Cotas 10/6/2014 Alexandre Goldenberg "Que país é esse (Migalhas 3.385 - 10/6/14 - "Cotas" - clique aqui)? Ontem a 'nossa' presidente sancionou um projeto de lei oriundo do 'nosso' Congresso nacional que, na minha opinião, desmerece a meritocracia e o princípio da ampla concorrência em paridade de condições para o aprimoramento da administração pública. O instrumento do - concurso público - restou desfigurado com mais um ato populista e vai na contramão da igualdade de etnias, pois como sabemos a raça é uma só - humana. Essa lei servirá, infelizmente, para discriminar a capacidade cognitiva dos afrodescendentes com a conotação explícita de inferioridade. Eles não mereciam isso! O Brasil se destaca pela sua excelência em lidar muito bem com a alta miscigenação. Eventual resgate histórico deve ocorrer na base do ensino e abranger não somente etnias, como a indígena que restou esquecida, mas foi destroçada pelos nossos colonizadores. O resgate deve abranger aos menos assistidos ofertando paridades de oportunidades! Como se sabe, os princípios basilares que norteiam a administração pública estão descritos no art. 37 da nossa Constituição. Não entendo como a OAB, MPU e outros legitimados não ingressaram com uma ação de inconstitucionalidade contra esse absurdo! Cadê a legalidade, moralidade e a eficiência que devem nortear o ingresso no serviço público? Agora teremos concurso para a Fiocruz, Ministério Público, magistratura, bolsas do CNPQ, professores em universidades Federais, etc que se submeterão a uma cota de 20%, ou seja, o dobro do que é corretamente aceito para dar acessibilidade aos portadores de deficiência (10%). Nossos pesquisadores, promotores, magistrados, professores, etc., estarão, a partir de agora, desprovidos da legitimidade da meritocracia de ter passado em concurso público. Os nossos queridos irmãos negros ficaram com a pecha de que passaram por conta da 'quota', também não serão reconhecidos pelos seus próprios méritos. O resumo da ópera é que essa temerosa lei veio para acabar com a meritocracia de todos os grupos étnicos, em especial a dos afrodescendentes. Lamentável! O engraçado disso tudo, pois humor é indispensável, é que estamos nos despedindo de um presidente do STF, negro, filho de mãe lavadeira, que estudou em escola pública e ingressou na UnB, formou-se em Direito, fez mestrado na renomada UnB, foi aprovado no concurso do MRE, trabalhou em vários países, fala vários idiomas, fez doutorado em Paris e antes de ser alçado a ministro da mais alta Corte de Justiça do Brasil passou no concurso tido como um dos mais difíceis do Brasil, qual seja, de ingresso no Ministério Público Federal. Gostem ou não do Joaquim, ele é a prova viva de que tem muita coisa errada ou, talvez, o errado seja eu?" Envie sua Migalha