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"Samba no pé e Direito na cabeça"

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Atualizado em 15 de agosto de 2012 14:16


Samba no pé e Direito na cabeça








Editora:
Saraiva
Organizadora: Carmela Grüne
Páginas: 203








Formação jurídica por meio de manifestações culturais populares é a proposta desenvolvida pela organizadora da obra em trabalhos sociais no município de Porto Alegre - RS e que lhe trouxe o mote para a realização do livro. Cada um dos juristas convidados a participar da coletânea inspirou-se em um diferente samba para discorrer acerca de um tema sob o viés jurídico, sem perder de vista a ideia de excessiva judicialização de nossos dias.

Unidos pela concepção de que o samba, "como parte integrante da identidade democrática brasileira", propicia e desencadeia a participação das pessoas tanto pelo ritmo como pela instigação das letras, na passarela desfilam temas como ensino jurídico, direito ao meio ambiente, direitos indígenas, direito das famílias, combate à corrupção, criminalidade, direito homoafetivo, direito à cidade, direito ao trabalho, formação dos juízes, cidadania, afrodescendência, globalização.

Em artigo inspirado por samba denominado Polícia e Bandido, de Arlindo Cruz, Acyr Marques e Franco Lattari, o juiz federal José Paulo Baltazar Junior abre a coletânea com reflexões sobre o papel da polícia e o modo como ela exerce suas atividades na prática, "em tensão permanente com os direitos de liberdade do cidadão investigado"; a necessidade de se reconhecer mas não se superdimensionar a relação entre pobreza e crime; a conexão existente entre o Estado e o crime nos casos de corrupção e a imperiosidade de combatê-la para evitar a anomia.

Em belíssimo trabalho, o professor Ricardo Aronne parte da letra da poética Saudosa Maloca, de autoria de Adoniran Barbosa, para teorizar acerca da favela como espaço social brasileiro "tradutor de diversas riquezas e misérias", "depositário de toda uma brasilidade, que teve sua síntese e mestiçagem mais exata no samba". Outro destaque é o texto de Mônica Sette Lopes, que partindo de diversos sambas de Paulinho da Viola, Paulo César Pinheiro e João Nogueira, examina com sensibilidade o tema da ética dos juízes.

E poderíamos citar ainda Paulo Ferreira da Cunha, professor na Universidade do Porto, em Portugal, que de maneira brilhante discute o peso ideológico de um falar excludente, inspirado por samba de Zeca Pagodinho; José Rodrigo Rodriguez e sua percuciente análise das transformações por que passou a família com o capitalismo de massas, tantos outros.

Vale dizer que o resultado é surpreendente - sobretudo na profundidade conferida aos temas tratados - e extremamente prazeroso, como ouvir um samba.

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Ganhadora :

Carla Ribeiro de Carvalho, da REFAP S/A, de Porto Alegre/RS

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