Artigo - Direitos do paciente com câncer

24/5/2010
Amanda de Abreu Cerqueira Carneiro - OAB/RJ 137.423

"Parabéns por abordar esse tema, dra. Renata Vilhena Silva! Sofri na pele com esse problema e ainda não tenho uma visão de cima dessa questão, em razão da perda de um ente familiar em dezembro passado (Migalhas 2.392 - 21/5/10 - "Saúde" - clique aqui). Mesmo com prescrição de médico particular e todo o acompanhamento de oncologistas do INCA (como foi o meu caso), tive uma dificuldade absurda em obter um remédio caríssimo (Xeloda - quimioterapia oral). Após uma luta de seis anos e meio, sem resultados efetivos (metástases), o médico da minha tia só viu, como saída, a prescrição desse medicamento, cuja caixa custa, nada mais, nada menos, do que R$ 2.000,00. Um tratamento de seis meses, R$ 12.000,00. Dei entrada assim que o médico prescreveu o medicamento, em março de 2010, e 'fiz das tripas coração' para ter o remédio em mãos. O remédio só foi liberado pelo SUS em julho, sendo que ela teria que ter iniciado o tratamento em abril. O resultado dessa ineficiência foi o agravamento do quadro de saúde dela, e quando o medicamento foi disponibilizado, a situação se agravou de uma tal forma que só lhe restou tomar 3 comprimidos de DiMorf (morfina), de oito em oito horas, até o falecimento. Imagina a luta de pessoas de parcas posses? A minha tia teve o acompanhamento dos melhores profissionais e teve os melhores planos. Contudo, quimioterapias e remédios são tão caros que, no ano em que veio a falecer, não restou saída senão, obter ajuda de parentes e amigos, não restando outra saída senão a de propor essa ação. Um absurdo e não desejo isso a ninguém. Portanto, doutores, cuidem da saúde de vocês, e coloquem-na em primeiro lugar sempre, porque é um sofrimento muito grande, não só para quem tem o câncer, como ainda, para quem está ali, como uma fortaleza, passando vibrações positivas. Quanto ao que a Administração Pública vem fazendo, sinceramente, eu sinto nojo e prefiro não entrar em maiores detalhes, para não ser estúpida com vocês, leitores e colegas de profissão. Essa ineficiência existe, vocês sabem muito bem, e existem recursos sim. E como existem. Contudo, não são repassados em prol de quem precisa. Abraços e parabéns!"

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