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TJ no ex-Hilton não ajuda revitalização, afirma Alexandre Thiollier

Alexandre Thiollier, presidente do Centro Novo, defende prioridade na construção e reforma de prédios para habitação, como melhor caminho para revitalizar a área central de São Paulo. Para o advogado, o TJ no ex-Hilton não ajuda revitalização.

Da Redação

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Atualizado às 09:09


Opinião

Alexandre Thiollier, presidente do Centro Novo, defende prioridade na construção e reforma de prédios para habitação, como melhor caminho para revitalizar a área central de São Paulo. Para o advogado, o TJ no ex-Hilton não ajuda revitalização.

  • Confira abaixo o texto na íntegra.

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TJ no ex-Hilton não ajuda revitalização

Alexandre Thiollier, presidente do Centro Novo, defende prioridade na construção e reforma de prédios para habitação, como melhor caminho para revitalizar a área central de São Paulo

A transferência dos desembargadores do Tribunal de Justiça para o prédio cilíndrico que marcou durante décadas a existência do Hotel Hilton na avenida Ipiranga vem sendo festejada como uma vitória para o processo de revitalização do Centro de São Paulo. Como presidente do Centro Novo me permito discordar dessa visão.

O Centro já abriga diversas estruturas do Poder Judiciário, entre elas o Tribunal de Justiça, por onde passam diariamente milhares de pessoas. Há também dezenas de outras repartições públicas municipais, estaduais e federais. Durante o dia, cumprem sua função mas, no final da tarde, as pessoas vão para casa, as luzes são apagadas e o Centro é entregue à sua própria sorte.

Depois de mais de um ano estudando e vivenciando as questões ligadas à área central da metrópole paulistana, concluí que a prioridade na revitalização deve ser a construção e reforma de prédios destinados à habitação. Apenas a presença constante de moradores poderá resgatar o Centro da situação em que se encontra.

No caso da ocupação do antigo Hilton pelos desembargadores do TJ, fica fácil a comparação. O prédio vai abrigar 140 desembargadores, num espaço que já teve 390 apartamentos e suítes. Se fosse um prédio habitacional, poderia abrigar cerca de 600 pessoas. Que circulariam por ali não só no horário comercial, mas também à noite.

Quando o Centro voltar a ser um bairro com residências, serviços e comércio, como já foi em seu apogeu, aí sim teremos um processo de revitalização bem sucedido. E isso pode acontecer também sem o uso de dinheiro público, que deve ser destinado a setores prioritários, como saúde, educação, transporte e segurança. A participação do poder público deve se dar no sentido de assegurar a continuidade política das ações de revitalização, por meio da criação de um órgão regulador, com fundos de desenvolvimento e imobiliário decorrentes de PPPs (Parcerias Público-Privadas) e apoio de um tribunal arbitral, para dirimir pendências originadas no percurso.

Ter a garantia de que os projetos não serão interrompidos, independentemente de mudanças de governo, é a principal exigência de investidores sérios para participar desse tipo de aplicação. Mesmo porque são projetos de médio e longo prazo, com período de planejamento, execução, maturação e retorno nunca inferior a oito ou dez anos.

Outra condição para viabilizar essa fórmula é desenvolver projetos dentro de uma área suficientemente ampla, em que cada um deles não teria necessariamente que estar ligado fisicamente ao outro, mas que estivessem todos inseridos em uma grande proposta de planejamento urbano e imobiliário não inferior a um milhão de metros quadrados. O Centro Novo, que tenho a honra de presidir, defende que os projetos de revitalização do Centro de São Paulo poderiam alcançar um perímetro total de oito milhões de metros quadrados, abrangendo uma região entre as pontes da Casa Verde e Cruzeiro do Sul de um lado, Bela Vista e Várzea do Glicério, de outro.

Como sugestões emergenciais, defendo a criação de uma polícia específica para a área central, de acordo com o conceito de perímetros blindados, garantindo a segurança da população, com atendimento social aos necessitados, em áreas determinadas que vão sendo ampliadas sucessivamente.

Proponho também a transferência das operações de logística na distribuição de alimentos, que hoje atravancam a região da Baixada do Glicério, em função das atividades do Mercadão. O Mercado Municipal deve ser apenas um showroom, um local para deleite dos paulistanos e dos turistas. A logística de abastecimento de alimentos deve ser levada para o Rodoanel, uma vez que a própria Ceasa, na zona Oeste da cidade, já se torna inviável, em função dos congestionamentos que provoca.

* Alexandre Thiollier é advogado e presidente do Centro Novo, associação sem fins lucrativos criada para defender propostas de revitalização do Centro de São Paulo.

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