Intervencionismo

18/4/2014
Mario Lazoski

"O novo padrão de tomada brasileiro tem suas vantagens, tais como o formato tipo poço dificultando choques, furos com diâmetros específicos para 10A e 20A, forçando o uso de acordo com a corrente do aparelho, até aí tudo bem. O que ninguém está se lembrando é que essas duas melhorias podiam facilmente ser implementadas no formato anterior universal de dois pinos chatos e um redondo, o que permitiria que mantivéssemos alguma compatibilidade com os padrões internacionais de dezenas de países. Hoje em dia, somos um dos poucos países no mundo que possuem um formato exclusivo. Só existe um padrão muito parecido com o nosso que é o da Suíça, só que lá a população tem um poder aquisitivo muito maior do que o nosso, o que permite essas extravagâncias. Já li sobre a existência de pesquisas dos órgãos governamentais brasileiros sobre estatísticas de acidentes causados pelas tomadas padrão universal anteriores. Mas onde estão estas pesquisas? Se foram tão decisivas porque não estão facilmente disponíveis? Já fizeram novas análises para sabermos se tantas despesas se justificaram? Também li sobre os padrões de outros países que foram pesquisados e as desculpas absurdas para não adotá-los, tais como o dos EUA que embora de baixo custo só serviria para 110V (errado, pois também serviria facilmente para 220V), e tem caso da tomada alemã, muito melhor do que a nossa, mas não aceita por seu alto custo (outra besteira, a diferença de valor na verdade é bem pequena e aceitável). Os únicos que estão ganhando fortunas com isso são os fabricantes brasileiros, os mesmos espertalhões que investiram uma nota alta na atividade de lobistas no Congresso e no Senado para a aprovação dessa nova norma. (Deputados e Senadores agradecem pelos mimos recebidos). Não esquecendo é claro dos fabricantes chineses que proporcionam um mar de contrabando de adaptadores de péssima qualidade, inclusive alguns que invertem fase e neutro, já que no novo padrão a posição da fase é invertida em relação ao anterior modelo universal. É o clássico caso de empresários muito astutos, que criam artificialmente a demanda por uma nova necessidade de algo até então inexistente, para auferirem lucros cada vez maiores. E a população preocupada em ter o que comer, obviamente não tem tempo para prestar atenção nisso. Alguém já se deu ao trabalho de avaliar as evoluções financeiras dos fabricantes nacionais de tomadas elétricas nos últimos anos? Querem apostar quanto, que os mesmos de ricos passaram a milionários?"

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