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Porandubas nº 36

quarta-feira, 11 de janeiro de 2006

Atualizado às 06:48


ALCKMIN JOGA BEM

 

Depois de passar um bom tempo meio perdido, sem saber tomar rumo, o governador Geraldo Alckmin encontrou o fio da meada. Disse que sairá do governo até 31 de março para viabilizar sua candidatura à presidência da República. E assim deu um xeque-quase-mate no prefeito José Serra, tucano que lidera as pesquisas. Serra está tonto. Pressionado pelos que desejam vê-lo candidato e pelos que o aconselham a permanecer no comando do quarto Orçamento da República. A situação está mais para Alckmin do que para Serra. O governador jogou pela janela o picolé de chuchu e assumiu o perfil de guerrilheiro. Foi corajoso. O PSDB está, hoje, dividido, mas chegará a um consenso. Sabe que qualquer um de seus dois pré-candidatos ganha de Lula.

 

AS CHANCES DE SERRA E ALCKMIN (1)

 

Mais uma vez, vale lembrar : pesquisa flagra o momento. E o flagrante do momento capta o perfil mais visível no espaço da fotografia. Serra é mais visível. O que não significa que teria mais votos que Alckmin. Campanha iniciada, aberta a tuba de ressonância da mídia eletrônica, um candidato passa a ser conhecido e, logicamente, ganha peso eleitoral. Urge verificar os potenciais de crescimento e queda de cada perfil.

 

AS CHANCES (2)

 

Os mais visíveis, pelas experiências de campanhas anteriores, no campo majoritário nacional, podem exibir certa fragilidade, porquanto seus defeitos já são conhecidos. Os menos conhecidos recebem uma roupagem mais asséptica. E tem melhores condições de crescimento, caso seus perfis se encaixem na moldura das demandas sociais. Nesse sentido, Alckmin teria maior potencial de crescimento do que Serra. Até porque sua rejeição é menor. O problema é um só : se não concorrer à presidência, Serra enterraria sua vida política na Prefeitura, para a qual poderá se candidatar à reeleição. Está com 63 anos. Ficaria mais 8 anos na espera de nova chance para a cadeira do Planalto ? 

 

QUEBRANDO A POLARIZAÇÃO

 

A campanha entre um candidato tucano e o presidente Lula será muito previsível sob o aspecto da intensa polarização. Algo como um terceiro grande turno. Ocorre que o eleitorado brasileiro está saturado. A briga da tucanada com os petistas passa a impressão de que é coisa já vista, passada e arquivada. Por isso mesmo, só será aceitável caso inexista um perfil sério, competente, asséptico, experiente, crível e que seja capaz de romper a polarização. Este nome poderia sair do PMDB, que tem condições efetivas de eleger o maior número de governadores, nas eleições deste ano, entre 14 a 17.

 

QUE NOME ?

 

Qual seria o nome dos quadros peemedebistas em condições de emplacar como candidato alternativo? Anthony Garotinho, marido da governadora Rosinha, não é o nome. Pode até ganhar as prévias partidárias do partido, que deverão ser adiadas para 19 de março. Se ganhar, não leva. Ou seja, os governadores do PMDB aceitarão o fato, em um primeiro momento, mas, ao correr da campanha, se afastarão de Garotinho. Pesa sobre ele a imagem de populista, com projeto pessoal de poder, polêmico, messiânico, oportunista e demagogo. Não é crível. Germano Rigotto, governador do Rio Grande do Sul, exibe imagem séria. Mas tem um discurso acentuadamente econômico-tributarista, difícil de entrar na cachola das margens sociais. E está longe dos grandes centros. Também não seria um nome. Requião ? Não. Pouco crível. Jarbas Vasconcelos ? Isolado no Nordeste. Nelson Jobim, presidente do STF ? Tem imagem de magistrado politiqueiro. Será que o PMDB não tem um nome viável ? Aceitam-se sugestões.

 

QUÉRCIA EM SÃO PAULO

 

Será muito difícil acreditar na candidatura de Orestes Quércia ao governo de São Paulo. Hoje, o ex-governador lidera as pesquisas. Está bem de vida, administra um complexo empresarial de porte, domina a maior máquina partidária do PMDB no país, já se tratou (e curou) de doença grave. Por que iria para o meio do tiroteio, com o risco de receber tiros de todos os lados e ter sua história política devassada por observadores e catadores de denúncias ? Se aceitar a candidatura, é porque não terá conseguido se livrar das pressões das bases. Seria uma candidatura para engordar o partido - com o adensamento das bancadas estadual e federal - mas com poucas chances de vitória. Mas, se for candidato a deputado federal, Quércia arrebanharia uns 500 mil votos. A conferir a inferência.

 

FHC SE MOVIMENTANDO

 

O ex-presidente Fernando Henrique continua fazendo o jogo do qual é mestre : articulação. Age nos bastidores. Conversa com todos os lados. Ouve, analisa, fala. Dias desses, reuniu-se, em almoço, com uma bancada bem pesada de empresários brasileiros em fechadíssimo clube de Higienópolis. Onde as coisas começaram a ser bem avaliadas.

 

CANDIDATOS DE ENTIDADES

 

O espaço político-institucional abre ótimas oportunidades para candidaturas bancadas/patrocinadas por entidades e núcleos organizados. A democracia representativa está em crise. A democracia direta-participativa vive momentos auspiciosos com o fortalecimento da sociedade organizada. A organicidade social procura, ao seu modo, responder as promessas não cumpridas pela democracia representativa. Portanto, candidatos de ONGs e adjacências, mãos à obra.

 

ONDE ESTÁ O PROJETO BRASIL ?

 

Uma avalanche de candidatos encherá o oceano político. Os fulanos, beltranos e sicranos povoarão os espaços eleitorais. Mas, onde estão as idéias, os programas, projetos, ações ? Onde está o Projeto Brasil ? Eliezer Baptista, um dos maiores e melhores estrategistas do desenvolvimento brasileiro, faz falta. Onde está você, porta-voz do Brasil-potência ?

 

IMAGEM PARLAMENTAR NO FUNDO DO POÇO

 

A convocação extraordinária funcionou como o golpe final no corpo arquejante do Congresso Nacional. A imagem dos congressistas está no fundo do poço. Quem ainda devolveu os R$ 25 mil por conta da convocação poderá, no tempo eleitoral, dizer isso ao eleitor. Preparem-se, contudo, os candidatos proporcionais : a renovação poderá ultrapassar a margem histórica dos 2/3.

 

OS NOVOS NOMES DO STF

 

Se o presidente Lula indicar nomes oriundos dos quadros do PT para a mais alta corte do país, o Supremo Tribunal Federal, vai enfrentar uma forte barreira no Senado. Tanto o deputado Luiz Eduardo Greenhalgh quanto o ex-presidente do PT, Tarso Genro, são nomes muito polêmicos. Hoje, não passariam.