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Do papiro ao software ecológico

Rubens Manino

O mais antigo papiro que se tem notícia data de 2200 a.C. De lá para cá, o ser humano consagrou o papel e lhe deu as mais diversas utilizações. Entretanto, seu uso exacerbado e crescente, aliado a outras utilizações da madeira, também fez crescer os desmatamentos.

sexta-feira, 15 de abril de 2005

Atualizado em 14 de abril de 2005 13:14

Do papiro ao software ecológico


Quem diria? A tecnologia pode ser uma alternativa ao desperdício de papel e assim, contribuir para a preservação das florestas

Rubens Manino*

O mais antigo papiro que se tem notícia data de 2200 a.C. De lá para cá, o ser humano consagrou o papel e lhe deu as mais diversas utilizações. Entretanto, seu uso exacerbado e crescente, aliado a outras utilizações da madeira, também fez crescer os desmatamentos. Para se ter uma idéia, a taxa anual de desmatamento da Amazônia Legal para o período de agosto/2001 a agosto/2002 - chegou a 25.500 km2, o que equivale a 5,1 milhões de campos de futebol, um aumento de 40% em relação ao ano anterior.

É válido, portanto, buscar alternativas viáveis para reduzir seu uso. É o setor corporativo que mais utiliza papel e, infelizmente, há desperdício. Imprimem-se documentos, arquivos, rascunhos, e-mails e tantos mais, para ler, fazer anotações e, depois, jogar no lixo. E, dependendo do ramo de atividade, o uso e o descarte de papel é ainda maior. É o caso da área jurídica. As advocacias e fóruns estão abarrotados de processos, despachos, petições de todos os tipos, em papel. E os rascunhos que foram para o lixo antes disso são incontáveis.

Mas, já se nota a substituição do papel, senão definitiva, pelo menos de forma significativa. E, quem diria? É a tecnologia que vem fornecendo paulatinamente recursos para isto e, assim, contribuído para diminuir o uso desmedido e, por conseguinte, o desmatamento das florestas. A ajuda vem dos, por assim dizer, softwares ecológicos que compartilham informações, digitalmente, e fazem circular documentos e conhecimentos para os profissionais envolvidos darem seu parecer, eliminando sucessivas cópias em papel durante o processo.

Existem também programas que gerenciam o fluxo e padronizam os processos de trabalho e reduzem em mais de 30% o volume de papel. Escritórios de advocacia que automatizaram também os processos administrativos conseguiram atingir uma redução ainda maior, chegando a 35%. Por sua vez, as publicações no Diário Oficial que, antigamente, seguiam para os advogados em papel, hoje chegam por e-mail; a certificação digital, além de toda comodidade e avanço que representa, é também um aliado ecológico, uma vez que elimina o uso desnecessário. O e-mail também reduziu consideravelmente o uso do fax e os scanners de mão eliminaram a necessidade de cópias em papel de andamentos e peças processuais nos fóruns.

Parece pouco, mas se trata de um grande alento para a natureza. Gradativamente, mais e mais corporações aderem aos meios eletrônicos e às soluções que, além de imprimir eficiência aos processos de trabalho, reduzem o gasto excessivo do papel. Sabemos que é impossível abolir o seu uso, mas é viável implantar processos que garantam o uso consciente. Em última instância, trata-se de uma nova conformação em que as maiores mudanças ainda estão por vir.

É bem verdade que nos últimos anos, com o crescimento do número de madeiras de reflorestamento e com a reciclagem do papel e do papelão, houve redução nos desmatamentos predatórios para retirada da celulose. Entretanto, ainda é pouco. Segundo o Fundo Mundial para a Natureza (WWF), o Brasil tem a maior taxa de desmatamento do mundo. A mata Atlântica, por sua vez, é uma das áreas mais atingidas pelo desmatamento no País. Já a Mata de Araucária, encontrada na região Sul e parte do estado de São Paulo e cuja espécie dominante é a Araucária Angustifólia, ou Pinheiro do Paraná, tem uma variada utilização na indústria de móveis, construção civil, e fábricas de papel e celulose. Por ser a principal fonte produtora de madeira do País, essa mata quase foi completamente extinta. (Fonte: Almanaque Abril -1999 e 2000)

E, apesar da conscientização das pessoas sobre os danos causados pelo desperdício de papel, não é nem de longe suficiente. O desmatamento é tão grave que coloca em risco a biodiversidade e fontes vitais como o ar e o solo além de desequilibrar o ecossistema. É por isto que a tecnologia coloca-se como uma alternativa. Não única, mas importante na preservação das florestas.

De fato, a preocupação com a natureza parece ser recorrente em nossos dias. Há um sentimento generalizado e uma unanimidade sobre as conseqüências que a destruição dos recursos naturais acarreta para a vida no planeta. A necessidade de preservação dos recursos naturais é evidente. Todos sabem (embora nem sempre pratiquem) que o desmazelo e o prolongado pouco caso com a natureza levaram muitos animais à extinção; que a água potável é um recurso esgotável; que a poluição dos rios e do ar e a contaminação do solo e dos oceanos com produtos tóxicos trazem danos irreparáveis para a saúde.

Neste contexto, cabe a cada um, principalmente as corporações, fazer sua parte. O desperdício de papel colabora para a destruição das florestas, o que pode varrer do planeta muitas espécies da flora e da fauna.
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*Artigo publicado dia 9/4 no JB
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*Sócio fundador da BCS Informática













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