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STF

Regras internacionais de direitos humanos garantem prisão domiciliar a gestante

Ministro Lewandowski concedeu de ofício a gestante com cardiopatia grave.

Da Redação

sábado, 10 de janeiro de 2015

Atualizado em 9 de janeiro de 2015 12:13

O ministro Ricardo Lewandowski, presidente do STF, concedeu HC a uma mulher grávida que se encontrava presa na penitenciária feminina da cidade de SP. Com a decisão, a gestante permanecerá presa preventivamente, mas em casa.

No pedido, a Defensoria Pública paulista informa que a presa é "portadora de cardiopatia grave" e está "em estágio avançado de gestação". Ademais, "encontra-se presa preventivamente, desde 20/5/14, em razão da suposta prática do crime previsto no artigo 33 da lei 11.343/06 [tráfico de drogas]".

Ao analisar o HC, o ministro Lewandowski destacou que vícios formais impediriam a análise do pedido. Entretanto, diante do cenário de flagrante violação aos direitos humanos, e fundamentado na CF e em normas internacionais de direitos humanos, decidiu conceder de ofício o pedido de HC.

No plano da CF, o presidente do STF ressaltou que a individualização da pena é uma garantia fundamental do Estado Democrático de Direito, de modo que o nascituro não pode "pagar" criminalmente pelos supostos atos, ainda em apuração, praticados por sua genitora.

"Se é certo que esse fato reprovável se, ao final, for comprovado enquadra-se perfeitamente em evidente tráfico ilícito de entorpecentes, o mesmo não se pode dizer quanto à adequação da medida às condições pessoais da acusada (artigo 282 do Código de Processo Penal) e do próprio nascituro, a quem certamente não se pode estender os efeitos de eventual e futura pena, nos termos do que estabelece o artigo 5º, XLV, da CF".

O ministro Lewandowski salientou ainda o fato de a penitenciária feminina da capital encontrar-se com o número de presas 13% acima de sua capacidade, fato que comprometeria a segurança e o adequado tratamento médico. Além da legislação brasileira, o ministro Lewandowski buscou fundamento em normas internacionais de direitos humanos, ao lembrar que, "durante a 65ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, realizada em dezembro de 2010, foram aprovadas as Regras Mínimas para Mulheres Presas".