Migalheiros

20/1/2010
Olavo Príncipe Credidio – OAB/SP 56.299

"Quando mando à Migalhas minhas impressões, mando-as também a muitos amigos e após mandar a um deles a mensagem sobre intentona fascista, ele perguntou-me: por que você está tão contra aos que aderiram à Revolução de 1964, e respondi-lhe: Porque foi um desastre, quer politicamente, quer quanto à educação e quer quanto à saúde. Posso, por exemplo, falar da educação, de cátedra, pois fui professor. Vi, em 1968, os militares suprimirem latim e filosofia. Por que? Obviamente eram matérias que obrigavam os alunos a pensarem. Vi Paulo EgYdio Martins enviar projetos de modificação de cargos, essencialmente político, pois quem ele colocou em cargos públicos eram cupinchas de deputados ou governadores de então, muitos sem nenhuma capacidade, só de puxa-sacos; idem o Sr. Laudo Natel que criou projeto de lei transformando cargos de professores, sem concurso, a pedido de um Deputado de então, hoje falecido, para que aquele mandasse nas Delegacias de Ensino: uma vergonha! Pessoalmente ingressei com uma representação ao então Procurador da República, que, analisando, protestou da inconstitucionalidade. O STF votou pela inconstitucionalidade dele, primeiro por 11 a zero, e depois por 9 a zero. Adiantou? Nada! O que se esperava depois que houve a queda dos militares? Que aqueles atos inválidos fossem anulados; mas não: o Judiciário passou a julgá-los como válidos e passou a julgar os novos processos como se aqueles cargos transformados ilegalmente fossem integrados legitimamente, isto é, os detentores deles fossem legitimados por concursos públicos, quando deveria propor a anulação daqueles atos ilegítimos, se quisesse sentenciar justamente. Não o fez. Bem, não é de estranhar quando o STF continuou a ser composto de cupinchas, politicamente. Quanto à educação ainda não terminei. Havia poucos colégios e poucas faculdades, então o Sr. Jarbas Passarinho aceitou a criação de dezenas, senão centenas, a maioria fábricas de diplomas. O resultado está aí: é só examinar o exame da OAB onde milhares de bacharéis são reprovados. E as demais, que formam médicos, professores, engenheiros, etc. dos quais não são exigidos exames nenhum? Procurei lecionar tão somente em colégios públicos, pois, em colégios particulares, um deles que se transformou em grande universidade, o diretor, hoje falecido, fazia junto com uma sua filha, exames de terceira época, quando eu reprovava. Diga-se de passagem, que aquele colégio hoje se transformou em grande universidade. Noutro colégio, o diretor, também falecido, colocava outro professor no exame oral, para anular minha nota, havendo de constar que o professor que ele colocava nem era de português, mas de geografia que aliás também hoje é falecido."

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