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Falecimento

Morre o historiador e jurista Raymundo Faoro

Da Redação

sexta-feira, 16 de maio de 2003

Atualizado às 08:39

 

Raymundo Faoro morre aos 78, no Rio

Principal jurista na luta pela democratização do País, Raymundo Faoro foi enterrado ontem, às 17 horas, no mausoléu da Academia Brasileira de Letras (ABL), no cemitério São João Batista, em Botafogo, zona sul do Rio, diante de cerca de cem pessoas, entre parentes e amigos. O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos representou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Faoro morreu às 7 horas por falência múltipla dos órgãos, em decorrência de um enfizema pulmonar, no hospital Copa d'Or, em Copacabana, onde estava desde 5 de outubro.

O jurista, cientista social e acadêmico era conhecido por sua visão política aguçada. Sobre o PT, disse em 1988, referindo-se às perspectivas do partido nas eleições de 89: "é um partido em torno do qual vai girar todo o jogo político".

Gaúcho de Vacaria, o advogado Raymundo Faoro passou para a história como o autor de um dos maiores clássicos da sociologia brasileira, "Os Donos do Poder", e entrou para a galeria de intelectuais que ajudaram a decifrar o Brasil, como Gilberto Freyre, Caio Prado Jr. e Sérgio Buarque de Holanda. Ele escreveu também "Machado de Assis - A pirâmide e o trapézio", de 1975; "Assembléia Constituinte - A legitimidade recuperada", de 1980, e "Existe um pensamento político brasileiro?", de 1994.

Faoro foi eleito para a Academia Brasileira de Letras (ABL) em 23 de novembro de 2000. Teve 36 dos 38 votos. Ocupou a cadeira número seis, deixada vaga por Barbosa Lima Sobrinho. Mas o advogado só tomou posse em setembro de 2002, por motivos de saúde. Quando soube do resultado da eleição, emocionado, agradeceu e disse estar orgulhoso de freqüentar a casa de Machado de Assis, seu ídolo: "É uma honra entrar para a instituição cultural de maior prestígio no Brasil. Um lugar que soube fazer jus à memória de Machado".

No início da noite, o presidente Lula, por intermédio de seu porta-voz, André Singer, também lamentou a morte de Faoro. "Além de ser um brilhante ensaísta, historiador e jurista, Faoro encarnava o espírito republicano e saudável que esse governo quer manter sempre firme", disse Singer. Lula destacou, segundo Singer, o papel desempenhado por ele na presidência da OAB, na época da redemocratização. "Além de uma obra clássica de interpretação do Brasil, Faoro deixa um exemplo de cidadania e virtude pública."

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