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O profissional de Relações Institucionais e Governamentais

Ana Paula Abritta e Verônica Prates

O profissional de hoje, afinal, é também o profissional do futuro. Muitos de nós estaremos ativos em 2040 e 2050, e se manter no mercado é, e continuará sendo, uma questão de conseguir acompanhar seu dinamismo. Para atingir este objetivo, liderança, autonomia e motivação continuarão entre as habilidades profissionais primordiais para o nosso sucesso.

segunda-feira, 22 de abril de 2019

Atualizado em 17 de abril de 2019 17:12

Alguns levantamentos apontam para um universo de mais de 90 mil profissionais1 exercendo atividades de Relações Institucionais e Governamentais (RIG) no Brasil. Conforme empresas de recrutamento apontam, o mercado segue aquecido e tende a continuar crescendo pelos próximos anos. Por outro lado, a produção teórica e acadêmica sobre a área ainda é incipiente no País, assim como o conhecimento da população em geral sobre o seu papel. Ainda, há também a discussão sobre a regulamentação da atividade, cujo principal projeto de lei data de 2007. 

O profissional de hoje, afinal, é também o profissional do futuro. Muitos de nós estaremos ativos em 2040 e 2050, e se manter no mercado é, e continuará sendo, uma questão de conseguir acompanhar seu dinamismo. Para atingir este objetivo, liderança, autonomia e motivação continuarão entre as habilidades profissionais primordiais para o nosso sucesso. É importante destacar ainda que sua imagem e reputação, ativo fundamental na atividade, nada mais é do que a consequência do acúmulo de experiências e interações que o profissional vivencia diariamente. E vale lembrar que uma das principais ferramentas utilizadas na defesa de interesses, o lobby, já traz a sua carga de preconceitos e desinformação a ser superada. 

O papel do lobby convencional, aqui entendido como uma atividade ética e legítima, sem dúvida permanecerá na rotina do profissional de RIG. Porém, soma-se a ele muito mais estrutura e técnica do que antes era imaginado. Para se diferenciar, seja em consultoria, seja dentro de organizações, é exigido que o profissional apresente resultados concretos.

É uma área de atuação extremamente multidisciplinar, em que as habilidades de relacionamentos interpessoais precisam ser combinadas à capacidade de gerir projetos, lidar com uma ampla gama de temas complexos sob pressão, e comunicar efetivamente informações dentro e fora da organização. De fato, as estruturas da área de RIG são das mais diversas, e os tamanhos das equipes também. O que há em comum é a necessidade de engajar atores externos não só de governo, mas também internos, e ser capaz de construir pontes entre todos os envolvidos no projeto, independentemente de hierarquia. 

As habilidades essenciais contribuem diretamente para o sucesso destes relacionamentos. A liderança vai muito além da vocação para gerir equipes. Antes de delegar e direcionar colegas de trabalho, o profissional que saiba exercer a autoliderança terá um diferencial. Entender que o maior fator de crescimento profissional será a partir da autocrítica e de sua desenvoltura para planejar e investir em si mesmo seria o ápice para sua manutenção no mercado de RIG do futuro. 

Mas, qual a melhor formação acadêmica para atuar na área? Diversos artigos abordam características de profissões e avanços tecnológicos que devem ser dominados para que uma pessoa seja considerada um profissional talentoso nos próximos dez ou 15 anos. De fato, esperase que cursos de especialização sejam cada vez mais disputados e os moldes do currículo mais ajustados às demandas concretas do mercado. 

Ainda assim, a verdade é que muitas das habilidades necessárias não serão ensinadas em sala de aula. É aqui que entra a capacidade de autonomia do profissional. No sentido literal da palavra, a habilidade de governar-se pelos próprios meios. Entender que o indivíduo trabalha para si mesmo, independentemente da empresa com a qual está comprometido, também se torna um diferencial em um determinado momento. O que pode ser observado cada vez mais nos novos ingressantes no mercado de trabalho é que trazem em si o "propósito", a sensação de que se está promovendo mudanças positivas, a crença de que se atua por um bem maior, o que tem grande aderência às atividades de RIG. 

Finalmente, mesmo vindo de perspectivas e frentes diferentes da área, é certo que para ser bem-sucedido e, acima disso, para se manter motivado e feliz com esta ocupação, o profissional deve estar convicto de sua relevância para a construção de políticas públicas mais qualificadas e de sua contribuição para um ambiente regulatório favorável ao desenvolvimento de negócios no país. A defesa de interesses é condição imprescindível para o avanço da sociedade em democracia. 

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1 Quem são os lobistas brasileiros

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*Ana Paula Abritta é coordenadora da equipe de relações governamentais da BMJ Consultores Associados.

*Verônica Prates é coordenadora de relações institucionais da BMJ Consultores Associados.

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