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"André Di Rissio" o jovem delegado injustiçado

É de uma estupefação incrível, de uma arbitrariedade inaceitável, que há muito tempo não se via, é como se estivéssemos ainda no auge da repressão do regime da ditadura militar e do AI 5, o que fizeram e continuam fazendo com o jovem Delegado de Polícia, André Luiz Martins Di Rissio Barbosa. Está detido em prisão preventiva há mais de noventa dias no Presídio da Polícia Civil, na Avenida Zaki Narchi, por ter sido apanhado em flagrante em seu confortável apartamento no Morumbi, onde mora com a esposa Milene, também delegada, e a filhinha Maria Eduarda, de seis ou sete meses de idade, por possuir em sua casa um revólver calibre 22. Ele, que é Delegado de Polícia, cometeu o "crime" tipificado como posse irregular de arma de fogo.

segunda-feira, 9 de outubro de 2006

Atualizado às 08:25


"André Di Rissio" o jovem delegado injustiçado

 

Cássio Portugal Gomes Filho*

É de uma estupefação incrível, de uma arbitrariedade inaceitável, que há muito tempo não se via, é como se estivéssemos ainda no auge da repressão do regime da ditadura militar e do AI 5, o que fizeram e continuam fazendo com o jovem Delegado de Polícia, André Luiz Martins Di Rissio Barbosa. Está detido em prisão preventiva há mais de noventa dias no Presídio da Polícia Civil, na Avenida Zaki Narchi, por ter sido apanhado em flagrante em seu confortável apartamento no Morumbi, onde mora com a esposa Milene, também delegada, e a filhinha Maria Eduarda, de seis ou sete meses de idade, por possuir em sua casa um revólver calibre 22. Ele, que é Delegado de Polícia, cometeu o "crime" tipificado como posse irregular de arma de fogo.

 

É verdade! O Delegado André Di Rissio foi preso por ter sido encontrado em sua casa um pequeno revolver calibre 22! Entre os dias 10 a 15 de julho último, não sei precisar com exatidão o dia do mês, os três e mais a babá foram acordados e surpreendidos de madrugada por uma batida composta por oito tiras federais, acompanhados de um representante do MP federal, em mais uma espalhafatosa operação da Polícia Federal, em que os federais portando máscaras e fortemente armados, com metralhadoras, rifles e pistolas automáticas, buscavam mercadorias "contrabandeadas", tais como DVDs, computadores, notebooks, etc., que esperavam encontrar na casa do delegado, suspeito de fazer parte de uma quadrilha acusada de facilitar, no Aeroporto de Viracopos, a entrada de contêineres carregados dessas mercadorias. Como nada encontraram, é óbvio, prenderam o delegado sob a acusação do crime de posse irregular de arma.

 

Vasculharam o apartamento e como não encontraram o que procuravam, mas precisando justificar a sigilosa (!) e espalhafatosa operação surpresa e atender a mídia adredemente avisada para lá comparecer, apreenderam três ou quatro relógios de "grife" e dois carros marca "Jaguar" estacionados na garagem do edifício. As fotos estampadas em alguns jornais e veiculadas em noticiários televisivos, mostraram e deram margem ao prejulgamento do delegado André Di Rissio. Rendeu muita mídia e uma matéria de capa na "VEJA São Paulo, sob o título "O delegado play-boy". Não há qualquer evidência ou prova das acusações que lhe são imputadas e a transcrição de escutas telefônicas nada contem que possa ser enquadrado como crime.

 

Conheço André Di Rissio há muitos anos e tenho o prazer e a honra de privar de sua amizade e freqüentar a sua casa com minha mulher, tendo comparecido a vários jantares e encontros sociais em que ele e Milene praticam com maestria a arte de bem receber. Exímios anfitriões costumam convidar amigos de atividades e idades variadas, incluindo profissionais liberais, advogados, médicos, professores de direito, empresários, que se sentem inteiramente à vontade e desfrutam momentos alegres em conversas sadias nas agradáveis reuniões promovidas pelo simpático casal. André é Mestre em Direito Penal e professor em várias Faculdades, sendo delegado de polícia há certa de doze anos. No final de 2005 venceu democraticamente as eleições, tornando-se Presidente da influente Associação dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo. Carismático ao extremo, afirmou-se merecidamente como nova e promissora liderança da classe, tendo deflagrado na campanha como bandeiras de sua gestão três pontos: (i) adequar a remuneração dos delegados estaduais a níveis dignos da importância do cargo daqueles que são os principais responsáveis pela segurança de toda a população; (b) garantir a prerrogativa de mandamento constitucional, segundo o qual o inquérito ou investigação policial deve ser conduzida pelo delegado e investigadores de polícia.

 

O Ministério Público pode acompanhar a investigação, mas quem a comanda é o Delegado de Polícia; (iii) fazer prevalecer o princípio lógico de que o Secretário da Segurança Pública deve ser preferencialmente um delegado ou um operador do direito, um advogado, mas não necessariamente como tem acontecido com freqüência nos últimos anos, um membro do Ministério Público. Cada um na sua área de atividades, i. é, o delegado faz o inquérito e indicia, se for o caso, e o promotor oferece a denúncia e fiscaliza a ação penal, caso esta venha a ser aceita pelo Juiz.

 

Em seu discurso de posse, no mês de fevereiro deste ano, em memorável solenidade super concorrida no Hotel Maksoud, com a presença maciça de desembargadores do Tribunal de Justiça, deputados federais e estaduais, ex Secretários de Estado, mas nenhum da SSP-SP, o jovem novo Presidente foi contundente na apresentação dos pontos que iria e vinha desenvolvendo em sua gestão, até que ocorreu a tragédia de sua inexplicável e inaceitável prisão preventiva, que estranhamente já dura mais de noventa dias. Conclamo todos aqueles que tiveram o privilégio de conhecer André Di Rissio, especialmente advogados, membros do poder judiciário, delegados e outros que defendem o Estado de Direito, que se unam para formarmos uma frente destinada a tirar André da prisão e resgatar a sua imagem. Trata-se de uma liderança incontestável, que tem brilhante carreira na vida pública pela frente e que, em razão de sua vontade e competência, tem muito a oferecer em matéria de serviço público a todos nós.

 

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*Advogado do escritório Novaes e Roselli Advogados

A mensagem acima contém opiniões pessoais minhas e não representam necessariamente a opinião do escritório de advocacia do qual sou sócio nem do órgão público do qual sou servidor.
 









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