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Porandubas nº 33

quarta-feira, 21 de dezembro de 2005

Atualizado às 06:44

 

O ANO QUE PASSOU

2005 ficará marcado como um ano emblemático na história do Brasil. Será lembrado como o ano em que a vidraça do PT veio abaixo. O ano em que o mais forte animal político do PT, José Dirceu, foi retirado da cena política. Outros fenômenos que podem ser identificados com o ano : a política acompanhada de maneira mais atenta pelos grupamentos sociais; a descoberta da TV Senado e da TV Câmara; a popularização das Comissões Parlamentares de Inquérito; o afastamento de Lula das ruas e o distanciamento das massas; o aumento da taxa de racionalidade; e a percepção de que a política não tem regras fixas. Tudo pode acontecer. Como, por exemplo, o fato de o PFL terminar o ano com imagem mais positiva do que o PT. Ou seja, a direita ganhando mais respeito que a esquerda. (?)

ALCKMIN TEM MELHOR PERFIL

A percepção de que a candidatura do governador Geraldo Alckmin terá melhores condições de se firmar do que a candidatura do prefeito José Serra começa a se intensificar. Alckmin é menos conhecido do que Serra, mas pode tirar o atraso por ocasião da programação eleitoral. E a assepsia será valor fundamental para a escolha eleitoral. O governador paulista é muito bem avaliado pela população. Passa credibilidade. E começa a freqüentar os mais variados ambientes, inclusive os de festas de fim de ano. Além de intensificar contatos com importantes lideranças de outros partidos, como o PMDB. José Serra, saindo da Prefeitura, provocará grandes reclamações. O eleitorado paulistano, que está gostando de sua administração, não vai perdoar. Serra está na frente, mas Alckmin, pela lógica da política, tem melhores condições de bater Lula. O potencial de crescimento é maior. E a rejeição é menor do que a de Serra. De uma vez por todas : engana-se quem acha que o eleitorado quer ver um terceiro turno entre Serra e Lula. O eleitor quer andar em estradas novas.

LULA PEDE FORÇA TOTAL

Lula está pedindo força total aos ministros. Eis as recomendações. Primeiro : mandem os dados de cada ministério para fazermos a nossa campanha. Segundo : gastem muito e bem. Terceiro : falem a mesma linguagem. Quarto : me digam se serão candidatos nos Estados porque terei de arranjar novos nomes. Quinto : apresentem sugestões para a campanha. Sexto : quero o engajamento de todos. Com todos esses pedidos, Lula está mais candidato do que nunca. Por outro lado, o PT devastado não tem outro nome para colocar no lugar de Lula.

QUÉRCIA ENTUSIASMADO

Orestes Quércia sabia que estava bem cotado. Mas se surpreendeu com a pesquisa do Datafolha que o colocou na ponta da intenção de voto para governador de São Paulo. É claro que a fotografia retrata o atual momento. Quércia teve boa visibilidade na mídia. Conseguiu burilar a imagem. O voto em Quércia quer significar, ainda, a rejeição em petistas e tucanos. Há, sim, uma sensação de coisa já vista, de debate saturado, esse entre PT e PSDB. Quércia está fazendo essa leitura. E sabe que virá pela frente um tiroteio imenso sobre seu perfil. Por isso, só com muita insistência Quércia topará uma candidatura do governo. As bases do PMDB querem vê-lo candidato. E lançam Michel Temer, presidente nacional do PMDB, como candidato a senador. Michel resiste em trocar o certo pelo duvidoso. O nome de Temer também está no ranking peemedebista para a presidência da República.

AFIF NO MEIO DA BRIGA TUCANA

Guilherme Afif não perdeu as esperanças. Quer ser candidato do PFL ao governo de São Paulo com o apoio do PSDB. Mas os tucanos não querem abrir mão de uma candidatura, hoje disputada pela deputada federal Zulaiê Cobra, pelo secretário do prefeito José Serra, ex-deputado federal e ex-governador Aloysio Nunes Ferreira, pelo vereador José Aníbal, pelo ex-ministro da Educação Paulo Renato e pelos secretários do governador Geraldo Alckmin, Gabriel Chalita e Saulo Abreu, da Educação e Segurança Pública.

ECONOMIA VERSUS ÉTICA

Há quem aposte no fator econômico como o eixo central do discurso da campanha presidencial de 2006. E há quem considere o fator ético mais importante que o fator econômico. O sistema cognitivo nacional estaria mais propenso a escolher um nome que representasse estabilidade ou um perfil que encarnasse moralidade ? Um dado para reflexão : a estabilidade vem sendo moeda de troca desde a implantação do Plano Real. E a moralidade tem sido valor cada vez mais escasso. Incorporado a um perfil realizador, o valor da moral poderá ser decisivo. Quem tem esse perfil ?

MERCADANTE NA MÍDIA

Nos últimos dias, o senador Aloísio Mercadante tirou o atraso : apareceu intensamente na mídia. Deu entrevistas longas. Defendeu união das correntes do PT em torno da candidatura do partido ao governo de São Paulo. Marta Suplicy trabalha com o argumento de que é mais conhecida e tem coisas a mostrar, a partir dos Céus na prefeitura de São Paulo. Mercadante exibe 10 milhões de votos para senador. Será uma disputa árdua. A coisa está mais para Mercadante.

AMIGO, PERO NO MUCHO

Pois é, o cocaleiro Evo Morales é mais um perfil da esquerda que chega ao centro do poder. O presidente eleito da Bolívia, à semelhança de Lula, orgulha-se de não ter diploma. O que tem para mostrar é uma vida como catador de cana, sorveteiro, azulejista, padeiro, pastor de lhamas e ovelhas, trompetista de uma banda e líder dos plantadores de coca. Diz-se muito amigo do presidente do Brasil, que, por sua vez, vibrou com a vitória do companheiro boliviano. Entre as primeiras providências do novo chefe do governo : desbancar a Petrobrás, reestatizando duas refinarias da empresa brasileira, e rever os contratos de exploração do gás boliviano. Amigos, amigos, negócios à parte.

PALOCCI DESMOTIVADO

Já se começa a perceber certa desmotivação no ministro Palocci. Está amargurado com os constantes e sucessivos ataques dos próprios correligionários do PT. Não é de admirar se pedir as contas a Lula, por ocasião da reforma ministerial.

QUE 2006 SEJA O ANO DA VERDADE

Depois de ouvirmos uma batelada de mentiras no campo das denúncias que se abateram sobre o sistema político e de assistirmos a tantas versões, algumas estapafúrdias, no ano que passou, esperamos que 2006 seja, para todos os cidadãos, o ano das grandes descobertas. Que a verdade ilumine os espaços nacionais. Que os culpados sejam punidos. Que os melhores perfis sejam escolhidos. Que o eleitor se pronuncie com mais contundência e fervor cívico. E que a vida seja melhor para todos. São os meus votos pessoais para os brasileiros e, particularmente, para os leitores de Porandubas políticas.

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