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Porandubas nº 67

quarta-feira, 30 de agosto de 2006

Atualizado às 06:57


LULA CONSOLIDA POSIÇÃO

Lula consolida posições. Para a campanha pegar a carreira do segundo turno, serão necessários uns 8 milhões de votos a diferença, cerca de 8% dos votos que devem ser tirados da urna lulista. É muito difícil, mas não impossível. Heloísa Helena dá sinais de queda do 10o andar do edifício eleitoral para o 8o andar. Geraldo está entre o 25o e o 27o andar. E Lula já ultrapassou a faixa dos 51%. Alckmin precisa subir 10 andares para ter direito a contemplar novos horizontes.

ALMOÇO PARA O TUCANO

Poderá Geraldo Alckmin encontrar a estrada do segundo turno ? Conseguiria com discurso mais quente e campanha mais organizada. No almoço organizado por João Doria Jr., fez um discurso vibrante e competente. Com certeza, o melhor de sua campanha. Mas o discurso ficou restrito a um eleitorado fiel. O tucano está gelado na TV. Discurso para classe média. Não chega no povão. Será que as pesquisas qualitativas não flagram essa distorção

UMA BOMBA ?

Colóquios gerais : para Alckmin entrar no páreo, só mesmo uma bomba. Tasso Jereissati procurou por essa bomba nos documentos sigilosos do Tribunal de Contas da União, mas não a encontrou. Ou melhor, o ministro cearense, Ubiratan Aguiar, não quis mostrar-lhe. Dizem que há explosivos por lá no baú dos cartões corporativos. Guardados a sete chaves. Não há ninguém disposto a mostrar a pólvora. E quanto mais Lula sobe, mais escondida estará.

SERRA

Confortável no alto patamar de seus índices, José Serra se permite não comparecer a debates na TV (como o debate da TV Bandeirantes, segunda-feira) e a eventos para seus correligionários, como o almoço oferecido a Geraldo Alckmin, terça-feira, no Jockey Club de São Paulo, que contou com a presença de Fernando Henrique, do governador Cláudio Lembo e do prefeito Gilberto Kassab. Serra também está consolidando posições. Lula não está conseguindo alavancar a candidatura de Mercadante.

QUÉRCIA PARADO

Orestes Quércia também dá sinais de estagnação. Poderia levar a campanha para o segundo turno. Comenta-se que a chapa Lula-Quércia poderia ser incentivada, caso Mercadante dê sinais de cansaço. O eleitorado parece apático, indiferente, amorfo. Dizem que após a parada de 7 de setembro, os horizontes ficarão mais claros.

REGIÕES

As únicas regiões do País mais envolvidas no clima eleitoral são Sul e Centro-Oeste. Possivelmente, por conta dos danos da seca e do aperto no agronegócio. Sente-se aí um eleitorado mais participativo e consciente. No resto do País, até parece que mensaleiros e sanguessugas são coisas do passado.

SEGUNDO MANDATO - COMO SERÁ

Cenários e dúvidas à vista para um segundo mandato de Lula : crise começando mesmo antes do fim do ano, com divisões no PT e adjacências; cooptação do PMDB para a base governista; partido continuará rachado ? Dificuldades com os desajustes da economia gerados pelo rombo do orçamento; tensões ocasionadas pelas dúvidas: mais para a esquerda e inclinação para os movimentos populares ? Continuidade na política macroeconômica ? Governo liberto do PT e mais envolvido com o centrão ? Compromissos mais sérios com o crescimento econômico; freio de mão no Bolsa-Família para efeito de equilíbrio nas contas da área social; ministério mais apolítico. As indicações, mesmo ligeiras, correm nas interlocuções de grupos formadores de opinião.

OPOSICIONISMO VERSUS SITUACIONISMO

Seja qual for o presidente da República, o oposicionismo será mais compacto e menos frouxo que o atual. PSDB e PFL deixaram escorrer pelas mãos (e pela boca) a maior crise da contemporaneidade. Um erro histórico que poderá lhes valer fechamento de portas no curto prazo da política.

VOTO ABERTO

Aldo Rebelo fará de tudo para abrir o voto, que ainda é secreto, nas votações sobre cassações de mandato. O corpo parlamentar poderá reagir ? Sim, a depender do tamanho da lista de denunciados. O sentido de corpo ainda vinga nas casas parlamentares. Hoje, o voto aberto ganha. A conferir.

INTELECTUAIS E A POLÍTICA

A chamada intelligentzia tem momentos de extrema burrice. Como podem artistas, em que se espelham milhões de pessoas, defender abertamente a imoralidade na política ? Alguns estão dizendo que apenas identificaram a falta de ética, não a defenderam. Houve defesa, sim, como se todos fossem sebosos, malcheirosos, pérfidos e corruptos. Não é bem assim, galera artística. Os áulicos, inclusive os áulicos-artistas, chovem nos pântanos eleitorais, principalmente ante a perspectiva de se refestelarem na lama dos patrocínios estatais.

O MARKETING INSOSSO

O marketing político nesta campanha está insosso. Não há novidades. O discurso está preso na garganta dos candidatos. A forma também está rota, em andrajos. O desfile de caretas e trejeitos é extravagante. Os debates perderam força. Tudo está sem graça. E até as birutas que mostram nomes e números de candidatos não atraem. Não ficam um minuto no ar. Despencam, a mostrar que os políticos não se sustentam nem com os símbolos mais inovadores.

FHC FORA DA CAMPANHA

Fernando Henrique está fora da campanha. Os marqueteiros querem vê-lo longe dos palanques e palcos televisivos, possivelmente por conta da rejeição. Mas o sociólogo continua com o discurso afiado. Foi um dos mais aplaudidos na festa organizada para Alckmin, onde o toque mágico foi dado pela publicitária Cristina Carvalho Pinto, mulher de fibra, fluente, que brincou com a lógica e mexeu com a emoção. Fez um belíssimo discurso.

LULA COM ARTISTAS

O encontro de Lula com artistas ganhou a performance de Ariano Suassuna, romancista, poeta, cancioneiro popular, um homem simples que sabe usar palavras simples. Encontro com artistas e intelectuais, vale lembrar, não dá voto. E prestígio, que é bom, não se transfere com presença em eventos. Serve apenas como enfeite retórico.

MÁRCIO FORA

O ministro Márcio Thomaz Bastos avisa que estará de fora do próximo governo Lula, caso ele venha a ganhar o segundo mandato. O grande advogado criminalista teve momentos altos e baixos. Não se pode negar o eficiente desempenho da PF sob seu comando. Mas vai ser difícil apagar a imagem de um profissional do Direito que encostou a Justiça no paredão da política.

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