STF

12/9/2014
Pedro Luís de Campos Vergueiro

"Martin Luther King Junior, com muita felicidade para seus nobres objetivos, como porta-voz dos negros norte-americanos, disse 'Eu tenho um sonho...'. Com razão, pois, dada a condição horripilante dos negros em seu país, não poderia desejar outra coisa senão todos os direitos da cidadania que decorrem da igualdade de direitos. Mas, depois, alguns anos depois, sofreu um atentado fatal. Agora, vem o nosso magistrado Ricardo Lewandowski, no momento em que lhe foi outorgada a presidência do Supremo Tribunal Federal, plagiar a frase, dizendo: 'Nós também temos um sonho'. O singelo e modesto 'eu' foi sucedido pelo majestático 'nós'. Pretensioso o nosso atual ministro presidente, além de nada criativo, pois outra cópia recente partiu daquele que não merece ter citado o nome e que foi condenado por corrupção, inclusive com voto do próprio 'nós'. Quanto ao conteúdo onírico, nada a ver com o do King. Não tem ele nada de majestático, visto que esse atual sonho presidencial é querer dar ao Supremo Tribunal Federal aquilo que, como tal, sempre teve e desfrutou: o respeito e um destacado espaço na vida da sociedade brasileira, lugar esse assentado pelos proeminentes juristas que nele exerceram o mister da judicatura, dentre os quais, por suas qualidades intelectuais, destacam-se os ministros Nelson Hungria, Victor Leal, Aliomar Baleeiro, Amaral Santos, Alfredo Buzaid, Sydney Sanches, Paulo Brossard, Francisco Rezek e muitos outros. Com sobranceiro relevo, destaca-se o último que se aposentou, o ministro Joaquim Barbosa, o qual com sua força intelectual, com sua firmeza nas atitudes, dignidade e fidalguia, só engrandeceu o prestígio do Tribunal perante os cidadãos brasileiros. Sob a nova direção, o que não se espera é que o tal de 'sonho' almejado pelo ministro Lewandowski não se constitua num amargo pesadelo para este país."

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