Artigo - As manifestações populares e a atitude do presidente do Supremo Tribunal Federal

21/8/2013
Deusdedith Carmo

"Muito bem analisado o fato. O estudo de Ortega e Y Gasset está mais atual do que nunca, mas há um ingrediente que Ortega não contava: a revolução dos meios de comunicação de massa e sobretudo suas tecnologias com o advento da internet, a rede internacional de comunicação que poderíamos chamar redinco, esquecendo esta mania de se falar mais inglês do que português (Migalhas 3.187 - 20/8/13 - "Triste exemplo" - clique aqui). O fato é que agora sim, o mundo se tronou uma aldeia global, como previu Marshall McLuhan e que estes meios são a extensão dos sentidos. O homem passa a ser um elo no complexo tecnológico. E isto nós observamos facilmente. Basta andar pelas ruas e perceber que as pessoas se tornaram escravas do celular. Do ponto do conteúdo, a verdade não está mais com o indivíduo, mas com a massa. Se deu na televisão é verdade. Isto faz com que o indivíduo perca sua individualidade, sua capacidade de pensar e discernir entre o bem e o mal. Daí a facilidade de manipular as massas. No caso dos movimentos de rua, que estão acontecendo no Brasil e no mundo, está muito claro que há uma manipulação por parte de grupos ou nações interessadas em desestabilizar um determinado país. O Estado tem o dever/poder de manter a ordem e segurança dos cidadãos, obviamente sem apelar para a violência policial. Os poderes públicos não podem entrar no jogo das manifestações de rua e é uma pena que nossa Corte, que deve ser a guardiã da Constituição e da democracia tenha-se deixado envolver por apelos midiáticos e agora das ruas para ouvir suas vozes, esquecendo seu papel no Estado, passando a fazer julgamentos açodados apenas para satisfazer os interesses da mídia e das massas que ela domina, tornando-se um órgão meramente homologador do que já decidiu a mídia e as massas. O ministro Joaquim Barbosa, encantado com o novo epíteto que ganhou de Salvador da Pátria e com a possibilidade de sair candidato a presidente, passou, propositadamente, ferir a tudo e todos para ouvir do populacho que ele é o homem que vai salvar o Brasil. Acho, portanto, que a atitude grosseira do sr. ministro Joaquim Barbosa não pura e simplesmente deselegância, mas sobretudo uma atitude deliberadamente política e nisto é que está o perigo. O sr. ministro não sabe que em política não existe o governar sozinho, a não ser que se torne um ditador à maneira já existentes no mundo? Imaginem o sr. Joaquim Barbosa presidente querendo dissolver o Congresso porque não votou um projeto de lei que queria aprovado? Será que o sr. Joaquim Barbosa imagina que poderia governar sem conceder nada para aqueles que lhe deram apoio? Nós já vimos este filme antes. Em todo caso, o sr. Joaquim Barbosa, com todo respeito que tenho para o cargo que ocupa, está demonstrando não ter capacidade para administrar o próprio STF, como quer ser presidente do Brasil?"

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