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Porandubas nº 572

quarta-feira, 9 de maio de 2018

Atualizado às 07:59

Abro a coluna com uma historinha da Bahia.

Vaquinha

Vereador em Itiruçu, Bahia, estava duro. A seca tinha comido tudo. Sem dinheiro para a feira, foi pedir ao prefeito Pedrinho. Pedrinho brincou:

- Por que você não pede a Jesus Cristo? Ele não é o pai dos pobres?

Voltou para casa, escreveu a Jesus Cristo pedindo 50 contos. Endereçou: "Para Nosso Senhor Jesus Cristo". E pôs no Correio. No correio, abriram a carta, levaram para o bar. Lá fizeram uma vaquinha, apuraram 42 contos, registraram e mandaram para o vereador. Quando ele abriu viu os 42 contos, sentou-se e escreveu nova carta: "Nosso Senhor, agradeço muito sua atenção. Recebi o dinheiro que lhe pedi. Mas rogo o seguinte: se o senhor for mandar dinheiro novamente, faça o obséquio de mandar em cheque, porque, dos 50 contos, o pessoal do correio meteu a mão em 8". (Registro do amigo Sebastião Nery em seu Folclore Político).

A desistência de Joaquim

Joaquim Barbosa era a onda do momento. As conversas giravam em torno da história do menino pobre, filho de uma lavadeira, que fez pós-graduação na Sorbonne, prestigiada Universidade francesa. Ex-presidente do STF, Joaquim encarnava os valores da ética, da honestidade e da coragem. O tão aguardado candidato desferiu uma "reversão de expectativas". Anuncia pelo Twitter ter desistido da candidatura. A desistência pode favorecer Marina Silva, Ciro Gomes, do campo do centro-esquerda. Mas, ao enxugar a moldura de candidaturas, pode, também, ajudar os de centro-direita, como Geraldo Alckmin.

Destemperado

Fala-se muito do estilo rompante do ex-ministro do Supremo. Muitos torciam para ver uma luta entre ele e Ciro Gomes, dois perfis considerados "destemperados". Seria tiro pra cá e tiro pra lá. Joaquim teria uma história de vida que poderia atrair o voto de milhões de eleitores das margens. E sua identidade teria a força de um "logotipo ambulante". Seria um candidato com muitas possibilidades de canalizar as atenções das massas. Mas a democracia é isso: expectativas e surpresas. O imponderável sempre faz sua visita.

A curva à direita

O Brasil está fazendo uma curva à direita? A pergunta leva em conta a visível inclinação pelo lado direito da política, cujo sinal mais forte vem da opção eleitoral por Jair Bolsonaro, o capitão que agrega as demandas de uma forte parcela social. A bagunça que se desenvolve no país, a partir da violência comandada de dentro dos presídios, as investigações que flagram a propinagem para políticos e negócios escusos de empresários, formam o pano de fundo para o organizador da ordem, o militar que quer ver soldado matando bandido, o perfil que tem o discurso mais radical de nossas campanhas eleitorais.

Um ciclo na direita

A movimentação de parcela social nos cantos da direita não é algo firme. Trata-se de um jogo de conveniências ditadas pelas circunstâncias. A sociedade clama por assepsia. Por limpeza ética. Essa tendência também funciona como contraponto ao estado de descalabro por que o país passou e ainda passa, sob a pérfida política econômica do ciclo petista. A divisão social criada pelo PT persiste e se desenvolve por meio de ódio e indignação, de um lado, e militantes que devassam o patrimônio público com seus movimentos organizados. A curva à direita é, portanto, uma resposta à curva para a esquerda.

A decantação das águas

Com a decantação das águas revoltas, coisa a ocorrer nos meados do próximo ano, é razoável apostar em um tempo de maior harmonia, menos truculência nas ruas, maior controle na segurança pública, economia voltando a gerar empregos. Se isso ocorrer dentro de um cenário positivo, serão fortalecidos os eixos centrais de nossa democracia. A questão é saber se teremos um horizonte claro ainda este ano. Pouco provável.

Meses turbulentos

Vejamos as probabilidades. A economia, mesmo sob recuperação, não implicará em grande volume de empregos. A harmonia social é um corolário dessa hipótese. Pode haver algum conforto - pequeno - advindo da equação BO+BA+CO+CA= Bolso, Barriga, Coração, Cabeça. Ou seja, o Bolso pode ter certo alívio, mas não a ponto de satisfazer a Barriga das margens e, assim, o Coração não estará tão comovido a ponto de fazer a Cabeça agradecer o bem-estar proporcionado pelos provedores da equação. Os bons ventos soprarão com mais força apenas em 2019. Por isso, o que se prevê é uma campanha farta de arenga e disputa, fervendo e com tiroteios recíprocos.

A esquerda rachada

As esquerdas, por sua vez, estão rachadas. A começar pelo PT, que não abre mão de sua condição de vestal. Continua a entoar loas a si mesmo. Faz de Lula a vítima perseguida pelo regime. Um prisioneiro político. Lula não teria feito nada de errado. Nem ele nem Dilma. O PT abre a locução: "Lula está preso para não poder ser candidato e assim proporcionar a redenção do povo brasileiro". Um conto da carochinha. O Partido tenta esconder as curvas erráticas que fez em 13 anos de poder.

Três alas

Por isso, o próprio PT está rachado em três alas. Uma que quer Lula como candidato; a segunda que quer um plano B, alguém no lugar de Lula como candidato; e a terceira ala, a que defende um vice do PT na chapa de Ciro Gomes. Mas a divisão da esquerda vai além: pega a Rede de Marina, o PDT de Ciro, o PSOL de Boulos, o PSB da família Campos, etc. Cada qual quer dar o tom da orquestra.

PSB vai para onde?

Depois dessa desistência de Joaquim Barbosa, para onde irá o PSB? Há condições de se aliar ao PDT de Ciro? Ao PT do plano B? Ir para o centro-direita com Geraldo Alckmin. Lembrete: o governador de São Paulo, Márcio França, PSB, continua sendo leal a Alckmin. Será seu candidato.

Até quando?

A divisão das frentes partidárias abre grande indefinição na campanha. Seria mais fácil saber quais os protagonistas a entrarem no jogo se víssemos união no centro-esquerda e no centro-direita. Mais ou mais tarde, essa alternativa emergirá. Pois é a única condição para que um dos lados obtenha sucesso. A desunião será um suicídio. No caso do centro-esquerda, duas possibilidades estão claras: o PT aliando-se ao PDT e indicando o vice na chapa de Ciro Gomes; a outra alternativa seria uma composição entre Marina (Rede) e Joaquim Barbosa (PSB). A questão é de vaidade: nenhum dos dois quer a condição de vice. Só lhes interessa a cabeça de chapa.

No centro-direita

Já no centro-direita, a dispersão partidária deixa ver um imenso arquipélago com ilhas muito distantes umas das outras. Mas é possível que, nos meados de julho, um choque de realidade convoque os protagonistas à mesa do consenso. Ali, cada qual apresentará suas cartas: índice de intenção de voto, rejeição, organização do partido nos Estados e municípios, fundo partidário, condições de fechar parcerias, etc. Seis a sete candidatos estão perambulando pelo centro-direta. E jogando palavras ao vento. Se não se unirem, babau.

Viabilidade

Carlos Matus, cientista social chileno, em um magistral estudo sobre Estratégias Políticas, demonstra que a viabilidade de um ator na política tem a muito que ver com a estratégia e seus princípios fundamentais. Eis alguns princípios estratégicos: a) Avaliar a situação; b) Adequar a relação recurso/objetivo; c) Concentrar-se no foco; d) Planejar rodeios táticos e explorar a fraqueza do adversário; e) Economizar recursos; f) Escolher a trajetória de menor expectativa; g) Multiplicar os efeitos das decisões; h) Relacionar estratégias; i) Escolher diversas possibilidades; j) Evitar o pior; k) Não enfrentar o adversário quando ele estiver esperando; l) Não repetir, de imediato, uma operação fracassada; m) Não confundir "reduzir a incerteza" com "preferir a certeza"; n) Não se distrair com detalhes insignificantes; o) Minimizar a capacidade de retaliação do adversário.

Panorama dos Estados

Roraima...

Recente pesquisa da empresa Z mostra o ex-governador Anchieta Junior (PSDB) em 1º lugar, com 35,12%, para o governo do Estado. Para o Senado, o 1º lugar cabe ao deputado estadual Mecias de Jesus (PRB), com 13%. Suely Campos (PP), a governadora, aparece em 7º lugar para o governo, com 5,66%.

RN

Pesquisa do Instituto Certa mostra a senadora Fátima Bezerra (PT) em 1º lugar, com 25,60%, para o governo, seguida de Carlos Eduardo (PDT), com 14,54%, e Geraldo Melo (PSDB), com 7,66%, e Robinson Faria, com 5,04%.

PE

Pesquisa do Instituto Múltipla para o governo do Estado de Pernambuco mostra tecnicamente empatados os quatro primeiros nomes da pesquisa. O atual governador do Estado, Paulo Câmara (PSB), aparece com 15,5% das intenções de voto, seguido pela vereadora Marília Arraes (PT) com 15%. Em seguida, o senador Armando Monteiro (PTB) com 14,5% e, em 4º, o ex-ministro da Educação Mendonça Filho (DEM) com 11%.

PI

Pesquisa do Instituto Amostragem mostra PT vencendo a eleição para o governo do Piauí no 1º turno. Quem lidera a pesquisa é o atual governador do Estado, Wellington Dias (PT), com 51,8% das intenções. Trata-se da reeleição. Em 2º lugar, aparece o deputado estadual dr. Pessoa (SD), com 9,9%.

AM

Instituto Pesquisa 365 para o governo do Amazonas mostra empate técnico entre o jornalista Wilson Lima (PSC) e o atual governador do Estado, Amazonino Mendes (PDT). 19,4% dos entrevistados apóiam Wilson Lima, enquanto Amazonino obteve 17,8% das intenções de voto.

BA

Com desistência do prefeito ACM Neto (DEM) de disputar o governo da Bahia, o deputado João Gualberto (PSDB) anunciou que sairá candidato, garantindo palanque tucano a Geraldo Alckmin no Estado, um dos maiores colégios eleitorais do país. Com a candidatura de José Ronaldo pelo DEM, a intenção é forçar um segundo turno contra o governador Rui Costa (PT).

SE

Pesquisa do Instituto Franca registrada mostra seguinte moldura se as eleições fossem hoje. Nomes citados espontaneamente: Eduardo Amorim 6,8; Jackson Barreto 2,5; Belivaldo Chagas 2,0; senador Valadares 1,9; André Moura 1,4; Mendonça Prado 1,1; Vera Lúcia 0,7; dr. Emerson 0,4.

SP

Última pesquisa Ibope mostra: João Doria com 24%; Paulo Skaf, com 19%; Luiz Marinho, com 4%, Márcio França, com 3%; Rogério Chequer, com 2%; e Lisete Arelaro, com 1%.

ES

Pesquisa FlexConsult/Rede Vitória aponta liderança do governador Paulo Hartung. Os dois candidatos que possuem o maior recall na aprovação espontânea são Paulo Hartung, com 7,4%, e o seu antecessor, Renato Casagrande, com 5,5%. Na sequência, aparece Max Filho, com 0,7%, Rose de Freitas, com 0,6%, candidato do PT, com 0,1% e Vania Valadão, com 0,1%.

PR

Na primeira pesquisa registrada do ano, Osmar Dias (PDT) e Ratinho Jr. (PSD) aparecem tecnicamente empatados para concorrer ao cargo de governador do Paraná. Pesquisa Ibope.

RS

Embora continue negando em público a possibilidade de tentar novo mandato, José Ivo Sartori assumiu pessoalmente, desde o fim de março, as conversas em busca de aliados para viabilizar a candidatura. O governador tem até 5 de agosto, quando se encerra o prazo das convenções partidárias, para confirmar seu nome.