Cinema brasileiro 7/4/2005 José Renato M. de Almeida "Se você é daqueles que adora filmes como "A Firma", "O Júri", "Questão de Honra", etc., aqui vão algumas explicações do porquê no Brasil não há produção cinematográfica explorando temas judiciais (tribunal, julgamento, advogados, etc.) 1. O filme levaria 8 horas até esgotar todas as instâncias, recursos, embargos, apelações e agravos.2. Ninguém acreditaria no Tony Ramos vestido de juiz, com aquela peruca de cachinhos brancos, batendo com um martelinho na mesa e gritando: Ordem no Tribunal! Ordem no Tribunal! 3. A cada 15 minutos de filme o juiz seria promovido, entraria em recesso, sairia de férias ou desistiria da carreira, e seria substituído por outro (dessa vez o Tarcísio Meira de peruca...). 4. A cada 30 minutos o Judiciário inteiro entraria em greve, liderado pelo Lima Duarte fazendo papel de presidente de alguma Associação de Magistrados. 5. Ney Latorraca ou Marco Nanini fazendo papel de Promotor de Justiça seria algo inverossímel. 6. Regina Duarte de testemunha de homicídio dizendo "estou com medo, estou com muito medo", já não surtiria o efeito dramático exigido pelo filme. 7. Toda a discussão do processo giraria em torno da falta de uma guia de custas ou do significado de uma vírgula numa alínea de um parágrafo de um artigo do Código Penal. 8. As alegações dos advogados seriam recheadas de expressões do tipo outrossim,"data vênia", destarte, encômio, prolegômeno, nobres causídicos, insignes catecúmenos, ilustres membros desta casa do saber jurídico, etc. 9. Os juízes dormiriam ou conversariam entre si durante as sustentações orais. 10. E ao final, depois de 8 horas de palavrório inútil, o bandido seria inocentado em um Tribunal de Brasília e ainda entraria com uma ação de danos morais contra os seus acusadores. Envie sua Migalha