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Nativos digitais: quem são e o que querem (Parte I)

1. Da informação ao conhecimento. Escreveu Joseba Elola (El País de 21.12.08, p. 30) que "nativos digitais", de acordo com Marc Prensky (que criou a locução em 2001), são as pessoas que cresceram em contato (diuturno) com a internet. Já nasceram ou pelo menos cresceram na era cibernética. Para eles não existe vida sem internet, sem redes sociais, sem comunidades, sem links, sem clics.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Atualizado em 20 de outubro de 2009 11:03


Nativos digitais: quem são e o que querem (Parte I)

Luiz Flávio Gomes*

1. Da informação ao conhecimento. Escreveu Joseba Elola (El País de 21/12/08, p. 30) que "nativos digitais", de acordo com Marc Prensky (que criou a locução em 2001), são as pessoas que cresceram em contato (diuturno) com a internet. Já nasceram ou pelo menos cresceram na era cibernética. Para eles não existe vida sem internet, sem redes sociais, sem comunidades, sem links, sem clics. Os nativos digitais possuem uma enorme habilidade para fazerem múltiplas conexões simultâneas, sendo capazes de, ao mesmo tempo, ter o celular numa mão, um mouse na outra, zapear vários canais de televisão, ouvir ou baixar uma música, conversar com alguém em seu ambiente espacial, responder a um terceiro no chat etc. Esse é o nativo digital, que poderia ser chamado de homo conexionis. Ele é muito mais informado que os jovens das gerações anteriores. Não há dúvida nenhuma.

Mas deveria estar prestando atenção (sempre) no seguinte: ter contato com uma realidade não significa conhecê-la plenamente. Obter um dado de uma coisa não significa que você está informado; ser informado não significa naturalmente ter conhecimento. Cliff Stoll, um astrônomo norte-americano, disse: "Dado não é informação, informação não é conhecimento, conhecimento não é sabedoria". Aprofundando um pouco mais diríamos: dado não é informação, informação não é conhecimento, conhecimento não é experiência, experiência não é sabedoria. Mas você pode sair do dado e chegar na sabedoria (paulatinamente, degrau por degrau). Tudo depende do seu temperamento, das suas ambições, da sua curiosidade, da sua criatividade.

2. Conhecimento é compreensão e memorização. Os nativos digitais (plenos ou semi-plenos) andam conectados o tempo todo, sentem (talvez) menos solidão que as gerações anteriores (são mais solitários, mas sentem menos solidão), porque participam de incontáveis comunidades sociais, sabem tudo da vida dos "amigos" (às vezes sem nunca ter visto de perto esse "amigo"), sabem o que (de mais relevante) está ocorrendo na sua cidade, no seu país, no planeta, contam com acesso rápido a todas as informações (é um clic e já está!). Mas o sucesso (pessoal e/ou profissional) exige mais que saber tudo superficialmente, exige conhecimento.

E o conhecimento pressupõe (pelo menos) duas coisas:

(a) compreender a informação (com a qual você está tendo contato) e

(b) memorizar essa compreensão.

Se você entrou em contado com um dado ou com uma informação e não o entendeu bem, não vai registrá-lo adequadamente. Pode até retê-lo (em sua memória), mas seria melhor que o esquecesse (porque não foi bem compreendido). Depois de bem captar uma informação ou um dado, fundamental é guardá-lo na memória (para poder utilizá-lo quando necessário). E a memorização, com frequência, exige repetição.

Nossa dica: no momento em que você está captando (e bem entendendo) uma informação ou um dado, esforce-se para memorizá-lo como se você tivesse que dar uma aula ou fazer uma exposição (sobre o assunto) no dia seguinte. Com isso você aumenta (muito) sua capacidade de retenção. Conhecer é compreender + memorizar.

3. Talento + esforço = superioridade. Um grande volume de nativos digitais está começando a chegar para o seu primeiro emprego (privado ou público), isto é, eles estão começando a se deparar com seus primeiros desafios relacionados com a empregabilidade (estágios, trainees, primeira colocação profissional, primeiro concurso público, exame da OAB etc.). O sucesso profissional normalmente é muito difícil para todos. Em regra, não cai das nuvens. Todas as gerações (salvo momentos excepcionais de abundância de empregos, concursos etc.) enfrentaram problemas nesse item. Com certeza não será (não está sendo) diferente com os "nativos digitais" (apesar da sua intimidade e superioridade cognitiva na área da tecnologia). Mas o que faz a diferença? Não é só o talento, é também (e sobretudo) o esforço (a dedicação, o treinamento). Só o talento não basta. Só o esforço não há brilho.

Baltasar Gracián (sacerdote jesuíta, nascido em 1601 na Espanha, é considerado um dos mais grandes sábios do Ocidente) em A arte da sabedoria diz: "Esforço e talento: não há superioridade sem essas duas qualidades. Havendo ambas, a superioridade supera a si mesma. Os medíocres que se esforçam conseguem mais do que os superiores que não o fazem". Mas qual é o problema? Ele completa: "É que o esforço depende quase sempre do temperamento de cada um. Contentar-se em ser medíocre numa tarefa inferior (ou não fazendo nada), quando se pode ser excelente numa atividade (ou numa atividade mais elevada), não tem desculpa". O sucesso e a superioridade dependem de talento + esforço.

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*Diretor Presidente da Rede de Ensino Luiz Flávio Gomes







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