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Porandubas nº 271

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Atualizado às 07:55

E minhas ordens, tenente ?

Camilo de Holanda, presidente da Paraíba (nessa época, 1916/1920, governador era presidente), tinha uma namorada. Mas a namorada era mulher de um sargento da PM. Uma vez por semana, o tenente-comandante, auxiliar direto de Camilo, dava prontidão noturno no quartel. Uma noite, Camilo vai chegando à casa de seu amor e vê pendurado na cadeira da sala, o dólmã do sargento. Voltou furioso ao quartel :

- Tenente, e minhas ordens ?

- Que ordens, presidente ?

- Prontidão rigorosa, pois a ordem pública está ameaçada.

O tenente mandou tocar a corneta, dentro de pouco tempo o batalhão estava todo lá. De prontidão absoluta. Não faltava ninguém. Meia-noite, Camilo voltou lépido :

- Tenente, relaxa a prontidão que o perigo já passou.

O perigo era ele.

"Causo" da verve do amigo Sebastião Nery

Aposentadoria burra

Um servidor público que se aposenta aos 70 anos é a expressão burra de um país que se dá ao luxo de mandar para a cesta do lixo boa parcela de sua sabedoria e experiência. Aos 70 anos, uma pessoa continua a atravessar um fértil ciclo de vida. A aposentadoria compulsória do servidor público aos 70 anos significa também um monumental prejuízo aos cofres do Tesouro nacional. Basta ver apenas o cenário intermediário desenhado pela FIESP. A economia seria de R$ 1,4 milhão se o período de trabalho fosse estendido para 75 anos por trabalhador por ano. Em um período de 5 anos, esta economia chegaria aos R$ 2,4 bilhões, somente para o governo Federal. Projetando a moldura para Estados e municípios, a economia seria de R$ 5,6 bilhões em um período de 5 anos. Com esta radiografia em mãos, Paulo Skaf coordena um movimento pela aprovação da PEC 457/05. Propõe a alteração do art. 40 da CF relativo ao limite de idade para o servidor público se aposentar.

Operação em Campinas

A operação deflagrada em Campinas, que envolve o governador do Tocantins, secretários de Estado, deputados e empresários, para apurar fraude em licitações e lavagem de dinheiro, teve mais um episódio no STJ. O habeas corpus impetrado pelo advogado Luiz Flávio Borges D'Urso em favor do empresário José Carlos Cepera, que pleiteia sua liberdade enquanto responde o processo e ainda sustenta que a investigação é totalmente nula porque autorizada por juiz incompetente, teve seu julgamento iniciado pela 5a turma. Após sustentação oral de D'Urso, o relator, ministro Adilson Macabu, concedeu a ordem, atendendo ao pleito, seguido pelo pedido de vista do ministro Gilson Dipp.

Retrato em 3 X 4

Quatro dias em Comandatuba, conversando com empresários e políticos, propiciam aos interlocutores sentir o cheiro do tempo. Este consultor faz ligeiro resumo do que ouviu na Bahia :

- o empresariado conserva boa impressão sobre o governo Dilma;

- o estilo e tom da atual administração são mais compatíveis com o Brasil real do que o estilo/tom bombásticos do governo anterior;

- a nova governante compõe a identidade por meio desse escopo : visão técnica, controle de situações, cobrança, prioridade à aspectos do planejamento/gestão;

- há temores localizados, particularmente na frente de lutas contra a inflação;

- críticas continuam sendo despejadas às políticas de juros/câmbio, que enfraquecem a capacidade brasileira de reagir às investidas de países como a China;

- há esperança de que as reformas tributária e política avancem ; mas não se apostam em mudanças radicais;

- a imagem do Brasil perante o mundo ganha maior respeito e credibilidade.

Temer, otimista

Com a sobriedade e moderação que lhe são peculiares, o vice-presidente da República, Michel Temer, fez, em Comandatuba, uma leitura abrangente sobre o país, mostrando os avanços que permitem vislumbrar a transformação da pirâmide social em um losango. A classe média, passando a ser maior entre as classes, alargou o meio e redesenhou o formato piramidal da estrutura social do país. Mas não se negou a reconhecer a dificuldade do país em avançar nas matérias das reformas política e tributária. Michel aposta na capacidade do Brasil em superar crises e continuar ganhando posição no ranking das Nações.

Alckmin, feliz da vida

No fórum de Comandatuba, o governador Alckmin estampava permanente sorriso. Parecia viver o momento mais feliz de sua vida pública. Demonstrava confiança e segurança na conversa. E colaborou com nossas porandubas contando alguns "causos" entremeados entre as notas.

Gerdau, Brasil real

Com a sinceridade que o torna um dos mais críveis e respeitados empresários do país, Jorge Gerdau abriu o trombone das críticas contra aspectos da política econômica, cujos efeitos se fazem sentir na abertura de milhares de empregos no... exterior. O presidente do conselho do Grupo Gerdau começou a dar, como consultor informal, ajuda ao governo Dilma, tendo como foco a gestão e a competitividade. Nessa condição, poderá ajudar a administração a fazer ajustes nas políticas cambial, de juros e de incentivo aos investimentos. Enquanto tivermos baixa capacidade de investimentos, o Brasil andará a passos curtos. Gerdau bate sempre nessa tecla. Foi o mais aplaudido em Comandatuba.

Rabello, reformar a reforma

Paulo Rabello de Castro, em brilhante e objetiva apresentação, defendeu a tese de que, para se alcançar uma nova estrutura tributária, urge reformar a reforma. Significa uma arquitetura tributária que garanta conforto financeiro e segurança jurídica ; que permita previsibilidade ao erário ; funcionalidade e força aos governos e poder de competição duradouro ao país, como produtor e exportador de bens e serviços. Na visão de Rabello, três pilares devem sustentar a reforma : a renda arrecadada deve ser igual à renda transferida ; imposto sobre valor agregado duplo - incidente sobre o consumo de bens e serviços e destinado a sustentar máquinas públicas nos 3 níveis de governo e sistema tributário complementar, com apenas tributos sobre propriedade predial e sua transmissão ; taxação fundiária e automotiva, além de tributos regulatórios convencionais.

Rabello em resumo

O economista sugere quatro grupos de impostos : simplificação dos tributos em IR ; ICMS nacional ; impostos regulatórios ; e, impostos locais. O IR para financiar a atual previdência ; o ICMS para financiar União, Estados e municípios ; impostos regulatórios para financiar União e impostos locais para financiamento de Estados e municípios.

"No psicodélico"

No interiorzão de Pernambuco, o eleitor de uns bons 30 votos procurou o amigo político para pedir um "adjutório". Queria tirar a carteira de motorista, sonho de sua vida. O político agendou o exame, deu as orientações, a passagem até Recife. Tempos depois, voltando à cidade, encontrou o eleitor. E foi logo perguntando :

- Então, tirou a CNH, a carteira nacional de habilitação ?

 A resposta veio cheio de lamento e decepção :

- Que nada, doutor, não passei no psicodélico.

"Causo" do exame psicotécnico contado por Marco Maciel a Geraldo Alckmin, que o reproduziu para esta coluna.

Maia, nas alturas

Marcos Maia, presidente da Câmara dos Deputados, não deixou boa impressão. Apesar do som do ambiente não apresentar problemas, usou o microfone para gritar uma fala que mais parecia a de sindicalista em palanque. Maia queria conquistar a plateia. Ali estavam empresários e colegas de Parlamento. Não trouxe novidades. Deslizou, alto e bom som, pela névoa esgarçada das platitudes.

Silva, cercado de números

O ministro dos Esportes, o boa praça Orlando Silva, procura convencer a audiência com números, dados, projeções, enfim, uma fileira de estatísticas sobre Copa e Olimpíadas. Aprecio a palavra fácil e densa do ministro. Desta feita, confesso : não me convenci. Parecia um autômato. Montanhas de dados não dizem muita coisa quando cercadas pela seca de obras. Bastaria alguém perguntar : de tudo isso que está sendo mostrado, o que foi aplicado, o que já foi feito ?

Haddad, técnico e bom

O ministro Fernando Haddad não precisou de planilhas de apoio para circundar sobre a temática educacional. Discorre fluente sobre os temas e subtemas. Mas os buracos no sistema educacional, infelizmente, continuam sem respostas incisivas e diretas do ministro da Educação. Perguntei a um deputado petista de SP : "e aí, deputado, com esse tom, o ministro Haddad pode se habilitar à candidatura de prefeito de São Paulo, em 2012 ?" Quase cochichando aos meus ouvidos, ele respondeu : "esse ministro não tem estofo nem vontade de enfrentar as ruas. Gosta mais de gabinete". Sorriu para dizer que não acredita nesse nome, nem que seja o preferido de Lula.

"Só expectorante"

Reunião de vereadores com o chefe político da região numa pequena cidade de Pernambuco. Cada um tinha de falar sobre os problemas do município, reivindicações, sugestões, etc.. Todos falaram alguma coisa, com exceção de um deles, meio acabrunhado no canto da sala. O chefe político cobrou dele a palavra :

- E você, amigo, não tem nada a dizer ?

O vereador, tonto com a provocação, não teve saída. Respondeu :

- Não, doutor, estou apenas expectorante.

Abriu a gargalhada dos companheiros espectadores.

"Causo" do Marco Maciel e relato de Alckmin.

Tucanos, queda e ascensão

Conversei, numa noite, com os tucanos deputados Otávio Leite (RJ), 1º vice-líder do PSDB ; Bruno Araújo (PE), presidente da Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática da Câmara ; Duarte Nogueira (SP), líder do PSDB ; Antônio Imbassahy (BA) e Nelson Marchezan Júnior. Botei na roda o tema : para onde vai o PSDB ? Consenso entre eles : o partido vai cair mais um pouco no poço da crise que o aflige e, depois, subirá e alçará voo. Quando ? Não deram um prazo. Arrematei : para sair da crise, o PSDB precisa equacionar a dúvida sobre comando (Sérgio Guerra será um comandante eficaz para esse novo ciclo ?) ; a indefinição do discurso (o que dizer ?) ; a indefinição do foco eleitoral (classe média, povão ?). E acrescentei : se o PNBF continuar alto, o tucanato ficará a ver navios por muito tempo. PNBF significa : Produto Nacional Bruto da Felicidade.

Caiado e Demóstenes

Era voz corrente, nas interlocuções de Comandatuba, que o DEM está com os dias anotados e contados. Mais cedo ou mais tarde, será absorvido pelo PSDB. Quem não admite a hipótese é o bravo e sempre fluente deputado goiano, Ronaldo Caiado. Que parece o último dos guerreiros moicanos. Com suas flechas cheias de veneno para atirar no coração dos desafetos. Caiado, boa conversa, não se deixa esmorecer. E já tem candidato na ponta da língua para a candidatura presidencial do DEM, em 2014 : Demóstenes Torres (DEM/GO). O senador é preparado, sabe atirar bem e, espera Caiado, pode entusiasmar os contingentes insatisfeitos.

E o PSB, vai pra onde ?

Perguntei, de supetão, ao presidente do PSB, governador Eduardo Campos, de Pernambuco : " e aí, Eduardo, para onde vai o PSB ?" Arregalou os olhos verdes e, sob o eco da gargalhada, respondeu na lata : "eu também quero saber para onde ele vai".

Cardozo, ataque ao contrabando

José Eduardo Cardozo, ministro da Justiça, é um dos mais preparados perfis do governo Dilma. Sempre atento às conversas, gentil com todos, tem respostas prontas e objetivas para atacar as diversas frentes que compõem o escopo de sua pasta. Mas o combate às drogas e ao contrabando de armas integram o rol de absoluta prioridade das ações de segurança.

Uma barba por 500 mil

Jaques Wagner, governador da Bahia, inventou a moda : cortar a barba por dinheiro ofertado por empresas e doar a grana para instituições sociais carentes. Decidiu cortar a barba que conserva há 35 anos por R$ 500 mil. Sugeri nas redes sociais uma campanha para o corte de barbas de personalidades, a partir do patrimônio de Lula, passando pelo bigode de José Sarney. Quem quiser patrocinar o corte, mande, por favor, sua oferta.

A tucanada jovem

Bruno Araújo, o jovem deputado tucano de PE, está pensando em se lançar candidato a prefeito de Recife. Otávio Leite, o aguerrido deputado tucano, garante que será candidato a prefeito do RJ. E Bruno Covas também demonstra muita vontade de ser o candidato dos tucanos para a prefeitura de SP, em 2012. Os jovens afinam os bicos.

E os candidatos do PT ?

Carlos Zarattini, deputado Federal, garante que lutará pela candidatura à prefeito de SP. Mas, e se for Serra o candidato ? Diante da provocação, abre um sorriso, e insiste em sua candidatura. A visão geral é a de que Lula, mesmo com Serra, gostaria de lançar o ministro Haddad. Marta Suplicy, porém, acalenta o sonho. Ela já sairia com o índice de 30%. Aloizio Mercadante mais que toparia entrar no tabuleiro.

Benito : 30 bilhões no RN

O secretário do Desenvolvimento Econômico do RN, Benito da Gama, amigo e quadro competente, me diz que o RN, nos próximos anos, terá um aporte de R$ 30 bi de investimentos em grandes projetos. Tomo um susto, mas ele fez as contas, projeto por projeto. Só posso afiançar que meu Estado foi abençoado por Deus e possui riquezas fantásticas sob seu território.

Centenário de Walfredo

Semana passada, abri a coluna com uma historinha de Walfredo Siqueira, político pernambucano, de São João do Egito, no Vale do Pajeú, famoso por suas tiradas e "causos". O neto Paulo Maurício Siqueira lembra que, dia 22 de maio, se estivesse vivo, Walfredo comemoraria seu 100º aniversário. Este escriba e consultor integra-se às comemorações e saúda a família do celebrado homem público.

Conselho aos tucanos

Esta coluna dedica sua última nota a pequenos conselhos a políticos, governantes e líderes nacionais. Na última coluna, o espaço foi destinado ao ex-presidente Lula. Hoje, sua atenção se volta aos tucanos :

1. A crise que assola o PSDB ameaça se aprofundar. Urge definir comando, discurso, integração de setores e grupos, linhas de operação estratégica e tática para a campanha de 2012.

2. Enquanto as alas tucanas de SPcontinuarem a se bicar, o partido continuará atolado na lama da crise.

3. A fusão do DEM com o PSDB poderia ensejar a abertura de um novo ciclo de vida e reorganização partidária. O partido ganharia mais força.

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