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Vilém Flusser e juristas - Comemoração dos 25 anos do grupo de estudos de Paulo de Barros Carvalho

segunda-feira, 8 de março de 2010

Atualizado em 4 de março de 2010 07:15


Vilém Flusser e juristas - Comemoração dos 25 anos do grupo de estudos de Paulo de Barros Carvalho








Editora:
Noeses
Coordenador: Florence Haret e Jerson Carneiro
Páginas: 731






Todas as terças-feiras, há 25 anos, um grupo interessado em estudar - mais que o direito tributário, o direito - reúne-se sob a orientação do prof. Paulo de Barros Carvalho para ler em voz alta um texto pré-selecionado. O método, bem simples, remete à idéia de construção conjunta - a leitura é entremeada de esclarecimentos do orientador, seguida de comentários dos participantes - o que, nas próprias palavras do professor, produz uma "sensação de euforia intelectual". É bom destacar, ainda, que "(...) é um grupo desinteressado. Ninguém paga nada (...). Vem quem quer (...) puro interesse, vontade depurada de quaisquer outros aspectos".

Em comemoração ao aniversário da caminhada, integrantes do grupo decidiram organizar trabalho em torno de figura pouco conhecida em nossa filosofia do direito, que grande relevo alcançou nas discussões ali travadas. Assim, o livro reúne textos de expoentes de nosso pensamento jurídico para tratar das idéias de Villém Flusser, judeu tcheco que chegou ao Brasil na casa dos vinte anos, fugido da "tempestade nazista", e aqui pôs-se a pensar, dentre outras questões, a da tradução - que alcança não só a transposição de um idioma a outro, mas também o ato de ampliar acesso a uma determinada linguagem técnica. (Aqui faço uma intervenção: o orientador de um grupo de estudos é também um tradutor, para os partícipes).

Flusser era proveniente de Praga, que reuniu, na primeira metade do século passado, muitas das características da Viena em que floresceu o "Círculo", destinado a pensar questões da linguagem e suas conseqüências filosóficas - berço do positivismo jurídico. Para Celso Lafer, "O positivismo lógico é uma maneira de disciplinar a linguagem" (...) "escolha intelectual compreensível" para aqueles habitantes de uma babel lingüística e cultural.

A angústia da tradução é também, em outra medida, a da interpretação jurídica. Tércio Sampaio Ferraz Jr. usa uma paráfrase bíblica para sintetizar a questão: Moisés recebe a lei diretamente de Deus e deve passá-la ao povo, que só será capaz de cumpri-la se compreendê-la em sua essência. Aarão, para facilitar essa apreensão, canta a lei. Ao fazê-lo, deturpa a mensagem, e o povo apega-se a ídolos, imagens, em contradição à lei.

A leitura, como já puderam perceber, é fascinante, e remete ao "sedutor" modo de entender o direito de que fala Paulo de Barros Carvalho, logo no início do livro, quando descreve as atividades do grupo de estudos.

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 Ganhador :

Guilherme Cardin Santa Rosa, da Software AG, de São Paulo/SP

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