TJ/MT

2/3/2010
Ulisses de Oliveira Simões - analista jurídico da Defesa Social, Patrocínio/MG

"'Não esqueça a escova, o sabonete e o violão.' Estimado Editor, importante (pelo menos para um fã como eu, apesar dos meus vinte e poucos anos) ressaltar que, a despeito da situação no Mato Grosso, o caso seria de chamar o ladrão mesmo (porque 'a polícia tá lá fora', como diria a composição original, que na verdade é de Chico Buarque de Hollanda (Migalhas 2.335 - 1/3/10 -  "Chame ladrão, chame ladrão"). O grande Julinho da Adelaide é flamenguista, negro, e sambista de morro, ao contrário do torcedor mais fanático do Fluminense, branquelo e abastado compositor Francisco de Hollanda. O que os dois têm em comum? Aquele é pseudônimo deste que, para burlar a censura, lançou um disco só de regravações, de título 'Sinal Fechado'. Acreditou Chico que, ao buscar canções populares e de autoria de outros, a censura o deixaria em paz. Dito e feito: O censor ao ler a lista de composições, se deparou com diversos autores como Paulinho da Viola e o tal Julinho da Adelaide, e não deu lá tanta importância, deixando o disco passar. Mal sabia ele que Julinho da Adelaide foi uma artimanha do Velho Francisco para incluir nesse disco duas músicas inéditas de sua própria autoria, a saber: 'Jorge Maravilha' e 'Acorda, Amor', ambas com fortes críticas aos dias de chumbo. Com esses títulos e uma autoria fictícia (qualquer texto que remetesse à Chico Buarque já era duramente vetado), as canções e o disco passaram meio que batido pela censura, e as músicas viraram sucesso. A primeira, ao dizer que 'você não gosta de mim, mas a sua filha gosta', mensagem por muitas vezes endereçada à Geisel, e a segunda com 'chame o ladrão', no refrão que terminaria com 'que a polícia tá lá fora', mas para pegar mais leve, o autor decidiu substituir essa última frase pelo maravilhoso título dessa mensagem."

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