redação de petições. Ele também entrevistava candidatos a estágios para o seu escritório e quando perguntava se o (a) candidato (a) já tinha lido Dom Casmurro de Machado de Assis (o imortal escritor e membro fundador da Academia Brasileira de Letras) o interlocutor não sabia de quem se tratava: se era civilista, criminalista ou algum nobre espanhol. Para ele, o Advogado precisa ver além do Direito. Deve entender a conjuntura política e social; ser capaz de liderar e ter boa redação. É preciso conhecer História e Literatura para compreender o problema humano em contextos diferentes do jurídico.

O profissional do Direito tem de gostar de ler para se manter atualizado. Diariamente há uma nova decisão, uma nova lei é publicada. E o mestre pela Harvard Law School dá uma receita definitiva: "Quem não lê - jornais, revistas especializadas, sites fica para trás. O bom texto jurídico tem três características: clareza, objetividade, elegância. Uma palavra errada pode colocar a perder um processo. Muita gente erra porque não conhece a própria língua. Há muitas maneiras de descrever um ato. Além de dizer alguma coisa, é possível gritar, sussurrar, contar, explicar, comentar, jurar, lembrar, enfatizar, retrucar, redargüir, contradizer e afirmar. Faça uma experiência. Escreva: 'Ele andou até o carro'. Agora experimente retirar a palavra 'andou' e trocar por uma dessas: 'arrastou-se', 'cambaleou', 'marchou', 'saltitou', 'correu'. Cada uma sugere uma cena diferente. Quando escrevemos dispomos de um estoque variadíssimo de vocábulos para escolher. A maioria recorre às mesmas palavras gastas, nem sempre as mais adequadas. Escreve melhor quem encontra o verbo, o substantivo e os adjetivos exatos para contar o que deseja" (p. 29/30).

O livro Cartas a um jovem advogado, escrito com a colaboração de Anabela Paiva (ed. Campus/Elsevier, 2007), tem um subtítulo muito eloqüente em simples palavras: "Paixão, determinação e talento".

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*Advogado do Escritório Professor René Dotti









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