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Ivo Viu a Uva. Ou o Ovo.

E então, vamos festejar o Dia Nacional do Ovo? E porque não incluirmos também no calendário o Dia Nacional do Galo e o Dia Nacional da Galinha? Afinal sem esses dois não há ovo. Palmas para os nobres deputados!

sábado, 14 de junho de 2014

Atualizado em 13 de junho de 2014 09:47

Nesse nosso intermitente devagar quase parando, e agora parando mesmo, até que se saiba quem venceu a Copa e quem perdeu as eleições, eis que o povo brasileiro, por seus ínclitos representantes e bastante procuradores, ocupa o ultimo dia reservado para ser útil no período e sobrestando tudo o que, embora bem devagarinho, seguia andando, produz a fagulha e incendeia o debate em torno do PL instituindo o Dia Nacional do Ovo.

Mas que ovo, excelências, iremos festejar?

Provocou um nobre deputado lá no fundo onde se aninham em cochichos os plantonistas do famoso baixo clero. A pergunta ecoou como um grito de imensurável dúvida parada no ar. Num ambiente como o do parlamento há que se preservar o respeito. Ninguém quis avançar querendo decifrar a origem do ovo a ser comemorado.

Ainda hoje segue sem elucidação a antiga dúvida - afinal, o que veio primeiro? O ovo ou a galinha? Ovíparos não são apenas os galináceos. Também os repteis e daí o temido ovo da serpente. Repteis como as serpentes, ainda bem, põem menos ovos do que, por exemplo, os peixes e os anfíbios.

Os peixes como os galos não põem ovos. Suas fêmeas, por obvio, sim. O da galinha chama-se ovo. O da mulher do peixe chama-se ova. Daí dizer-se que isso ou aquilo é uma ova. Que eu também, por mais que a Catarina ache que eu sei tudo, não sei.

A principal justificativa para a lei incluindo no calendário o Dia Nacional do Ovo é que precisamos comer mais ovo.

No Japão o consumo de ovo é de um por dia por cada pessoa. Seguindo esse exemplo da terra do sol nascente, onde a expectativa de vida com boa saúde beira os 100 anos, gastaremos menos com remédios e tratamentos, economizando para investimentos na educação.

Em Gotham City ainda vive um cientista político, aliás, cientista e politico, chamado Dr. Ivo Robotinik cuja cabeça lembra um ovo, o que lhe valeu o apelido de Dr. Eggman. E é assim que ele prefere ser chamado.

O Batman sabendo que o fim do reinado do Dr. Eggman está próximo parece nem mais se incomodar com ele. Mas o doutor não admite que algum dia irá morrer. Obcecado pela imortalidade tem inventado tipos à sua imagem e semelhança.

Com sucatas velhas achadas num lixão da NASA e chips contrabandeados da NSA criou um robô, calma, uma roboa (como é mesmo o feminino de robô? Lx&vs%$m? Não. Isso não.). Não deu certo. Partiu pra outra.

Inspirado em animais lendários de série de TV em temporada final, o doutor cabeça de ovo inventou o Egg Hawk. Quando já estava virando sucata resolveu reciclá-lo. O resultado não homenageia a evolução das espécies.

Evolução das espécies, uma ova!

Falando agora em ova, o Gago famoso pela peixada que a Dona Engrácia, sua mulher, e só ela sabia fazer no bar que os dois mantinham na praia do Olho Dágua, gostava de servir ova de pescada amarela frita no azeite de babaçu como antepasto. E não se cansava de falar inclusive para senhoras, inclusive as pudicas, aparentemente pudicas, sobre as propriedades afrodisíacas das ovas.

No mar Cáspio há um peixe chamado esturjão, que chega a pesar até mais de uma tonelada. As ovas da fêmea são 10% proporcionais ao peso. É de lá o mais requintado e mais caro condimento dos antepastos dos ricos, o popular caviar.

Mas que ova que nada. Os nossos ínclitos e nobres e atentos e solidários deputados estão querendo que a população coma é ovo.

E então, vamos festejar o Dia Nacional do Ovo? E porque não incluirmos também no calendário o Dia Nacional do Galo e o Dia Nacional da Galinha? Afinal sem esses dois não há ovo. Palmas para os nobres deputados! Instigaria o Chacrinha. Palmas.

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* Edson Vidigal é ex-presidente do STJ e professor de Direito na UFMA.

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