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O impacto dos conflitos africanos: um minuto pela paz

Paula de Carvalho Santos Goiana

Chegamos ao século XXI. Como mostravam os filmes de antigamente, nas décadas de 60, 70 e 80, o presente século seria aquele onde existiriam naves espaciais sobrevoando o céu, onde os seres humanos estariam cheios de maquinarias mais do que especiais que fariam praticamente tudo, os carros teriam "super poderes" e seriam capazes de voar como aviões, o meio ambiente seria abundantemente moderno, livrando a idéia da pobreza e da penúria e, enfim, a Terra seria o palco vivo da série de animação americana "Os Jetsons".

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2007

Atualizado em 19 de janeiro de 2007 11:06


O impacto dos conflitos africanos: um minuto pela paz

Paula de Carvalho Santos Goiana*

Chegamos ao século XXI. Como mostravam os filmes de antigamente, nas décadas de 60, 70 e 80, o presente século seria aquele onde existiriam naves espaciais sobrevoando o céu, onde os seres humanos estariam cheios de maquinarias mais do que especiais que fariam praticamente tudo, os carros teriam "super poderes" e seriam capazes de voar como aviões, o meio ambiente seria abundantemente moderno, livrando a idéia da pobreza e da penúria e, enfim, a Terra seria o palco vivo da série de animação americana "Os Jetsons".

Todavia, esse não é em todo verdade o cenário que vivemos e presenciamos hoje. O mundo pode estar mais sofisticado, mais globalizado, com tecnologias e novidades que transformam hoje o ambiente numa era digital, mas carece de uma série de elementos essenciais para a continuação de nossa existência.

Atualmente estamos cercados da miséria, da fome, do terrorismo, da falta de solidariedade de muitos, da corrupção, da greve, do ódio, da ambição, da inveja e de muitos outros fatores que geram negatividade. Quantos acontecimentos já não foram registrados atestando que isso faz parte do que o homem vive hoje e do que ele fez acontecer? A população parece estar em pé de guerra a todo momento, seja no Brasil, através dos atos de corrupção; na África, através de miséria; nos Estados Unidos da América, com o terrorismo; no Oriente, com os intermináveis conflitos; na França, com manifestações pela defesa de direitos sociais e em muitas outras regiões.

Um exemplo que tirou a vida de mais de 800 mil pessoas e que chegou a ser tema de filme foi o ato genocida que ocorreu em Ruanda, no continente africano, no ano de 1994. O genocídio ocorreu sob o olhar indiferente do mundo. A guerra se deu entre as etnias hutu e tutsi, gerando um dos conflitos mais sangrentos que a África já registrou.

Vergonhosamente a atrocidade não foi combatida por nenhuma intervenção de órgão de segurança mundial. A Organização das Nações Unidas - ONU - manteve-se inerte diante da situação, abandonando milhões de mulheres, homens e crianças inocentes, que tiveram seu sangue derramado a troco de uma atitude de descomedida covardia. A notícia chegou aos olhos do mundo através da televisão. Quem assistiu ficou chocado, perplexo e impressionado com o que ocorreu. Alguns devem ter sentido pena daqueles que se foram e sentiram-se na vontade de ajudar mais ao próximo, de ter a iniciativa de promover a paz e de mudar a sociedade, outros nem tanto. E a vida continuou, o tempo passou, a história foi acontecendo, sendo transformada, criada e registrada nos livros para lembrança eterna.

Ano de 2006. Darfur, África. Condições realmente miseráveis, medo, humilhações, guerras, impactos sangrentos, choro, gritos, maus-tratos, doenças e morte. Parece que estamos parados no tempo e de certa forma que fomos remetidos ao que houve em Ruanda, no século passado. A situação já vai tomando seu espaço há 3 anos no oeste do Sudão e parece não ter fim.

Darfur é uma região do tamanho da França na fronteira com o Chade, que sustenta um sangrento conflito que, dia após dia, piora, complicando cada vez mais todas as tentativas de pacificação. Esse território tornou-se notícia em 2003, quando teve início uma luta armada protestando a pobreza e a marginalidade impostas à região. Muitos foram mortos e outros tiveram que retirar-se de suas próprias moradias para poderem salvar suas vidas longe do conflito. Em 2004, a ONU classificou o fato como "a pior crise humanitária do mundo".

Os acordos de cessar fogo aconteceram e continuam a ocorrer, mas a situação resiste. A população mundial já acorda para fazer doações e ajudar aqueles que precisam e que morrem, literalmente, de fome, mas a ajuda que chega é insuficiente e às vezes tardia para salvar os necessitados. A ONU já não está mais omissa como esteve em Ruanda, trabalhando para que haja paz e monitorando a situação de perto. Contudo, a realidade continua e é algo que deve ser encarado com urgência pelo governo do Sudão e pela comunidade internacional.

A exposição dos fatos descritos merece suscitar o bordão "A que ponto iremos chegar?". Uma palavra tão simples, tão poderosa, tão cheia de amor e caridade, querida e aspirada por todos - a PAZ -, parece distanciar-se cada vez mais da realidade. Será que é realmente tão difícil conseguir essa tão sonhada paz? Não. Basta querer e ter a vontade de sustentá-la na prática.

O mundo ainda não está totalmente perdido como, de quando em vez, dizem muitos. Ainda há pessoas boas, capazes de mudar a situação que hoje assola a população mundial. Dentro de cada um, seja aquele que propaga o bem e até mesmo aquele que faz o mal, há sempre a semente da paz, do desejo do bem e da fraternidade. O grito maior da paz ainda irá prevalecer sobre todo o mal existente. Até lá, tem-se um longo caminho a ser percorrido, mas se acreditarmos, não estará tão distante como parece estar.

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* Bacharelando em Direito na Universidade de Fortaleza






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