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Reflexão Jurídica: tendências e desafios frente à tecnologia

Web Summit 2019 Lisboa

segunda-feira, 18 de novembro de 2019

Atualizado às 11:22

Na semana de 03/11/19 a 10/11/19, tive a oportunidade de estar imersa no maior evento de tecnologia da Europa, o WEB SUMMIT 2019. Observei neste evento uma concentração de gigantes de organizações globais, chefes de estado, startups nos mais variados níveis de amadurecimento e palestrantes conhecidos mundialmente, tudo isso distribuído em um big espaço de cinco pavilhões, além da Arena Altice e mais de 70 mil participantes de todo o mundo. Sim, muita agitação, pessoas circulando freneticamente, mentes borbulhando, conteúdo distribuído por áreas, painéis com Pitchs ou debates inerentes aos mais diversos assuntos - o mundo está acelerado. Isso mesmo, acelerado!

Estávamos num ambiente para quem procura inovação, atualização, inspiração e reflexão, nunca tão necessários dentro de um mundo globalizado e de exacerbada concorrência. E aqui vale trazer uma interessante experiência que vivenciei em meio àquele frenesi: fomos convidados a visitar um pequeníssimo stand de uma Startup de jovens com menos de 30 anos, uma plataforma digital originária da Romênia. Curiosa, fui até lá e os ouvi por rápidos 15 minutos. O propósito do ousado projeto é uma ferramenta que permite dar suporte aos advogados, conectando-os a futuros clientes, proporcionando ganho de tempo e aumentando rapidamente seu portfólio. Como? A ferramenta fica responsável por linkar, de forma remota, advogados e clientes que ainda não se conhecem para, a partir daí, dentro da plataforma, desenvolverem o seu trabalho, recebendo por ele e, curioso, dividindo dentro dessa plataforma questões confidenciais, que tanto são regulamentadas pelos órgãos de classe, como leis maiores, tal qual a Lei Geral de Proteção de Dados.

E dali, pude levar, na mesma semana, as experiências que vivi no Web Summit e, em especial, a da tão ousada Legal Startup, para alguns colegas advogados de grandes bancas de Portugal, em visitas aos seus escritórios, de parcerias presentes e futuras. E o quão surpresos ficaram, à unanimidade, com a novidade. Eu dizia que no Brasil, por toda legislação existente, a Startup estaria fadada ao insucesso ou, ao menos, precisaria de mais uns bons anos para, amoldando-se à nossa realidade, avançar com o seu tão inovador e tecnológico propósito. Afinal, é o que a globalização vem impondo. E meus colegas diziam o mesmo em relação a Portugal, mas lembravam que num país do leste europeu, como a Romênia, com perfil tão distinto, país "novo", mais aberto e famigerado por investimentos externos, poderia ter chance de vingar.

E as observações entre mim e os colegas portugueses a respeito desta novidade não pararam por aí. Levantamos outras questões que nos incomodaram: o contato pessoal, olhos nos olhos com os nossos clientes? A relação de confiança que, às vezes, demora um tempo para ser construída? A criatividade e experiência que utilizamos ao longo de nossas carreiras para dar suporte aos nossos clientes? E o compromisso em honrar com a confidencialidade?

E entre um café e outro fomos trocando outras experiências vividas no nosso dia a dia.

Desse manancial de novidades que pude conhecer e vivenciar  nos dias de Web Summit, me senti à mercê dessa nova etapa da evolução tecnológica e, por conseguinte, humana, que nos coloca à prova diariamente - intercalada aos nossos compromissos jurídicos, também diários, de emissão de consultas e pareceres, participação em audiências e reuniões com os nossos clientes - frente a frente com  esse não tão novo mundo, mas a obrigação de  mantermos os princípios fundamentais do bom exercício da advocacia que, tenhamos certeza, jamais seremos substituídos pelos nossos tão respeitados robôs.

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*Adriana Adani é sócia do Adani e Carvalho Advogados.

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