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Porandubas nº 105

quarta-feira, 18 de julho de 2007

Atualizado às 08:43


VAIAS E APLAUSOS

Quase tudo já foi dito sobre as seis vaias que Lula ganhou na abertura do PAN. Lições podem ser tiradas : o político é passível de vaias, mesmo no auge da fama; vaias por ocasião de espetáculos esportivos é coisa normalíssima. O inusitado seria o silêncio. Vaia é o remédio contra a síndrome de Narciso, peculiar na esfera política. Agora, convenhamos, Lula poderia ter aberto o evento, mesmo sob vaias.


DE LIMÃO E LIMONADA

O ditador era detestado pelos paulistas. Também, pudera. Getúlio era odiado pela esquerda, direita e centro. Em 1932, Vargas combateu a Revolução Constitucionalista, movimento de oposição ao governo iniciado em São Paulo. Mas acabou, posteriormente, fazendo uma aliança com Adhemar de Barros. Numa ocasião, prestigiando o correligionário, apareceu num comício. Uma estupenda vaia o recepcionou. Sem perder o rebolado, percebeu que o microfone estava aberto e lamentou : "Como o povo paulista gosta de você, Adhemar". Gargalhadas gerais. Fez do limão uma limonada. Lula não soube usar o limão.

RELAXA E COMPRA SAI DO AR

Pois é, tiraram a propaganda da Peugeot do ar. O personagem, peruca loura e vestido de vermelho, fazia graça com os aeroportos lotados. Tirava um sarro da ministra do Turismo. E arrematava com o conselho : "Relaxa e compra". Dizem que o próprio presidente pediu para a montadora tirar o anúncio. Difícil de acreditar. Dizem também que a medida se deu porque a ministra achou o personagem muito feio. Fofocas à parte, forças ocultas tramaram a retirada da peça.

OS AGUDOS DE CIRO

Ciro Gomes, agora deputado, começou a ensaiar agudos. Diz que não aceitará vetos à sua candidatura. Ou seja, anuncia que será candidato. E, apesar de elogiar Lula, faz pesadas críticas às áreas de educação, saúde e segurança. Na bucha, diz que pioraram. E o governo fez que não ouviu. Ao contrário, Luiz Dulci, o ministro que está pertinho de Lula, avisou que ninguém queimará ninguém. E a educação, que até agora, adoça o coração do presidente, por representar uma "revolução", como fica ? E a segurança pública, para a qual Lula promete mundos e fundos ? E o que dizer da saúde que está na UTI ? Com a palavra, os ministros das respectivas áreas.

ACM NÃO ACREDITA NA CASSAÇÃO DE RENAN

Do alto de sua experiência e deitado em uma cama, no Incor, em São Paulo, o senador Antônio Carlos Magalhães ouve um colega : "Olhe, as coisas lá estão mudando. Não é bem assim. Sinto que o apoio a Renan é mais escasso". No meio da frase, a interrupção : "Não, Renan não será cassado. Anote aí. No Plenário, o voto secreto salvará o presidente da Casa". A conferir.

GIM ARGELLO

Tomar ou não posse ? Eis a questão que maltratava as convicções do suplente do ex-senador Joaquim Roriz (clique aqui). Segundo seu advogado, ex-ministro do STF, Maurício Corrêa, Argello deveria mesmo tomar posse imediatamente. Pode, agora, ser encostado no Conselho de Ética para explicar denúncias sobre sua conduta política. Na esteira do Renangate, não será fácil escapar de investigações.

REFORMA ATABALHOADA

Pois é, a Reforma Política poderá se reduzir a três pontos : aprovação da fidelidade partidária por três anos, fim das coligações proporcionais e financiamentos público e privado de campanhas eleitorais. Ou seja, poderemos ver um remendo frankensteiniano.

A CRÍTICA MAIS FERINA

Quem acabou fazendo a crítica mais ferina contra Lula foi o presidente da Organização Desportiva Pan-Americana, Mário Vazquez. Ele disse que em toda a sua vida de dirigente, nunca viu um presidente da República recusar-se a abrir os Jogos. O mundo registrou a vaia contra Lula. Magoado, ele apenas estica o tamanho da frustração.

E O PT, HEIN ?

Como se o Renangate tivesse nascido ontem, o PT bota a cabeça de fora para dizer que "Renan não pode ser linchado". Defesa atrasada. Ocorre depois de Lula ter optado pelo silêncio. Como se recorda, no primeiro momento, o presidente anunciou, alto e bom som, que todos são inocentes até prova em contrário. Uma platitude. Quando percebeu que o caso Renan assumia maiores dimensões, recuou, temendo queimar as reservas de credibilidade. E agora o PT aparece como advogado de defesa. Leitura das entrelinhas : o partido tem interesse em comandar a Câmara Alta se Renan renunciar ao comando.

UFANISMO OU UPANISMO ?

E haja neologismo. Upanismo quer dizer ufanismo no Pan. É o que as TVs abertas, como a Rede Globo, fazem. Parece que só brasileiras e brasileiros disputam o PAN. Só se vê estrangeiro jogando quando a disputa é com o Brasil. Pan, pan, pan, pan.

MENOS POBRES

O Centro Internacional de Pobreza, instituição de pesquisa do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), garante : 27% dos pobres das áreas urbanas do Brasil conseguiram sair da situação de pobreza em dez anos. Os 73% restantes teriam ficado estagnados "em uma situação de pobreza crônica". A pesquisa utilizou dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) de 1993 a 2003 e dividiu a população urbana adulta em 180 grupos, de acordo com o ano de nascimento, sexo, cor, escolaridade e região de domicílio. O programa Bolsa-Família está por trás disso.

O MARACANÃ

O Maracanã vaia minuto de silêncio e até mulher nua. O grande Nelson Rodrigues conhecia a alma brasileira. Há quem garante que, passando por lá, não receberam vaias o Papa João Paulo II, o ditador Médici, Frank Sinatra e o Pelé. O homem e suas circunstâncias - essa é a moldura para vaias e aplausos. Depois de desprezar a filha Sandra, ex-vereadora em Santos e falecida, fruto da união que teve com uma empregada doméstica, Pelé seria aplaudido ? Médici, o torcedor do Grêmio, também conhecido como o "Carrasco Azul", ganharia aplausos ?

CUT E FORÇA SINDICAL JUNTAS

A proposta do governo federal de contratar servidores públicos seguindo as regras da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) une, mais uma vez, a CUT e a Força Sindical. A questão poderá esbarrar nos Tribunais. A CUT alega que a proposta acaba com a estabilidade dos trabalhadores e isso tornaria o serviço público vulnerável, na medida em que cada governante poderá utilizar de política que altere esse quadro de funcionários. A conferir.

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