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Porandubas nº 92

quarta-feira, 11 de abril de 2007

Atualizado em 10 de abril de 2007 14:19


AVANÇANDO NA INÉRCIA

O País alcança situação invejável. Dólar quase batendo em R$ 2. Risco Brasil descendo ao patamar mais baixo da história: 156 pontos. Bolsa atinge um recorde: 46.854 pontos. Sinal de que tudo vai bem ? A verdade é que a economia internacional escuda a economia brasileira. E a ausência de crise econômica cria a sensação interna de céu de brigadeiro. Sabe-se, porém, que céu de brigadeiro não combina com Apagão Aéreo. Que 100 dias de paralisia governamental não condizem com avanços. Que 35 pastas ministeriais e milhares de cargos que estão sendo repartidos entre partidos não indicam enxugamento de estruturas e diminuição do tamanho do Estado. Conclusão óbvia: o Brasil avança na inércia. E a inércia, por incrível que pareça, é bem aceita pelo povão. (Vejamos adiante)

VEM FOGO POR AÍ

Se a CPI do Apagão Aéreo for instalada - e as coisas caminham nessa direção - mais uma fogueira se acenderá nas cercanias do Palácio do Planalto. Se não houver votos suficientes em Plenário para aprová-la, o STF deverá dar o sinal verde.

PALMÔMETRO

Os governos federal e estaduais comemoram 100 dias de governo. Comemorar, porém, não é a palavra adequada. Porque o termo sugere feitos bem-sucedidos, avanços, motivos para comemoração. Entre as administrações com maior visibilidade, estão quatro: as de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Distrito Federal. José Serra, até o presente, não registra nada que mereça comemoração. Sérgio Cabral vive em velórios e dando pêsames a viúvas de policiais no Rio de Janeiro. Fala muito e age pouco. Aécio Neves, neste segundo mandato, tem a cara de mesmice. O palmômetro aponta José Roberto Arruda, do DF, como o mais eficiente. Pelo menos, fez demissão em massa, enxugando a estrutura administrativa e diminuindo o tamanho do buraco.

AVALIAÇÃO POSITIVA, MAS...

Nos últimos tempos, pesquisa passou a ser um instrumento não muito crível. Erros de pesquisas por ocasião da última campanha eleitoral propiciaram desconfiança. Por isso mesmo, aferições de opinião pública patrocinadas por entidades empresariais não têm o mesmo crédito de pesquisas sob responsabilidade da mídia. A última pesquisa CNT/Sensus mostra dados estranhos. O governo Lula, apesar do apagão aéreo, ganha avaliação positiva de 49,5%. O desempenho pessoal de Lula alcança 63,7% de avaliação positiva. Mas 44,48% dos entrevistados sinalizam avaliação negativa nos serviços essenciais: nível de emprego, renda, saúde, educação e segurança. Ou seja, são ruins os serviços de um governo bom. Até parece que Lula é o maior crítico dos serviços proporcionados por seu governo. (É um mágico) Ou será que a saúde da economia puxa para cima o corpo da administração ?

E A FORÇA NACIONAL, HEIN ?

O que faz a Força Nacional no Rio de Janeiro ? Quais as ações de sucesso ? Os jornais noticiam uma ação de peso: a apreensão e morte de um pássaro trinca-ferro em um ônibus. Tratava-se de um animal silvestre de captura proibida. A criminalidade diminuiu ? Com a palavra, o governador Sérgio Cabral, que agora pede ao governo federal tropas do Exército nas ruas.

E JORGE VIANA, HEIN ?

Jorge Viana, o

baladíssimo ex-governador do Acre, andou escondendo documentos que exibem a devastação da floresta amazônica sob seu mandato. Não foi o governante certinho e politicamente correto como se imaginava. O incenso que o PT jogava sobre sua imagem se mistura à fumaça das queimadas.

JANTAR ECUMÊNICO

Hoje à noite, cerca de 150 peemedebistas estarão jantando com Lula na casa do presidente do Senado, Renan Calheiros. Será o encontro ecumênico para selar, oficialmente, a unidade do partido. As queixas e insatisfações, porém, já começaram. O líder do partido na Câmara, deputado Henrique Alves, é um dos insatisfeitos. E o momento desaconselha rachas. O problema é o de sempre: o PT não quer ceder os postos que ocupa nos 5 Ministérios ocupados pelo PMDB.

O ABORTO DE TEMPORÃO

Com perdão do trocadilho, referimo-nos, aqui, ao aborto defendido pelo ministro José Gomes Temporão e não ao significado que o título da nota sugere. A questão: o ministro teve coragem em defender publicamente o aborto,

sugerindo, até, que seja objeto de plebiscito. Foi vaiado em Fortaleza. Em um país que, segundo os dados a serem divulgados ainda esta semana pelo Vaticano, tem 80% de católicos, a posição de Temporão provoca celeuma. Ele insistirá na defesa ou recuará ? A conferir.

MPs TRANCAM PAUTA

As Medidas Provisórias trancam a pauta da Câmara e do Senado. Não, leitores, essa nota não foi publicada há 10 anos como vocês podem imaginar. É atual. Antigo mesmo é o costume de o Executivo legislar por meio de MPs e, com isso, implantar no Brasil o parlamentarismo às avessas: ele mesmo executa as leis que produz. Em todas as legislaturas, o mote se repete. Como o governo quer emplacar o PAC se coloca diante dele uma montanha de Medidas Provisórias ?

ABRIL VERMELHO

E lá vem outro mote: o MST abre a temporada do "Abril Vermelho". No ano passado, durante o ciclo eleitoral, o vermelho assumiu a tonalidade rósea. Lula reeleito, o MST prometeu cobrar as promessas. Botará para quebrar na invasão de fazendas. Será mais um teste de autoridade para o governo Lula.

SEM-TETO

Em outra ponta, movimentam-se os Sem-Teto. Que preparam invasões em 10 Estados.

A PRESSÃO DA PREFEITADA

Os prefeitos querem elevar em um ponto percentual - de 22,5% para 23,5% - na parcela da receita do Imposto de Renda e do Imposto sobre Produtos Industrializados destinado ao Fundo de Participação dos Municípios, o que provocaria cerca de R$ 1,7 bilhão de transferências. Trata-se de pleito justo face à pequena fatia do bolo tributário que cabe às Prefeituras. Dois mil prefeitos encheram os corredores de Brasília fazendo pressão. Devem conseguir.

90% HONESTO ?

O ex-governador do Maranhão, João Alberto, pleiteia assumir o Banco Postal e a diretoria de Operações dos Correios. O senador José Sarney estaria por trás do patrocínio. Conta-se que essa figura teria dito que fez um governo "90% honesto" no início dos anos 90. A propósito, o velho Ulysses Guimarães tinha um refrão na ponta da língua para definir esse tipo de valor: "Uma pessoa 99% honesta é 100% desonesta, porque não existe honestidade relativa".

O DÉBITO DO PT

O PT tem uma dívida de R$ 107 milhões. Há 4 mil filiados do partido que estão inadimplentes. Pois bem, o partido iniciou um processo de cobrança. A chiadeira é enorme. Os maiores caloteiros estão nos postos mais altos. E apresentam a fatura: se o partido lhes garantir o mesmo espaço no segundo mandato, ressarcirão o cofre petista. Pleiteiam, porém, garantias. Que o PT não dará.

FHC E LULA

Quando esteve com Lula para agradecer a visita a ele feita por ocasião de sua internação no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, o experimentado senador Antônio Carlos Magalhães aconselhou-o a conversar com o ex-presidente Fernando Henrique. Ele considera FHC uma das poucas pessoas com visão apropriada da situação do País e um dos raros exímios interlocutores da cena política. Lula anotou a idéia. Mas quer arranjar um bom motivo para implementá-la.

JOBIM NA DEFESA ?

É pouco provável que o ex-presidente do STF, Nelson Jobim, tenha usado palavras de baixo calão para agradecer o convite que a ele teria feito o amigo Tarso Genro, ministro da Justiça, para assumir o Ministério da Defesa, ocupado pelo dúbio Waldir Pires. O registro foi feito pela imprensa. Mesmo chateado com o episódio que o afastou da disputa para a presidência do PMDB, é inimaginável que Jobim tenha mandado o ministro para um lugar ... bom, fiquemos por aqui. É mais crível que, se receber um convite do próprio presidente, o ex-ministro pensará duas vezes antes de dizer não.

CPI DA NOSSA CAIXA

Se o STF autorizar a instalação da CPI do Apagão, abre-se o caminho para o Superior Tribunal de Justiça autorizar a instalação da CPI da Nossa Caixa, já determinada pelo Tribunal de Justiça de São Paulo. Seria a primeira grande dor de cabeça do governo tucano de José Serra ? A CPI investigará o eventual uso político do banco durante a gestão Geraldo Alckmin. Lembrança à parte: o governador Serra não morre de amores por seu antecessor.

DELFIM NO BNDES ?

Pois é, Delfim Netto é cotado para a presidência do BNDES. Sob o patrocínio do ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge, e os aplausos intensos do empresariado. Mas a densa massa conceitual que Delfim exibe sufoca a massa mais comprimida do ministro Guido Mantega. Ou seja, Delfim engoliria o número um da fazenda. A queda de braço poderá ser decidida pela escolha de um tertius, endossado pelos dois ministros.

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