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Porandubas nº 124

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Atualizado às 08:59

PMDB FINALMENTE UNIDO

Recém chegado de Nova Iorque, onde foi lançar seu "Saraminda", o senador José Sarney convidou o presidente do PMDB, Michel Temer, para um almoço, onde foi feito o acerto final dos ponteiros. Doravante, toda a força de articulação partidária será concentrada na presidência do partido. Não haverá mais alas de deputados e senadores. Para felicidade da senadora Roseana Sarney, líder do governo no Congresso, também presente na reunião de ajuste. Primeira providência de Michel: marcar audiência com o presidente Lula para comunicação do fato.

CHÁVEZ TOMA UM SUSTO

A derrota de Hugo Chávez, que não conseguiu aprovação no referendo para reformar a Constituição e perenizar o mandato, é uma luz no fim do túnel. Nem ele nem a oposição deverão partir, pelo menos no curto prazo, para um confronto direto. A oposição tentará se recompor e ganhar espaços em futuras eleições para o Parlamento. Chávez deverá reforçar as linhas de comando dos "exércitos socialistas". Portanto, os horizontes apontam para calmaria, com reordenamento de forças e reaparelhamento dos grupos de rua. A estudantada se prepara para ter força no processo decisório.

ABSTENÇÃO CALCULADA

O coronel obteve 3 milhões de votos a menos do que nas últimas eleições. Atribuiu a pequena votação à abstenção de 44,11%. Ora, os contingentes que deixaram de acorrer às urnas assim o fizeram não por simples acomodação, mas por não concordarem com a reviravolta que Chávez queria impor ao país. Diz ele que irá puxar as orelhas de seus comandantes de campo. Não adiantará. Parte do eleitorado chavista começou a recuar. Teme entrar numa fria.

A RENÚNCIA DE RENAN

Com a renúncia de Renan à presidência do Senado, multiplicam-se os candidatos, incluindo suplentes e desconhecidos, como Neuto de Conto e Leomar Quintanilha. Depois da acomodação das placas tectônicas, emergirá candidato viável. Garibaldi continua no páreo.

LULA E OS 64%

A pesquisa Datafolha apontou: 63% dos brasileiros são contra um terceiro mandato. E Lula saca o verbo em cima da bucha: se tivessem me consultado, o resultado seria 64%. O presidente - para usar a linguagem das ruas - "é ruim de conta". Pois sua opinião, mesmo sendo a de um Pai e Mãe dos Pobres, como se considera, não é igual a um 1% em pesquisas. Cem pessoas com a mesma opinião, isso sim, agregam um ponto percentual. Ou será que, no inconsciente, Lula quis dizer que seu voto vale cem vezes o voto de um brasileiro ?

CENTRAL EMPRESARIAL

O empresariado brasileiro criou sua primeira Central. A CEBRASSE - Central Brasileira do Setor de Serviços - nasce com a integração de sindicatos, federações, confederações, entidades que reúnem sob seu abrigo cerca de 60 mil empresas e 8 milhões de empregos formais. Tem como metas o combate à alta carga tributária sobre os serviços, à burocracia e à informalidade. A primeira Central foi abençoada pelo ex-presidente da CUT, o hoje ministro Luiz Marinho, que, em saudação, a considera importante ferramenta para a modernização das relações capital/trabalho.

90% DOS SERVIÇOS

A nova Central representa 90% do setor de serviços. E, logo, logo, tomará providências para entrar na trilha normativa das Centrais, que acabam de ser referendadas por MP recentemente aprovada pelo Parlamento. "O pau que bate em Francisco também bate em Chico" - esse será o argumento para a formalização da Central dos Empresários. O projeto será pilotado por Paulo Lofreta, presidente da Central.

AFIF AFIADO

O secretário Guilherme Afif Domingos é uma das mais afiadas línguas da expressão política nacional. Exibiu a melhor performance por ocasião do lançamento do Anuário de Serviços, primeiro produto sob responsabilidade da CEBRASSE. Mostrou que o ônus tributário sobre o Setor de Serviços, caso reduzido, será capaz de impulsionar o emprego formal, beneficiando cerca de 30 milhões de pessoas, número superior a qualquer programa assistencialista do Governo. Mostrou o que o governo Serra vem fazendo na área do trabalho. E recebeu, de minha parte, um conselho: transformar-se em porta-voz (crível) do governo paulista.

QUEM SABE, QUEM SABE ?

Quem é capaz de citar rapidamente três programas, três ações de vulto do governo Serra ? Quem se lembra dos fatos anunciados na campanha de propaganda pela TV ? Alguma coisa está errada com a comunicação serrista.

SERRA LIDERA O RANKING

Alguém poderá objetar: Serra lidera as pesquisas, com 30% de intenção de voto para a presidência da República, se as eleições fossem hoje. Ora, vamos interpretar esse índice. Serra é o mais forte perfil das oposições. Agrega o recall da campanha anterior. Governa o Estado mais forte da Federação. Tem longa história na política. Foi deputado, senador e prefeito. Portanto, José Serra soma os créditos do passado. Não é a performance como governador que lhe confere a boa posição no ranking.

FOSSE ASSIM ...

Fosse assim, Aécio Neves, no segundo mandato, aprovado por cerca de 80% de um eleitorado, que é o segundo maior colégio eleitoral do país (14 milhões de eleitores), depois de São Paulo (27 milhões), teria ótimos índices. Mas Neves não passa dos 10%. É desconhecido nos vastos espaços do território. Tecnicamente, reúne as melhores condições para enfrentar uma campanha majoritária federal: jovem, experiente, ótimo articulador, sangue da melhor estirpe política mineira, sediado no meio do país, fazendo fronteira com o Sudeste e o Nordeste (os dois maiores colégios eleitorais), simpático, sorridente. Esse acervo ganharia lastro em uma longa campanha. Tem potencial para crescimento.

OS OUTROS NOMES

Dos nomes relacionados na pesquisa Datafolha, José Serra é o mais denso. Atrás dele, vem Ciro Gomes, pessoa preparada, mas destrambelhada. Heloísa Helena tem político cativo, mas dá medo.

COMBATE À INFORMALIDADE

José Adir Loiola, presidente do Sindicato das Empresas de Segurança Privada do Estado de São Paulo, lidera um programa de combate à clandestinidade. Loiola argumenta: "Atividade de segurança e vigilância é prerrogativa exclusiva de empresas sérias, regulamentadas, monitoradas e que se valem de quadros profissionais capacitados e submetidos a permanente reciclagem, de acordo com exigências da própria legislação". Lembra, ainda, que há 40 milhões de trabalhadores brasileiros ganhando dinheiro na informalidade, enquanto apenas 30 milhões trabalham com carteira de trabalho assinada. Eis aí um dos entraves para o "espetáculo do crescimento".

TIROS NO PÉ E NO PEITO

Guido Mantega, ministro da Fazenda, falava como uma matraca no programa Roda Viva da TV Cultura. Quase não deixava ninguém perguntar. Há dias, referindo-se à luta da FIESP contra a CPMF, sugeriu que Paulo Skaf não tinha representatividade e mais: a entidade estava dando um tiro no pé. Quis dizer que o governo deixaria de apresentar a proposta de política industrial, tão reclamada pela Federação. Skak reagiu: "a CPMF é um tiro no peito da sociedade". Os tiros explodem por todos os lados. Mas o governo - pelo visto - tem um arsenal maior.

MAU GOSTO

E por falar em FIESP, entra em cena o mau gosto. A decoração natalina no prédio da FIESP é um painel de estrelas que parecem de plástico, em formato pra lá de grotesco. Se é arte, é feia pra chuchu. Se é desenho de criança, a Federação está perdoada. Se é mero enfeite colorido - para cosmetizar um prédio que, hoje mais parece um leão desdentado - nota zero com louvor. Cadê o bom gosto de Paulo Skaf, que já pilotou elegantes eventos quando dirigia a Associação Brasileira da Indústria Têxtil ?

LUIZA NO INFERNO

A deputada Luiza Erundina, que chefiou um grupo de deputados em visita ao Pará, narra, indignada, os resultados das observações: "Nunca em minha vida pública, vi coisa tão deprimente, tão desumana, tão vil. O caso da menina L., presa junto a 20 adultos, se repete por outras prisões do Interior. Lá é coisa comum. Não se cumpre a Lei de Execuções Penais. Um horror. As pessoas temem denunciar. Infelizmente, essa é a parte do Brasil que poucos conhecem". Luiza encaminhará à Coluna o Relatório de sua visita ao inferno.

DILMA, A PREFERIDA

Mais uma vez, o presidente Lula dá mostras que deseja inserir a ministra Dilma Rousseff no balão das candidaturas presidenciais. Escolheu-a para falar no evento de lançamento da TV Digital. A ministra deu um recado técnico. Faltam-lhe a empolgação, a expressão emotiva, a fala pausada, o discurso envolvente, os toques pontuais para realçar aspectos e acentuar abordagens. O balão ainda não ganhou gás para subir.

VACCAREZZA, DEVAGAR

O deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP) é um sujeito tímido. Pelo menos, aparenta. Encolhe-se quando é indagado sobre o projeto que pilota - enxugamento do arsenal normativo. Promete votação no próximo ano. Não cita dados. Chegado à Marta Suplicy, é precavido quando se pergunta sobre uma eventual candidatura da ministra do Turismo à prefeitura paulistana no próximo ano: "Está muito cedo para uma decisão". A vaga expressão, porém, aponta mais para uma confirmação. Marta será candidata. Pois é a única em condições de enfrentar o tucano Geraldo Alckmin.

A PRESSA DE MABEL

O presidente da Subcomissão de Serviços, formada na esfera da Comissão do Trabalho, da Câmara dos Deputados, deputado Sandro Mabel, quer apressar a votação do projeto de lei da Terceirização. Mas encontra resistência. Há deputados que fazem de tudo para atrasar a tramitação da matéria. Alegam que precisam correr o país, de norte a sul, leste a oeste, para discutir o projeto. Canto ao pôr-do-sol para acalentar bovinos.

DUAS ÁREAS

O deputado Sandro Mabel acrescenta que a solução mais viável para se chegar à Lei da Terceirização é a repartição de espaços: a terceirização na área privada e a terceirização na administração pública. As Centrais Sindicais pressionam para que o espaço público não abrigue a Terceirização. O debate está aberto.

CONSELHO AOS DIRIGENTES DA TV PÚBLICA

Esta Coluna dedica sua última nota a pequenos conselhos aos políticos e governantes. Na semana passada, o espaço foi dedicado à governadora do Pará, Ana Júlia Carepa, hoje volta sua atenção aos dirigentes da TV Pública:

  • Procurem criar mecanismos eficientes de controle da programação.
  • Produzam um Documento com as diretrizes básicas para balizamento da programação da nova rede.
  • Criem o cargo de ombudsman e escolham para ocupá-lo um nome de peso.

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