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Sadia e Perdigão defendem fusão das empresas e criação da BRF

O presidente da Perdigão, José Antonio Fay, e o diretor-presidente da Sadia, Gilberto Tomazoni, defenderam nesta terça-feira, em audiência pública na Câmara, a fusão das duas empresas exportadoras de frango, aves e congelados.

Da Redação

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Atualizado às 08:23


Audiência pública

Sadia e Perdigão defendem fusão das empresas e criação da BRF

O presidente da Perdigão, José Antonio Fay, e o diretor-presidente da Sadia, Gilberto Tomazoni, defenderam ontem, em audiência pública na Câmara, a fusão das duas empresas exportadoras de frango, aves e congelados.

O objetivo do debate, realizado em conjunto pelas comissões de Defesa do Consumidor; e de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e de Desenvolvimento Rural, era esclarecer a tentativa de fusão dos grupos na indústria alimentícia Brasil Foods (BRF) e os impactos sobre o mercado de alimentos.

Os dirigentes argumentaram que a fusão significará a criação de uma das maiores e mais eficientes companhias de alimentos processados do mundo, com sede no País. Juntos, os grupos Sadia e Perdigão representam a décima maior empresa do ramo em todo o mundo.

A BRF também seria a líder no comércio mundial de proteínas animais, com capacidade de gestão para expandir-se principalmente no âmbito internacional.

Sigilo

A fusão ainda será analisada pelo Cade, órgão que disciplina a ação das empresas contra a formação de monopólios em setores da economia. O relator do processo de fusão no Cade, Paulo Furquim, esteve presente no debate, mas apenas explicou aos deputados a função do conselho, já que não poderia dar detalhes do processo por uma questão de sigilo.

A nova empresa, se for autorizada pelo Cade, terá em composição do seu capital acionário cerca de 34% de capital nacional, 31% de fundos de aposentadoria, 26% de investidores estrangeiros e 7,6% de ações emitidas por bancos americanos, as chamadas ADRs.

Prejuízos

O deputado Ivan Valente (PSOL/SP) disse que vê com preocupação a fusão das duas empresas, sobretudo para os consumidores do País. "O que nós estamos assistindo com essa fusão é o monopólio quase total de produtos alimentícios em várias áreas. São as duas maiores empresas formando, sem dúvida, um cartel, que tem capacidade pra determinar tudo na cadeia produtiva."

Na avaliação do parlamentar, a união dos grupos é "um grande prejuízo", porque, ao eliminar a concorrência na prática, prejudicará a qualidade e o preço do produto.

O deputado ressaltou ainda que há o risco de a BRF se internacionalizar e criticou o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) por considerar prioritário o uso de recursos públicos para socorrer empresas falidas. A Sadia, segundo Ivan Valente, especulou no mercado de derivativos e ficou sem crédito e com dívidas de cerca de R$ 8,5 bilhões, o que teria gerado a idéia da fusão dos grupos concorrentes.

O deputado Luis Carlos Heinze (PP/RS), ao avaliar que a fusão pode tornar a nova empresa mais saudável, destacou que é preciso atenção para que nem produtores nem consumidores sejam prejudicados.

Empregos

A garantia de emprego para os atuais empregados da Sadia e da Perdigão foi a preocupação do deputado Zonta (PT/SC), que lembrou o drama vivido pelos trabalhadores quando a empresa Saíque Chapecó fechou.

O autor do pedido de audiência, deputado Assis do Couto (PT/PR), afirmou que o processo de fusão que está no Cade "dificilmente terá volta". O deputado também ressaltou sua preocupação com o impacto que o negócio deve gerar sobre milhares de produtores e trabalhadores.

O debate foi sugerido também pelos deputados Leandro Sampaio (PPS/RJ) e Arnaldo Jardim (PPS/SP).

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