Decifra$

27/1/2015
George Marum Ferreira

"Na minha leitura, o ponto mais sensível de uma possível crise institucional no país é a frágil legitimação que a atual presidente tem (Decifra$ - 27/1/15 - clique aqui). De fato, ela foi eleita, isto é, sagrou-se vitoriosa no plano quantitativo - matemático - da contagem dos votos. Mas, moralmente, a legitimidade da sua vitória é tênue, posto que, desavergonhadamente, adotou um discurso eleitoral que sabia mentiroso, notadamente no que diz respeito a imputar às oposições práticas que, agora, são suas. Há um limite entre a falta de ética ou de uma moral própria à política, com a moral social que é internalizada pelo homem comum. Acredito que nem Maquiavel seria capaz de perpetrar um discurso político tão motivado por razões escusas. Mas isso não é tudo: o discurso do governo, notadamente do PT, faz parecer que a torrente de corrupção e desmandos na Petrobras nada tem a ver com eles. É como se fosse um fato ou problema de toda a sociedade, tal qual fizeram no caso do mensalão. Alia-se,a tudo isso, o discurso enganoso, centrado em categorias analíticas superadas e historicamente infrutíferas, feito por parte da intelectualidade brasileira, principalmente pela velha sessentista esquerda, para quem a ética e a moral são instrumentos burgueses de dominação e não valores que visam construir um modelo social de convivência. A crise é séria. Precisamos, sim, rever, constitucionalmente, o nosso pacto federativo e, por via de consequência, o sistema tributário. É preciso um novo modelo de Estado, mais eficiente, mais público, mais gerencial."

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