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Advocacia

Advogados abordam futuro da profissão com novas tecnologias

Formação técnica alicerçada em um posicionamento ético consistente segue sendo requisito inegociável.

Da Redação

sábado, 10 de agosto de 2019

Atualizado em 9 de agosto de 2019 17:27

O rápido avanço de tecnologias de Inteligência Artificial, Blockchain e Internet das Coisas e sua crescente incorporação à rotina jurídica deve impactar profundamente a maneira com que os escritórios de advocacia fazem a gestão e a entrega de sua oferta de serviços. Consequentemente, à medida que termos como Online Dispute Resolution, Legal Analytics e Legal Design entram na rotina e no vocabulário das bancas, maior é a exigência para que seus profissionais desenvolvam as habilidades necessárias para lidar com a nova realidade.

Com a aproximação de 11 de agosto, data em que é celebrado o Dia do Advogado, a discussão sobre como será o futuro da profissão coloca-se não apenas em relação ao conhecimento técnico-acadêmico, mas também no que tange à sua adaptação aos aspectos humanos dessa revolução.

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Para além do simples uso da tecnologia, a convivência entre representantes de gerações tão distintas é um desafio grande, mas que pode se tornar uma oportunidade considerável se bem explorada pelos sócios. No caso dos escritórios tradicionais, que possuem em seus quadros profissionais com muitos anos de experiência, deve-se conciliar este importante ativo humano com a paulatina entrada e ascensão de advogados mais jovens, principalmente os da chamada geração "millennial", que inclui jovens nascidos ou que se desenvolveram profissionalmente em um ambiente de rápida consolidação das tecnologias digitais, tendo como consequência profundas transformações nas relações sociais e de trabalho.

"Os profissionais mais jovens não aceitam ser meros executores de tarefas, trazem ideias nunca antes pensadas pelo escritório e buscam flexibilidade em relação a horários e funções", descreve Débora Leonardi, business partner da área de Gestão de Pessoas do escritório Reis Advogados. "Ao mesmo tempo, possuem uma maneira mais informal de cultivar relações pessoais e certa dificuldade para lidar com processos pré-estabelecidos ou burocráticos, gerando algum nível de conflito de gerações", pondera, para completar: "No entanto, se bem conduzida, essa tensão tende a ser positiva, pois em um ambiente de trabalho aberto, a troca de ideias e de experiências resulta em importantes ganhos para o escritório".

Como exemplo dessa sinergia, Débora cita o desenvolvimento de sistemas que unem um conhecimento aprofundado do Direito a inovações tecnológicas, como a criação de soluções para a automação, coleta de dados, machine learning e jurimetria. Nesses casos, uma das chaves do sucesso é a aposta na formação de equipes multidisciplinares, nas quais advogados são alocados em funções não-jurídicas, como nas áreas de tecnologia, financeira e na própria definição da estratégia do escritório.

Na avaliação do sócio diretor da banca, Luiz Felipe Perrone dos Reis, espera-se que os advogados tenham uma sólida visão de negócios - tanto o do cliente quanto o da própria sociedade em que atuam. "Hoje, as bancas de ponta diferenciam-se ao priorizar a contratação de profissionais com espírito empreendedor e olhar de dono, ou seja, que não apenas 'vistam a camisa', mas que tenham coragem para buscar soluções criativas, propor inovações e tomar decisões de maneira proativa", diz.

Segundo Luiz Felipe, os resultados dessas escolhas são visíveis. "Este novo perfil do advogado reflete tanto no ambiente de trabalho, que tem se tornado menos formal e mais flexível, quanto na produtividade das equipes, que estão aprendendo a trabalhar de maneira mais objetiva para alcançar metas mensuráveis", explica. "Até no dia a dia já começamos a ver alterações", afirma.

Há, entretanto, expectativas em relação ao perfil dos advogados que não mudam. "Formação técnica alicerçada em um posicionamento ético consistente segue sendo requisito inegociável", diz Luiz Felipe. "Afinal, toda a tecnologia do mundo se torna inútil se o advogado não possuir os elementos básicos para a tomada de decisão. Sem o conhecimento jurídico aprofundado e compromisso com valores democráticos, a advocacia entra em colapso", conclui.

Débora Leonardi enumera as características e habilidades que melhor resumem o advogado do futuro:

  • Conhecimento do negócio (do cliente e do escritório)
  • Espírito empreendedor, capacidade de inovar e "visão de dono"
  • Familiaridade com as novas tecnologias
  • Formação técnica em Direito e olhar multidisciplinar
  • Sólido compromisso ético
  • Flexibilidade para negociar
  • Comunicação assertiva
  • Proatividade
  • Criatividade
  • Capacidade de delegar


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